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OPINIÃO

Primeiras lideranças das políticas educacionais goianas

Bento Fleury ,Especial para Opinião Pública

A Educação goiana, a partir da Proclamação da República em 1889, esteve atrelada a diferentes outras secretarias de governo. Primeiramente denominada como “Secretaria de Instrucção, Terras e Obras Públicas”, depois “Instrucção e Terras”, mais tarde, “Educação e Saúde”, em seguida “Educação, Cultura e Desporto”, logo mais, “Educação e Cultura”, ainda somente “Secretaria da Educação” e, agora, novamente, “Secretaria da Educação Cultura e Desporto”.

Em cada denominação, diferentes lideranças estiveram a ela arraigadas, com ênfase aos primeiros, de 1889 a 1930, composto somente de homens; muitos deles, com diversos outros cargos. Não havia status de Secretaria; apenas atribuições que eram conferidas nesse importante setor. Vale ressaltar que a maioria era composta por doutos homens de notório saber. O primeiro, a título temporário, como auxílio inicial, por sua primorosa inteligência, Joaquim Xavier Guimarães Natal, que ficou de 1889 a1890.

Joaquim Xavier Guimarães Natal (Cidade de Goiás – 1860 – Rio de Janeiro - 1933). Filho de Luiz Pedro Xavier Guimarães e Leonor Gertrudes Fialho Guimarães. Estudos iniciais no Lyceu goiano e superior na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Promotor Público em Goiás. Curador de órfãos da Cidade de Goiás. Membro da Junta Governativa Republicana, de 1° de dezembro de 1889 a março de 1890; quando desempenhou a função de Secretário ad hoc de Instrução, Indústria, Terras e Obras Públicas, iniciando os primeiros trabalhos na área educacional no período Republicano. Juiz de Direito em Itaberaí, vice-governador do Estado de 1890 a 1891. Em 1905, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, procurador Geral da República até 1910. Presidente do Montepio de Economia dos Servidores do Estado de Goiás. Aposentou-se em 1927. Foi casado com Ângela de Bulhões Natal, com descendência. Foi e continua sendo um dos mais ilustres nomes de nossa história. Foi biografado por sua filha Eurydice Natal e Silva. É avô do inesquecível dr. Colemar Natal e Silva.

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Depois, seguiu-se de Antonio Cupertino Xavier de Barros, que ficou de 1891 a 1894.

Antonio Cupertino Xavier de Barros (Cidade de Goiás – 1865 – Cidade de Goiás 1933). Filho de Pacífico Antonio Xavier de Barros e Maria da Paixão Soledade Silva Barros. Fez todos os seus estudos na velha capital goiana. Iniciou sua vida profissional como comerciante. Foi eleito deputado estadual Constituinte Estadual, 1891. Secretário de Instrucção, Indústria, Terras e Obras Públicas, de 1891 a 1894. Deputado estadual, 1ª Legislatura (1892-1894); deputado estadual, 2ª Legislatura (1895-1898); deputado estadual, 3ª Legislatura (1898-1900); compôs a Mesa Diretora: 3º Secretaria. Senador estadual, 4ª Legislatura (1901-1904); compôs a Mesa Diretora: 1ª Secretaria, 1901/02. Renuncia em setembro de 1902; Secretário de Estado do Interior e Justiça (Gov. Xavier de Almeida), setembro de 1902 a fevereiro de 1904, quando solicita exoneração quando Xavier de Almeida rompe com Leopoldo de Bulhões. Conselho Municipal (vereador), município da Capital, 1899. Delegado fiscal (Federal), 1909. Contador, Delegacia Fiscal, 1924/25. Foi casado com Maria Gomes da Silva Barros (Sinhá Cupertino), com descendência. Foi ele um dos pioneiros da Doutrina Espírita em Goiás. Inesquecível e inigualável nome de nossa história.

Em seguida, José Xavier de Almeida, que ficou no cargo de 1895 a 1896.

José Xavier de Almeida (Cidade de Goiás – 1871 – Morrinhos – Goiás – 1956). Filho de Francisco Xavier de Almeida e Luíza Isolina da Silva Almeida. Curso inicial e secundário no Lyceu de Goiás, superior na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo. Advogado em São Paulo. Secretário de Instrucção, Indústria, Terras e Obras Públicas de 1895 a 1898. Deputado federal de 1898 a 1901. Presidente do Estado de Goiás de 1901 a 1909. Instalou a Faculdade de Direito de Goiás em 1903. Redator do Jornal Goyaz, na velha capital. Foi casado com Amélia Augusta de Moraes Almeida, com descendentes. Também um digno goiano.

Foi sucedido por Bernardo Antonio de Faria Albernaz, que ficou no cargo de 1896 a 1899.

Bernardo Antonio de Faria Albernaz (Jaraguá-Go 1847 – Cidade de Goiás-Go – 1922). Filho de Antonio Inácio Silva e Tereza de Jesus Albernaz. Fez seus estudos no Lyceu da Cidade de Goiás. Iniciou carreira no comércio e depois passou à vida política, ainda no Império. Vice-governador de Goiás no início da República, no ano de 1891. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas de 1896 a 1899. Secretário de Interior e Justiça de 1900 a 1901. Diretor do Lyceu de Goiás. Deputado federal. Intendente Municipal de Goiás. Membro da Constituinte goiana de 1891 e deputado estadual. Casado em primeiras núpcias com Francisca Augusta de Assis. Enviuvando-se, contraiu segundo matrimônio com Lydia de Albuquerque e Mello. Enviuvando-se pela segunda vez, contraiu terceiras núpcias com Maria Marques Fogaça, com sucessão.

Depois, ocupou o cargo o magistrado Antonio Perillo, que ficou de 1900 a 1902.

Antonio Perillo (Cidade de Goiás – 1874- Goiânia – 1944). Era filho de Francisco Perillo e Emília Félix Leão Perillo. Estudou no Seminário Diocesano de Uberaba e em São Paulo. Fez o curso de Direito na Faculdade de Direito de Goiás. Foi diretor do jornal A imprensa. Promotor público. Professor de História do Lyceu de Goiás. Secretário de Instrução, Terras e Obras Públicas de 1900 a 1902. Juiz de Direito da Comarca de Rio das Pedras (Itaberaí). Procurador geral do Estado. Chefe de Polícia da Cidade de Goiás. Desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás. Foi casado com Maria Augusta de Carvalho, com descendentes. Foi pai da notável escritora Nair Perillo Richter.

Assumiu, logo em seguida, o poeta Joaquim Bonifácio Gomes de Siqueira, que ficou de 1903 a 1904.

Joaquim Bonifácio Gomes de Siqueira (Cidade de Goiás, 1883 - Silvânia- 1923). Filho de João Bonifácio Gomes de Siqueira e Luiza Maria Rodrigues de Moraes. Fez seus estudos na antiga capital goiana. Exerceu o cargo de Fiscal da Coletoria Federal, com viagens pelo interior. Foi cognominado Casimiro de Abreu goiano, pelo fato de ter cantado com admirável beleza e comovente sentimentalismo as maravilhas de sua terra. Seu primeiro livro Alvoradas, 1902, recebeu duras críticas de Duque D’Estrada, passando, então, um grande período sem contato com as musas. Em 1913, publicou outro livro de poesias, Alguns Versos. Editou diversos jornais como a Folha de Goiás, juntamente com o então deputado estadual e jornalista Honestino Guimarães, na Cidade de Goiás. A Capital, que tinha a colaboração de Rodolfo da Silva Marques e Luiz do Couto. Fundou e dirigiu o jornal Nova Era e Jornal de Goiás. Foi professor municipal e secretário do Conselho na cidade de Anápolis. Exerceu o cargo de oficial da Secretaria de Interior e Justiça do Estado, e trabalhou por um período curto na Secretaria de Instrução. Nomeado delegado fiscal do Tesouro Nacional, exercendo o cargo até sua morte repentina, na cidade de Silvânia. Foi um homem inigualável.

De 1904 a 1907 esteve frente a este trabalho dr. João Alves de Castro.

João Alves de Castro (Cidade de Goiás – 1868 – Cidade de Goiás – 1926). Filho de Manoel Alves de Castro e Maria José Leite de Castro. Fez seus estudos iniciais na velha capital goiana. Destacou-se na atividade pública e na política. No governo de José Xavier de Almeida ocupou a pasta da Secretaria de Instrucção, Terras e obras públicas de 1904 a 1907. Mais tarde, ainda na República Velha, sob dominação caiadista, assumiu o Governo de Goiás de 1917 a 1918 e depois de 1919 a 1921, quando deu impulso ao ensino. Casado e com sucessão. A ele muito deve a educação de Goiás.

Na sequência, assumiu seu irmão, Joviano Alves de Castro, de 1908 a 1909:

Joviano Alves de Castro (Cidade de Goiás – 1882 – Cidade de Goiás – 1930). Filho de Manoel Alves de Castro e Maria José Leite de Castro. Fez seus estudos no Lyceu de Goiás e depois Medicina na Faculdade da Praia Vermelha no Rio de Janeiro. Foi deputado de 1905 a 1907, Secretário de Instrucção e Obras Públicas de 1908 a 1909. Senador estadual de 1917 a 1921. Secretário de Interior e Justiça, de 1921 a 1925. Foi casado com Tarsila Caiado de Castro, com sucessão. É pai da notável escritora Genezy de Castro e Silva, cronista pioneira em Goiás.

Sucedeu esse trabalho, o admirável intelectual Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, de 1910 a 1912.

Francisco Ferreira dos Santos Azevedo (Cidade de Goiás – 1875 – Cidade de Goiás – 1942). Filho de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo e de Rita Brandão Ferreira. Estudos no Liceu de Goyaz. Assentou praça com destino à Escola Militar, abandonando-a, logo em seguida, e nomeado praticante dos Correios e Telégrafos de Goiás. Mais tarde, ocupa a Repartição dos Correios e Telégrafos de São Paulo. Em Ouro Preto, fez curso de agrimensor na Escola de Minas Gerais. Professor do Lyceu de Goiás. Professor do Colégio Santana da Cidade de Goiás. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas. Deputado estadual. Obras: As datas do descobrimento da América e do Brasil, segundo o calendário gregoriano, em 1897; Anuário Histórico, Geográfico e discritivo do Estado de Goiás, em 1910; Páginas Áridas, em 1913; Considerações gerais sobre as quantidades negativas, em 1919; Dicionário histórico, geográfico e etnológico do Brasil, em 1921; Dicionário analógico da língua portuguesa. Casado com Virgínia Carvalho, com sucessão.

Há exatos cem anos estava nessa função o médico Jerônimo Rodrigues de Souza Moraes, que ficou de 1912 a 1915.

Jerônimo Rodrigues de Souza Moraes (Cidade de Goiás – 1860 – Rio de Janeiro – 1949. Filho de Benedito Rodrigues de Moraes e Maria de Souza Moraes. Estudos no Lyceu de Goiás e Medicina na Faculdade da Praia Vermelha no Rio de Janeiro. Deputado Constituinte de 1891. Deputado estadual de 1892 a 1900. Senador Estadual de 1901 a 1904. Intendente Municipal da Cidade de Goiás em 1911. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas, de 1912 a 1915. Filiado ao Partido Republicano de Goiás. Foi casado com Ana Trindade Moraes, sem sucessão.

Assumiu a pasta em 1916 o médico Agenor Alves de Castro e ficou até 1921; o que permaneceu mais tempo no referido cargo.

Agenor Alves de Castro (Cidade de Goiás – 1891 – Cidade de Goiás – 1942). Filho de Manuel Alves de Castro e Maria José Leite de Castro. Fez seus estudos no Lyceu de Goiás e depois na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Formou também em Direito. Médico e advogado. Fazendeiro e político. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas de 1916 a 1921. Prefeito municipal da Cidade de Goiás em 1924. Constituinte Estadual em 1935. Deputado estadual de 1935 a 1937. Filiado ao Partido Democrata. Diretor do Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara. Diretor da Faculdade de Direito de Goiás. Foi casado com Colombina Caiado de Castro, com sucessão.

De 1921 a 1922 assumiu a função o também Arnulpho Ramos Caiado, que ficou até 1922.

Arnulpho Ramos Caiado (Cidade de Goiás -1883 – Cidade de Goiás – 1966). Filho de Torquato Ramos Caiado e Claudina Fagundes Caiado. Estudos iniciais e secundários na Cidade de Goiás. Deputado estadual de 1909 a 1912. Deputado estadual 1913 a 1922 (três mandatos). Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas de 1921 a 1922. Intendente Municipal da Cidade de Goiás, de 1927 a 1930. Fiscal do Governo junto ao Colégio Santana da Cidade de Goiás. Chefe de polícia da Cidade de Goiás. Casado com Guiomar Albernaz Caiado, com sucessão.

Assumiu em seguida o também médico Lincohn Caiado de Castro, que ficou de 1922 a 1924.

Lincoln Caiado de Castro nasceu na Cidade de Goiás onde também faleceu. Foi fazendeiro e político. Prefeito da Cidade de Goiás; construiu o coreto do Largo do Jardim baseado no Petit Trianon da Suiça. Deputado estadual. Deputado Federal por Goiás nos anos de 1920. Foi Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas de 1922 a 1924. Foi casado com Comary Caiado de Castro, filha de Antonio Ramos Caiado e Iracema de Carvalho Caiado, com sucessão.

Seguiu-se o também médico dr. Brasil Ramos Caiado, que ficou de 1924 a 1926.

Brasil Ramos Caiado (Cidade de Goiás – 1891 – Cidade de Goiás – 1958). Filho de Torquato Ramos Caiado e Claudina Fagundes Caiado. Estudos no Lyceu de Goiás e Medicina no Rio de Janeiro. Fazendeiro e político. Prefeito da Cidade de Goiás. Médico atuante junto à população vilaboense. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas, de 1924 a 1926. Foi, também, presidente do Estado de Goiás e Senador da República. Professor da Faculdade de Pharmácia e Odontologia de Goiás, nos anos de 1920. Foi casado com Noêmia Caiado. Com sucessão.

Seguiu-se de César da Cunha Bastos, de 1926 a 1928.

César da Cunha Bastos (Cidade de Goiás – 1898 – Rio Verde - 1992). Filho de Luís da Cunha Bastos e Ana Abreu Bastos. Fazendeiro e político.  Prefeito municipal da Cidade de Goiás. Secretário de Instrucção e Obras Públicas de 1926 a 1928. Professor. É nome de uma escola municipal no Setor Solange Park em Goiânia e, também, Escola Estadual em Rio Verde. Fez seus primeiros estudos em Rio Verde e depois no Rio de Janeiro na Faculdade de Direito. Promotor de Justiça em Rio Verde. Deputado Federal em 1929. Em Mato Grosso foi advogado militante. Secretário da Fazenda no governo de Jerônimo Coimbra Bueno. Presidente da Fesurv. Hoje nomeia uma Comenda da Câmara Municipal de Rio Verde. Foi casado com Augusta de Bastos, com sucessão.

O último, ainda na República Velha, de 1929 a 1930, foi José Gumercindo Marquez Otero, que, após a Revolução de 1930, esteve também diante do mesmo cargo por sua reconhecida competência.

José Gumercindo Marquez Otéro (Uberaba-MG 1893 – São Paulo-SP – 1971). Filho de José Otéro Fernandes e Maria Marquez. Estudos iniciais em Morrinhos, por força do segundo casamento de sua mãe com o deputado Alfredo Lopes de Moraes. Depois fez os estudos no Ginásio Nogueira da Gama em Jacareí, Estado de São Paulo. Em 1918 colou grau em Medicina na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Exerceu a Medicina em Morrinhos e região. Secretário de Instrucção, Terras e Obras Públicas na antiga capital goiana, nos estertores do caiadismo, no governo de seu padrasto Alfredo Lopes de Moraes. Em Morrinhos, volta a exercer a Medicina e o magistério, na Escola Normal Dr. Hermenegildo de Moraes, nos anos de 1930. Em 1946, assume novamente a pasta da Secretaria de Educação e Saúde no governo do dr. Eládio de Amorim. Deputado estadual pela UDN. Presidente de Honra da Arena de Morrinhos. Foi casado com Maria Aparecida Godoy Otéro, filha do Coronel Bento de Godoy, de Caldas Novas, com sucessão.

Assim foram esses primeiros homens que, direta ou indiretamente, definiram os primeiros passos da educação na República em Goiás para que, hoje estivéssemos onde estamos. A eles nossa reverência e respeito, marcadas por uma profunda gratidão.

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(Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, graduado em Literatura e Linguística pela UFG, especialista em Literatura Comparada pela UFG, mestre em Literatura pela UFG, mestre em Geografia pela UFG, doutorando em Geografia pela UFG, professor e poeta - [email protected])

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