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OPINIÃO

Educar para a solidariedade

Na manhã do dia 24 de janeiro de 2016, domingo, diante de uma multidão de fieis presentes na Praça do Vaticano, o atual líder da Igreja Católica partilhou um verdadeiro presente com todos os presentes: “Ser cristão e ser missionário é a mesma coisa. Anunciar o Evangelho com a Palavra e, primeiramente, com a vida, é a finalidade principal da comunidade cristã e de todos os seus membros”. E continuou com fervor: “Observa-se que Jesus dirige a Boa Nova a todos, sem excluir ninguém, aliás, privilegia os que estão distantes, os sofredores, os doentes, os descartados pela sociedade”.

Tais afirmações do Papa de nome Francisco (assim chamado para se assemelhar ao outro Francisco, o de Assis) veio perfeitamente ao encontro do término de uma importante atividade promovida pela Instituição Marista nesse primeiro mês do ano: a Missão Solidária Marista (MSM). Existente desde 1985, a MSM tem por objetivo a educação para a solidariedade, na perspectiva do aprendizado recíproco e dialógico, por meio da imersão em realidades sociais desafiadoras, sobretudo de vulnerabilidade social. Participam jovens Maristas a partir de 16 anos e pertencentes a diversas realidades (alunos e ex-alunos de colégios particulares, unidades sociais e universidade).

Neste ano a MSM aconteceu simultaneamente em quatro localidades: Caçador (SC), Curitiba – Bairro Fazendinha (PR), Paiçandu (PR) e São Paulo - Itaquera (SP). Ao todo, estima-se a participação de aproximadamente 450 pessoas, dentre jovens, colaboradores e Irmãos Maristas. Ademais (e de difícil mensuração), houve também a presença mais que significativa dos moradores e familiares das regiões escolhidas para a missão, uma vez que ela nada mais é que uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que almeja estimular o olhar crítico e a espiritualidade sociotransformadora dos jovens participantes, a missão também busca provocar o sentimento de união da comunidade, para que deem continuidade às ações realizadas e busquem lutar pela garantia de seus direitos junto ao poder público.

E por falar em ações, elas são estabelecidas anteriormente, mediante diálogo entre equipe de coordenação e líderes comunitários, a fim de que façam sentido às pessoas que ali vivem. De maneira geral, as atividades de uma MSM são: visitas missionárias às casas dos moradores do bairros, a fim de missionários e familiares partilharem a vida; oficinas socioeducativas com crianças, adolescentes e jovens; revitalização de algum espaço comunitário, como forma de retribuição à comunidade por acolherem a MSM; além de momentos de espiritualidade e de formação, com o enfoque na discussão referente a análise de conjuntura, políticas públicas e sistema de garantia de direitos. Todas as ações alinhadas ao que foi solicitado pelo próprio Papa Francisco: “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG, 20).

O grande desejo do Grupo Marista com a promoção de uma atividade como essa é a de que esse participante, ao retornar a sua realidade, incorpore cada vez mais a solidariedade em seu cotidiano: seja por meio de mudanças de comportamento; no refletir do projeto de vida; na capacitação de um profissional humanizado; no engajamento em organizações não governamentais; no envolvimento com movimentos sociais ou, até mesmo, em outros projetos de voluntariado espalhados pelo mundo. Espera-se também a reflexão crítica que o permita indagar-se sobre alguns porquês, como, por exemplo, dos mecanismos existentes que geram pobreza ou desigualdade. E de como combatê-los. Ou, ainda, a principal de todas as indagações: “até quando necessitaremos de projetos para tornarmos a solidariedade algo comum em nossa realidade? Será que um dia a solidariedade será tão encarnada que nem mesmo a pobreza existirá?”. Resta acompanhar essa importante educação para a solidariedade!

(Diogo Luiz Santana Galline, pastoralista do Setor de Pastoral do Grupo Marista)

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