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OPINIÃO

Aprendendo controlar nossos anjos e demônios interiores

Por comodismo, ou até mesmo por ignorância, o ser humano aprendeu a lidar com a complexa realidade do mundo de uma forma simplista: colando rótulos. E não só. Para facilitar ainda mais os contatos, organizou uma espécie de compartimentos onde coloca as pessoas, as coisas e os acontecimentos segundo a primeira impressão que lhes causa. Tudo ou é bom ou mau, positivo ou negativo. E pronto!
Mas, na verdade, nada pode ser classificado como isso ou aquilo. Tudo o que existe é bom e mau, ao mesmo tempo. E será positivo ou negativo dependendo das pessoas e das circunstâncias. O que é bom hoje pode ser mau amanhã, ou vice e versa. O que é negativo numa circunstância pode ser positivo em outra.
Isto serve também para nossos impulsos internos, aquelas forças interiores que nos leva a perceber as situações e a tomar decisões. Nossas motivações podem ser anjos ou demônios, depende da maneira como as tratamos. Para isto, existe a razão, a capacidade de discernimento e de escolha que pode e deve ser usadas o tempo todo. Somos e vivemos segundo nossas decisões.
A vida em nós e diante de nós não permite isenção. Não há como ficar indiferente e se isentar ou deixar de viver. Até mesmo quando uma pessoa se mata, acabando com a própria vida, está tomando uma decisão e agindo. É impossível não fazê-lo. E neste momento de decisão é que entram em ação nossos comandos internos. São nossos anjos ou demônios, dependendo do controle que exercermos sobre eles.
E como saber o que está nos motivando? São os guardiões do bem e da luz, ou são os defensores do mal e da escuridão. É a sabedoria ou a ilusão que está nos impulsionando? Eis a aí a maior de todas as questões.
Para muitos sábios, só é possível o controle correto dessas forças internas que agem dentro da nossa mente pelo conhecimento profundo de nós mesmos. Parece fácil. Mas não é. Pode até ser simples, mas é extremamente difícil exercer o autocontrole.
Primeiro porque nossas motivações interiores não vêm classificadas, com um rótulo identificando sua natureza e sua origem. Como foi dito antes, tudo tem sempre a mesma cara. Não para saber, logo de cara, se é bom ou ruim. A única maneira de descobrir de onde brotou cada uma das nossas decisões é olhando para cada uma delas com os óculos dos nossos valores.
Sempre que algo me incita a agir de um jeito ou de outro, tenho que me perguntar: o resultado desse ato é o que, de verdade, eu desejo pra minha vida? Essa opção está de acordo com meus sonhos, meus projetos e com aquele eu mesmo que somente eu conheço?
É bom também se perguntar, como vou me sentir depois, quando estiver sozinho comigo mesmo, ao lembrar ou rever esse ato, essa palavra, essa decisão?
Nosso juiz está dentro do nosso coração. Ele não nos condena ao sofrimento nem nos liberta da culpa. Nosso juízo interior, ao invés disso, chora ou se alegra, ele mesmo, por cada um dos nossos passos. Este, sim, é o mais justo dos julgamentos.
Então, a única maneira de controlar os impulsos maléficos, os demônios, que surgem a todo instante no íntimo de nós, é submetê-los todos, ao exame do nosso juízo interior. E como fazer isto? Estar atento o tempo todo e a tudo o que fazemos.
O simples ato de comer, se não for acompanhado da plena atenção, pode não ser benéfico como deveria ser. Uma palavra dita a uma ou mais pessoas pode ferir, causar danos inesperados, se não forem pronunciadas com toda a atenção.
A atenção plena é o modo de deixar nosso juiz interior sempre num lugar de destaque em nossa vida e não permitir que realizemos nada sem o seu julgamento. Estar atento é estar sempre, sob o olhar do nosso coração. É estar com a luz da consciência acesa e colocado em lugar de destaque para iluminar todos e tudo o que entra e sai de nosso íntimo.
A luz, só essa centelha de divindade que há em cada um de nós é que deve comandar nossa vida. Diante de seu brilho, anjos e demônios, bem e mal, serão enxergados e controlados o tempo todo em que durar essa oportunidade que nos é dada para evoluirmos para uma vida que não tem fim.

(Ton Alves é jornalista, monge universalista, terapeuta holístico e coordenador do Projeto Casulo de Luz, do portal Somos Todos Um)

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