Home / Política

POLÍTICA

Eterna musa vermelha já está de volta ‘às ruas’

  • Denise Carvalho diz que impeachment, sem crime de responsabilidade, é golpe
  • Ex-deputada estadual afirma condenar as reformas da Previdência Social e Trabalhista
  • A bela, que é uma fera em defesa dos direitos da juventude, propõe eleições à presidência
  • A líder comunista disputa eleições dia 2 de outubro com uma plataforma de esquerda democrática


Ela queria derrubar a ditadura civil e militar, instalada em 1º de abril de 1964. Mais: sonhava, dia e noite, com a revolução socialista. Ao modelo albanês. Depois de reconstruir a União Nacional dos Estudantes [UNE], presidiu o DCE da Universidade Federal de Goiás [UFG], contribuiu para mudar comportamentos e hábitos, dirigiu a Viração e acabou eleita vereadora e depois deputada estadual pelo velho PCdoB, sigla que nasceu, em 1962, deflagrou a guerrilha do Araguaia [1972-1975], que deixou um saldo trágico de 60 desaparecidos políticos, sofreu a Queda da Lapa, em 1976, e legalizou-se, em 1985. É a eterna musa comunista de Goiânia e do Brasil Denise Carvalho.

Sob o seu controle, a Viração, tendência hegemônica no Movimento Estudantil, que controlava a UNE, o DCE-UFG e a UEE-GO, defendia uma universidade pública e gratuita para todos. Assim como exorcizava os elevados aumentos das mensalidades nas instituições de ensino particulares. Registro: adotava a agenda feminista e incluía o combate ao racismo na narrativa discursiva do movimento social. Contracultural, eram anos libertários, de explosões de liberdade. Naqueles tempos, temperava o forró e a MPB [Música Popular Brasileira] com a gênese do rock nacional, como Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Ira, relata a bela que era uma 'fera' em defesa dos estudantes.

Como em 1983 e 1984, quando saiu às ruas contra fardados e civis do regime e em defesa de eleições diretas para presidente da República, Denise Carvalho, que continua firme no PCdoB, denuncia o impeachment, diz que Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade, classifica a operação como golpe e propõe eleições diretas antecipadas para a Presidência da República. De linhagem marxista, a líder comunista condena a escalada conser-vadora em marcha no Brasil. Com a criminalização dos movimentos sociais e aos atos de protesto pelo 'Fora, Temer'. A agenda liberal do novo bloco de poder em Brasília tem a sua rejeição. O PCdoB é contra as reformas da Previdência Social e Trabalhista

Os comunistas denunciam que Michel Temer, rotulado de 'usurpador golpista', quer aumentar a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres a 65 anos de idade, além de desvincular a aposentadoria dos reajustes do salário mínimo. O PCdoB analisa em suas resoluções que o governo federal, construído em consórcio entre PMDB, PSDB, DEM e PPS, planeja desmontar a legislação trabalhista, uma herança dos tempos do nacional-estatista Getúlio Vargas, chamado de Pai dos Pobres, que suicidou-se em 24 de agosto de 1954. Os cortes em 30% no orçamento já afetam os programas sociais inclusivos adotados tanto por Luiz Inácio Lula da Silva quanto por Dilma Rousseff, acusam os homens e mulheres da foice e do martelo, em Goiás.

A ex-líder estudantil, ex-vereadora, ex-deputada estadual, ex-secretária de Estado, é candidata a vereadora em Goiânia. Para exercer um mandato democrático e popular, por uma Goiânia inclusiva, sustentável, cidadã. Em defesa do meio ambiente, por mais verbas para a Educação e a Cultura, atenção integral à Saúde, com um combate permanente, vigilante, contra a corrupção. Assim como pela formulação de políticas públicas para a juventude, as mulheres, o público LGBT e os portadores de necessidades especiais[PNE]. A coligação PT, PCdoB, PEN, Pros, PT do B e PPL projeta eleger até cinco parlamentares no legisla-tivo municipal. Denise Carvalho já apareceria na 'pole position' na bolsa das especulações da esquerda democrática, da Capital.

A renovação da atual legislatura na Câmara Municipal de Goiânia é uma necessidade democrática. A ampliação dos espaços institucionais dos comunistas uma exigência para a acumulação de forças populares nas lutas de classes. Quem imagina que a história chegou ao fim com a queda do Muro de Berlim e que a luta entre a burguesia e os trabalhadores e a juventude compõem o painel empoeirado do século XX está com uma imagem invertida da realidade. O golpe contra Dilma Rousseff, cujos ensaios teriam sido Honduras, 2009, com Manuel Zelaya, e Paraguai, 2012, com Fernando Lugo, mostra que o turbulento 1964 está presente em 2016. Primeiro, como tragédia. Depois, como farsa. A eleição de Denise Carvalho faz parte da resistência contra os tempos sombrios.

Renato Dias, 49 anos, é jornalista formado pela Alfa, sociólogo graduado pela Universidade Federal de Goiás, especialista, pela UFG, em Políticas Públicas, e mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás [PUC-GO]. É autor de Luta Armada/ALN-Molipo - As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz; O Menino que a ditadura matou - Luta Armada, VAR-Palmares e o desespero de uma mãe; História - Para Além do Jornal - Um repórter exuma os esqueletos da ditadura civil e militar; Pequenas Histórias - Cuba, hoje - Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?. O repórter especial do Diário da Manhã e colaborador dos sites Brasil247.com e Vermelho.org.br lançará, em setembro de 2016, 1964 - 2016 - Página infeliz da nossa história, sobre o golpe contra Dilma Rousseff.

Perfil

Nome: Denise Carvalho

Partido: PCdoB

Agenda: Contra o golpe e as reformas liberais

Projeto: Ir para a Câmara Municipal

Coligação: PCdoB, PT, PEN, Pros, PPL e PT do B

Linhagem: Comunista

cronologia

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias