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OPINIÃO

Dia Nacional de Combate ao Bullying

Márcia Carvalho Especial para Opiniãopública

No ano de 2013, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara Federal aprovou proposta que institui o dia 7 de abril como Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A medida está prevista no Projeto de Lei 3015/11. A data foi escolhida de acordo com o conhecido Massacre de Realengo no dia 7 de abril de 2011.
Esta proposta, aprovada há dois anos, exige das escolas, universidades e outras instituições um novo olhar sobre a prática pedagógica que trate com prioridade das causas e das formas de combate ao bullying e a violência na escola.
Pesquisa feita em Portugal com 7 mil alunos constatou que um em cada cinco alunos já foi vítima desse tipo de agressão, em pátios de recreio ou nos corredores. Na Espanha, o nível de incidência de bullying já chega a 20% entre os alunos. A Grã-Bretanha também está apreensiva com a maior incidência de ocorrências que atingem 37% dos alunos que admitiram sofrer bullying pelo menos uma vez por semana. Nos Estados Unidos, onde o fenômeno de violência foge do controle, estima-se que até 35% das crianças em idade escolar estão envolvidas em alguma forma de agressão e de violência na escola. No Brasil, uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou Brasília como a capital do bullying. Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram serem vítimas constantes da agressão. Belo horizonte, em segundo lugar com 35,3% e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2%. Isto mostra que o número de agressões e atos de discriminação e humilhação em ambiente escolar em todo o mundo, infelizmente, continua a crescer.
O bullying é uma palavra de origem inglesa que significa tiranizar, ameaçar, oprimir, amedrontar e intimidar. É um termo utilizado para descrever atos de violência física ou moral, intencionais e repetidos, praticados por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, sendo executada dentro de uma relação desigual de poder, prática esta que, infelizmente, se tornou comum entre crianças e adolescentes de diversas camadas sociais.
O bullying caracteriza-se por formas de violência sutis e veladas, mas, nem por isso, menos importantes e funestas. Configura-se como uma ameaça aos potenciais transformadores da educação, uma vez que causa graves danos ao desenvolvimento psicológico, social e cognitivo do educando, provocando nas vítimas, um sentimento de isolamento. Há ainda, outros efeitos como a redução do rendimento escolar, o desinteresse pelo conhecimento, a perda da autoestima e atos de violência contra si e terceiros.
O modo como o bullying tem se manifestado na ambiência escolar pode contribuir para que pessoas agredidas não atinjam plenamente o seu desenvolvimento educacional, o que constitui impedimento para que a escola desempenhe seu papel social com amplitude. As atitudes típicas desse fenômeno provocam fissuras que podem durar para a vida toda. Criar um estigma ou um rótulo sobre as pessoas, pré-conceituá-las, é praticar o bullying. Além de ser uma agressão moral, é uma atitude de humilhação que pode deixar sequelas emocionais à vítima.
Nesse momento, em que a violência ronda os ambientes que, em princípio, deveriam promover o desenvolvimento humano pleno, é urgente a instituição de programas de combate ao bullying nas unidades educacionais, visando o desenvolvimento de ações de solidariedade e de resgate de valores de cidadania, tolerância, respeito mútuo entre educandos e docentes. Assim, será possível estimular e valorizar as individualidades, potencializando as diferenças e canalizando-as para a melhoria da autoestima do estudante.
Há que se envidarem esforços para lidar com as situações conflitivas do bullying valendo-se de um elenco de procedimentos formais e informais, modelados diferentemente, de acordo com as características de cada projeto pedagógico e com a realidade da comunidade onde a unidade escolar se insere.
Combater os episódios de bullying requer a superação de posicionamentos pautados na apatia, no tédio, no ressentimento, na alienação, na atitude destrutiva e nas agressões físicas. Não há possibilidades de vencer os cruéis processos que essa lógica institui no ambiente escolar, sem lidar com a principal arma humanizadora que a educação empunha: o acesso ao conhecimento como direito de todos!

(Márcia Carvalho, pedagoga, psicopedagoga, mestra em Sociedade, Políticas Públicas e Meio Ambiente, diretora Secretária da Fundação Ulysses Guimarães)

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