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OPINIÃO

Alimentação é a base da vida

O desconhecimento dos princípios nutritivos do alimento, bem como o seu não aproveitamento, ocasiona o desperdício de toneladas de recursos alimentares. O desperdício é um sério problema a ser resolvido na produção e distribuição de alimentos, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O crescimento da população mundial, mesmo que amparado pelos rápidos avanços da tecnologia, nos faz crer que o desperdício de alimentos é uma atitude injustificável. Por isso, não podemos mais desperdiçar.

Antigamente, as pessoas tinham uma relação natural com o ambiente. A maioria vivia no campo, conhecia as plantas venenosas, criava pequenos animais e plantava verduras, frutas, arroz, feijão, milho e mandioca. O contato com os alimentos permitia o seu melhor aproveitamento e as informações passavam de geração em geração.

A promoção da alimentação integral começa diante das dificuldades econômicas pelas quais passa o país. Torna-se cada vez mais difícil adquirir alimentos adequados ao consumo do dia a dia, razão pela qual alimentação equilibrada é atualmente uma das maiores preocupações do nosso cotidiano. Dessa forma, devemos aproveitar tudo que o alimento pode nos oferecer como fonte de nutrientes.

A alimentação integral possui como princípio básico a diversidade de alimentos e a complementação de refeições, com o objetivo de reduzir custo, proporcionar preparo rápido e oferecer paladar regionalizado.

Estudos mostram que o homem necessita de uma alimentação sadia, rica em nutrientes, que pode ser alcançada com partes dos alimentos que normalmente são desprezadas como cascas, talos e sementes. As perdas não ocorrem somente em plantações, transporte e armazenamento inadequado, mas também no preparo incorreto dos alimentos.

Em um levantamento de 2014, o Banco Mundial estimou que, anualmente, de um terço a um quarto dos alimentos produzidos para o consumo humano é perdido ou desperdiçado. Na América Latina, cerca de 15% dos alimentos disponíveis entram na mesma categoria. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que o consumo humano é o segmento em que há mais desperdício, representando 28% do total.

Segundo a FAO, a comida desperdiçada no varejo, que representa 17% do total perdido, poderia satisfazer as necessidades alimentícias de mais de 30 milhões de pessoas que vivem na região, o equivalente a 65% dos indivíduos que sofrem fome. Há diversas práticas para diminuir esse desperdício.

Reduzir o descarte de comida depende das mudanças de hábitos nos lares. “Jogar alimentos fora é um hábito tradicional da população brasileira que normalmente não utiliza as partes não convencionais que podem ser aproveitadas para preparar pratos saudáveis, sustentáveis e deliciosos, além de reduzir o lixo e o problema da fome no Brasil.”

Por que aproveitar integralmente os alimentos?

A alimentação é a base da vida e dela depende o estado de saúde do ser humano. Já diziam nossos avós: “Saco vazio não para em pé.” Além de garantir o sustento, a alimentação deve promover saúde e para isso, deve ser variada e rica em nutrientes substâncias que regulam o organismo (vitaminas e minerais), fornecer energia para as atividades do dia a dia (carboidratos e lipídeos) e auxiliar na formação do corpo (proteína de origem animal e vegetal), permitindo assim, o equilíbrio no organismo.

Para alcançarmos uma alimentação saudável, podemos utilizar partes de alimentos que normalmente são desprezadas pela população. Tal atitude é chamada de “aproveitamento integral dos alimentos”. A solução para este sério problema pode partir da modificação de atitudes e costumes que cultivamos em nosso lar.

Além disso, o aproveitamento integral dos alimentos significa economia e possibilita também experimentar novas opções de receitas, ressaltando assim, outro fator importante: a variação do cardápio. Isso porque um único alimento rende até cinco preparações diferentes, repleta de nutrientes e coloridas, quando utilizamos sua casca, folha, talos, semente e a própria polpa!

Uma boa cozinha é aquela na qual nada é desperdiçado. Às vezes não percebemos, mas na nossa cozinha há muita coisa indo para o lixo sem necessidade. O Brasil é um dos campeões em acúmulo de lixo orgânico e este, quando não tratado adequadamente, pode agredir a natureza, por promover a formação de chorume (um líquido escuro e malcheiroso), que pode tornar nossos solos inférteis para produção. Outro malefício está relacionado ao problema sanitário: o acumulo de lixo orgânico pode atrair vetores, como ratos, baratas e moscas, que podem causar sérios riscos para a saúde humana.

Dicas para combater o desperdício de alimento, do momento da compra até a sua mesa.

l Comprar bem: planeje suas compras: Evite excessos! E prefira os alimentos da época, pois possuem melhor qualidade (maior durabilidade, maior teor nutricional e menor quantidade de agrotóxicos) além de apresentarem preços mais acessíveis;

l Conservar bem: armazene os alimentos em locais limpos e em temperaturas adequadas para cada tipo de alimento. Ao armazenar as partes não convencionais dos alimentos para serem utilizadas em preparações futuras, siga uma destas opções: Conserve-as em saquinhos separados e fechados em geladeira, devendo ser utilizadas em até 48 horas ou embrulhe-as em porções pequenas separadamente em papel filme, etiquete-as, (com o nome do alimento e a data) para que possam ser distinguidas futuramente, e congele-as, podendo ser utilizadas no período de até um mês de conservação;

  • Higienizar bem: todas as frutas, verduras, legumes, cascas, talos, sementes e folhas devem ser lavados um a um, em água corrente e então devem ser higienizados em solução de hipoclorito de sódio por geralmente 15 minutos para eliminar microrganismos. Em seguida devem ser lavados novamente em água filtrada;
  • Preparar bem: não retire as cascas grossas ou utilize-as para outras receitas e prepare apenas a quantidade necessária para as refeições da sua família. Faça uma média da quantidade de porção por pessoa.


Portanto, fique esperto! Aproveite os alimentos como um todo para desfrutar de uma vida toda com saúde, segurança e consciência!

(Juliana Monteiro Senra, nutricionista CRN1/10456, pós-graduanda em Nutrição Esportiva – Fanut)

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