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OPINIÃO

Sob a máscara

Carnaval, herança de festejos pagãos realizados na antiguidade.  De lá pra cá se tornou a maior festa popular do Brasil, o marchar dos blocos abriu espaço e fez-se parte de nossa cultura. Dias de liberdade que, sem nenhuma restrição, antecedem o período de penitência da quaresma.

Normalmente, durante a festa do carnaval, as pessoas se fantasiam e escondem-se atrás de máscaras, acredita-se nisso; mas, algumas vezes, o que se sucede é o oposto.  Durante os gloriosos dias de folia muitos tiram as suas máscaras que usaram no decorrer de todo o ano, revelam-se os desejos viscerais, até então escondidos.

Em meio às danças, confetes e serpentinas; os foliões, com pouca ou nenhuma roupa abandonam suas reais máscaras. O pai se despe de toda sua autoridade, veste-se de libertinagem e entrega-se as festividades; a mulher recatada abandona toda timidez e se mostra na avenida. O hedonismo flui por todo o corpo. O prazer como bem supremo, custe o que custar. Nesse meio não existem juízes, não há julgamentos, o que acontece no carnaval fica no carnaval.

De fato, considero esse período favorável a todos, quem quer festar: sai às ruas, quem segue alguma religião: vai aos retiros e congressos, quem quer sossego: fica em casa, todos aproveitam. Não me cabe julgar quem se entrega aos seus anseios no carnaval; o que me incomoda são as máscaras usadas durante o ano.  Há pessoas que permanecem mascaradas durante toda a vida.

Após o carnaval, no primeiro dia da quaresma, o que sobra para alguns foliões são apenas cinzas; restos de uma liberdade que só terão novamente no ano seguinte. Para esses, as penitencias da quaresma duram muito mais do que quarenta dias; sob a máscara sempre será quarta-feira de cinzas.

(Eder Carneiro, escritor)

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