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OPINIÃO

Goiânia ilhada e sem saída

Planejada no início para abrigar 50 mil habitantes, a capital possui hoje cerca de 1,3 milhão de moradores em seu município e mais de 2,4 milhões em sua região metropolitana. Goiânia enfrenta muitos problemas, como, por exemplo, a crescente incapacidade de atender as demandas em infraestrutura. Os gargalos no trânsito e mobilidade são os que destacam e carecem de soluções urgentes.

Segundo o DETRAN, a quantidade de veículos em circulação em Goiânia cresceu quatro vezes mais do que a população, ou seja, há um carro para cada habitante. São cerca de 1,1 milhão de veículos emplacados na capital, e algumas estimativas apontam que aproximadamente 1,4 milhão de veículos circulem diariamente na cidade. A malha viária da cidade não sofreu intervenções importantes para suportar o tráfego intenso e caótico, principalmente em horários de picos.

Goiânia não conta com um instituto ou entidade dedicada à pesquisa e estudos estratégicos do município. Por causa dessa falta, a prefeitura não tem controle das informações e conhecimento amplo sobre a realidade da cidade para tomar as medidas corretas para solucionar estes gargalos na mobilidade urbana.

Entre os inúmeros problemas nesta área destacamos, neste artigo, os acessos à cidade e às rodovias que levam aos municípios do interior goiano e a outras capitais do país. Nosso sistema viário interno carece de vias expressas, que são vias de fluxo intenso de veículos, propiciando maiores velocidades e que cumprem, como principal função, as ligações entre regiões do município e a articulação metropolitana ou regional. Caso não forem tomadas medidas em curto prazo corremos o risco de demorar mais para sair da capital do que chegar ao destino.

Os principais acessos a Goiânia são:

Pela saída oeste, as GO-060 e 070 com destino a Trindade e Cidade de Goiás têm como gargalos o trânsito caótico em horários de pico nas Avenidas Castelo Branco, Avenida Anhanguera e Perimetral Norte, todas essas vias concentram em um mesmo ponto nos rebaixamentos das pistas da GO-070 e o anel sobre a saída para GO-060, a pista estreita e mal sinalizada não dá escape em caso de acidente e avaria. Seria necessário readequar e implantar a pista que sai do DETRAN, cruza a Avenida Consolação e vai pela Vila João Vaz, Parque Oeste, chegando ao Conjunto Vera Cruz, outra ação no sentido Cidade de Goiás seria estender a Avenida Goiás Norte até o município de Goianira e melhorar os acessos à Avenida Perimetral Norte, uma via com características de expressa.

Pela saída sudoeste com destino à BR-060 para Rio Verde e região, as continuações das Avenidas T-9 , T-7, Avenida Consolação e Aderup convergem para o mesmo trevo com rebaixo, para aliviar esta demanda será necessário prolongar a Avenida T-63, passando pelo Jardim Europa e chegar ao município de Abadia de Goiás, e redefinir o acesso pela avenida T-9 a partir do conjunto Greenville até o elevado da BR-060 no Parque Oeste. Outra iniciativa seria melhorar as condições de acesso via municípios de Aparecida de Goiânia e Aragoiânia, saindo em Guapó.

Pela saída sudeste na GO-020 sentido Catalão e região da estrada de ferro, só temos uma saída que se sobrecarrega em função da concentração de condomínios fechados nesta região, seria necessário  dar continuidade à avenida que cruza o viaduto da UNIP até atingir os condomínios à direita da G0-020.

Pela saída leste através do Jardim Novo Mundo sentido Senador Canedo e região, só existe a travessia pela Avenida Anhanguera, existem também duas outras entradas secundárias de difícil acesso uma pela BR-153, próximo ao Rio Meia Ponte, dando acesso ao Leite Itambé, e no outro extremo pelo viaduto do estádio Serra Dourada, um acesso complicado e congestionado. Seria necessária a continuidade da Avenida Leste-Oeste com a construção de um viaduto ligando a avenida que vai para o Leite Itambé e outra passagem de nível entre os viadutos da Avenida Anhanguera e o do estádio Serra Dourada.

Saída sul pela Rua 90 e pela Vila Redenção chegam à mesma rotatória sob o viaduto em frente à casa de eventos Master Hall, o que sobre carrega este acesso, seria necessário readequar o acesso a esta região do Parque das Laranjeiras, via viaduto da UNIP, dando continuidade à avenida que chega apenas na baixada.

Faz-se necessário um melhor planejamento dos corredores de transporte individual e coletivo para auxiliar a melhor fluidez do trânsito, em especial nas Avenidas T-63, T-10, T-9 e T-7. Assim como um planejamento para construção de mais pontes ligando os bairros cortados pelos córregos que compõe a rede hídrica da capital.

Neste ano eleitoral abre-se a oportunidade de um grande debate entre os pretensos candidatos a prefeito da Capital, em especial na questão do urgente planejamento da mobilidade urbana da cidade, de forma coordenada e que envolva os municípios da região metropolitana, com uma visão que respeite o pedestre, o transporte público e o ciclista, disciplinando o fluxo do transporte individual, mas não o priorizando em detrimento da qualidade de vida ambiental.

(Garibaldi Rizzo é Arquiteto e Urbanista. Presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas de Goiás. Conselheiro titular do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás- CAU-GO.)

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