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OPINIÃO

Uma análise sistemática e psicológica sobre a tríade: religião, ciência e espiritualidade!

A Ciência e a Religião são construções humanas, que variam com o tempo e acordo com os interesses pessoais, de pequenos e/ou grandes grupos. Dentro de qualquer religião há uma variedade de posicionamentos, ramificações, segundo as diversas interpretações que fazem das escrituras que consideram sagradas, inspiradas por deus ou deuses, e geralmente tidas como revelações diretas deste(s) ao homem. Como nos sugere o Pai da Psicanálise: “Religião é uma neurose coletiva”, entretanto, não podemos negar que é através da ou das religiões que o homem encontra um pouco de paz e de esperança em sua vida cotidiana e futura, mesmo com os dissabores que são pregados pelos dirigentes das diversas religiões. Há uma multiplicidade muito grande de pareceres teológicos dentro de cada religião, acompanhando assim a variedade de formas com que o ser humano vê as questões que envolvem os deuses e o homem. Assim também na Ciência, há diversas visões sobre sua epistemologia, ou seja, há concepções distintas sobre como o conhecimento científico é gerado e sobre a natureza e autoridade da Ciência. Alguns cientistas entendem a Ciência como instrumento para se chegar numa Verdade Absoluta. Outros a vê, limitada e restrita às limitações racionais e experimentais humanas, a meu ver esses estão mais conscientes da realidade do homem em relação à Ciência. Alguns creem que é possível verificar algo, outros entendem que só é possível excluir possibilidades e outros acham que as infinidades de possibilidades e conjecturas da mente, as formas de pensar humanas não esgotam todas as variáveis do problema, que os experimentos criados são limitados pelas pré-suposições de como é a natureza e que as próprias percepções, medições e sensibilidade aos fatos são limitados e não se pode chegar a uma conclusão absoluta de nada. Assim, há uma grande variedade de concepções epistemológicas da Ciência e da Religião (de como os conhecimentos religiosos e científicos são adquiridos) e das relações entre a Ciência e a Religião (historicamente e na atualidade).

A relação entre Ciência e Religião muda ao longo da história e envolvem uma gama muito grande e complexa de aspectos, como políticos, sociais, econômicos e aqueles que envolvem as relações de autoridade e poder, visões epistemológicas das épocas, forma das práticas científicas em cada época, relação ciência e sociedade, choques entre culturas distintas, etc.

É inerente ao ser humano a busca de compreender o que se costuma classificar como ‘sobrenatural’ (e assim entender sua origem e propósito, não obstante em senso comum a ele conectado); e também de conhecer a natureza, bem como conviver nela e com ela; entre outros para dela extrair seu sustento e provisão de forma sustentável. O ser humano tem seus pareceres sobre ambos, sobre deus ou deuses e sobre a natureza; pois é um ser integral, um ser uno que pensa sobre sua origem e fim e que está inserido na natureza. Ele leva consigo sua visão de mundo e de si mesmo em todas as atividades nas quais se envolve. Suas hipóteses e maneiras de pesquisar sofrem influências de sua maneira de pensar sobre o mundo e a partir de si mesmo, ou seja, sua subjetividade está presente consigo em todas as atividades que realiza. As evidências da presença dessas subjetividades no processo de se fazer ciência tem sido relatada por diversos estudiosos da história e filosofia da ciência como Karl Popper, Thomas Kuhn, Gaston Bachelard, Imre Lakatos, Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, dentre outros.

Como “cientista” da alma humana tenho percebido e observado que esse campo (alma) mais do que qualquer outro continua sendo ignorado por muitos profissionais da Ciência Médica, quando sugere que a medicina só pode buscar naquilo que é provado com a ajuda da Ciência, porém, esquecem que a ciência nada mais é do que um conjunto de experimentos por um número de pessoas que buscam, na maioria das vezes, o mesmo fim: “enriquecimento e poder”, enquanto pessoas morrem por doenças pela própria “ignorância” de homens que se dizem e pensam sábios.

A vida humana precisa urgente retomar sua importância e prioridade sobre todas as coisas sejam elas vista pela religião ou ciência.

Claro está que é através de toda experimentação e observação criteriosa é que podemos buscar algum conhecimento capaz de melhorar a vida humana no orbe terrestre.

Podemos também dizer que tanto a Ciência quanto a Religião podem ser e são manipuladas ao bel prazer pela ganância do homem e de acordo com as conveniências do momento. Ambas deixaram o seu verdadeiro sentido, pois enquanto a Ciência deveria se ocupar em descobrir ‘meios’ para ajudar o homem a compreender melhor o seu habitat e a si mesmo e a Religião deveria se ocupar melhorar sua relação do homem consigo mesmo e com o Criador; ambas têm melhor se ocupado em buscar enriquecimento e poder, continua manipulando aos que acreditam cegamente na ciência de alguns homens que se dizem cientistas e nos dirigentes de algumas religiões que se intitulam ‘representantes” do Criador na terra. Nem mesmo Jesus se dizia Representante do Criador; mas sempre afirmou ser Filho ao dizer: “Faço a vontade de Meu Pai que está no Céu”.

Tanto a Ciência quanto a ou as religiões vem tentando provar a extinção da raça humana e da biosfera e da ameaça do nosso futuro, principalmente quando se refere a um deus vingador e cheio de ódio por aqueles que não acreditam na ciência e religião dos homens.

Por outro lado Espiritualidade é o que poderíamos chamar de algo inerente ao homem, independentemente de sua crença religiosa ou científica, mas que vem trazer uma esperança para o ser humano enquanto projeto infinito.

A Espiritualidade se faz urgente nos tempos de tantos conflitos que mergulhou o homem atual num mundo dirigido por alguns que dirigem o resto da humanidade.

A Espiritualidade se faz presente nas religiões onde é realmente o seu lugar natural, mas também entre grandes cientistas e também por alguns empresários; por mais incrível que nos pareça; mas que creem na espiritualidade individual e coletiva que torna o homem um ser ‘divino” e infinito.

Mas o que é Espiritualidade? Certa vez perguntaram a Dai Lai Lama o que é Espiritualidade? Ele assim respondeu: “Espiritualidade é tudo aquilo que produz no ser humano uma mudança interior”. Mas se eu praticar a religião, a ciência e observar as tradições, tudo isso não é Espiritualidade? Isso pode ser Espiritualidade; mas se isso não provocar nenhuma mudança ou transformação no ser humano, deixa de ser Espiritualidade. Pois um cobertor que deixa de aquecer; deixa de ser um cobertor, porque perde o seu verdade objetivo: aquecer aquele que precisa ser aquecido.

Vejamos, por exemplo, quando buscamos compreender as doenças da alma, tais como: depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar do humor, vícios, etc.; mas se não compreendermos também pelo ângulo da Espiritualidade e junto a ela buscarmos ajuda, pouco podemos fazer por aqueles sofrem desses males.

Quando a Religião não transformar o homem em seu interior, ela deixa de ser Espiritualidade e volta a ser Religião, que pode ser usada, manipulada, pode sair na mídia, podemos fazer negócios, armar exércitos, influenciar e convencer pessoas para certas causas, pode ser o ópio do povo e apenas com a religião sem espiritualidade podemos pecar o tempo todo, talvez é o que mais faz muitas religiões falar do Nome de Deus em vão. “A melhor Religião é aquela que te faz melhor” – Dai Lai Lama.

Finalmente, agradeçamos pela Ciência que através dos remédios alivia a dor e diminui os sintomas de nossos sofrimentos físicos, mesmo que não cure a doença que está na alma; agradeçamos as religiões que é edifícios de amor que ajuda o homem ter esperança e lhe promete uma vida melhor; mas não podemos deixar de agradecer e glorificar a compreensão da Espiritualidade que deu e dá ao homem a oportunidade de construir através da Ciência e da Religião um caminho para se compreender e interagir junto a sua Espiritualidade interior que comunga com o universo exterior.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico, especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo, escritor e palestrante. E-mails: [email protected]  e/[email protected])

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