Lula: da prisão à presidência com recorde histórico de votos
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Publicado em 31 de outubro de 2022 às 12:25 | Atualizado há 5 meses
Há apenas três anos, Luis Inácio Lula da Silva estava preso, sua prisão política aconteceu em 7 de abril de
2018, ele foi levado para sua cela em Curitiba, a noite de
helicóptero, como se de fato fosse um criminoso. Mal sabia o Brasil que naquele dia seria iniciado um plano para a implantação da extrema-direita no poder do país. Na época, toda a imprensa descrevia um
Lula acabado, politicamente morto, enterrado na vergonha.
Leonardo Benassatto/Reuters.
Lula é ex-metalúrgico e governou o Brasil por dois mandatos, entre 2003 e 2010.
Filho de lavradores, o pernambucano de Garanhuns se mudou ainda criança
para São Paulo, onde iniciou sua trajetória política.
Na adolescência, o petista concluiu o curso de torneiro mecânico no
Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e, posteriormente,
passou a trabalhar como metalúrgico em São Bernardo do Campo, no ABC
Paulista. Na cidade, ele começou o envolvimento com a atividade
sindical.
Entre 1975 e 1978, Lula assumiu duas vezes a presidência do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP). Em 1980, junto de
sindicalistas, intelectuais, artistas e acadêmicos, ajudou a fundar o
PT. Três anos mais tarde, participou da fundação da CUT (Central Única
dos Trabalhadores).
Durante os oito anos em que foi presidente, o petista conseguiu manter a
inflação do país sempre abaixo dos 10%, com uma média de 5,79%,
resultado melhor que o conquistado pelo antecessor dele, Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), cujos oito anos de governo tiveram uma inflação
média de 9,24%.
Nos dois primeiros mandatos, Lula também conseguiu controlar a taxa de
desemprego do país. Em 2003, a média registrada pelo IBGE (Intituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) foi de 12,3%. Já em 2010, o
índice baixou para 6,7%. Outro ponto positivo foi o crescimento do PIB
(produto interno bruto), que se expandiu em 4%, em média, de 2003 a
2010, contra 2,3% nos governos de FHC.
Em pronunciamento na noite deste domingo (30), após eleito presidente do Brasil pela terceira
vez, Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu o povo brasileiro, disse que
governará para todos os brasileiros e reafirmou
compromissos assumidos durante a campanha. Lula destacou que sua primeira prioridade é
combater a fome e criar condições para que todos os brasileiros tenham
acesso a, ao menos, três refeições por dia.
“Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não
podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças
neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e
proteínas do que o necessário. Se somos o terceiro maior produtor
mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos
tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de
exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo
brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias”.
Ao lado da esposa Janja, do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin,
com sua esposa Lu, e de outros nomes da Coligação Brasil da Esperança, o presidente eleito afirmou
que o povo brasileiro é que foi vencedor de uma das eleições mais
importantes da história. “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem
dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso
movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos
interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse
vencedora”.
Segundo Lula, a mensagem das urnas é que o povo brasileiro deixou
claro que deseja mais não menos democracia, inclusão social,
respeito, oportunidades para todos. “Em suma, deseja mais e não menos
liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país. O povo brasileiro
mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de
escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente
das decisões do governo.”
Na lista de desejos citados pelo presidente eleito, emprego, bom
salário, saúde, educação, segurança, moradia, salário justo, viver com
dignidade, comer bem, morar bem. “O povo brasileiro quer viver bem,
comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre
acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade”.
Das sinalizações de um novo governo, Lula falou em retomar o
protagonismo internacional, fazer a economia crescer, atraindo
investimentos externos, lutar contra a crise climática e proteger todos
os biomas, sobretudo a Amazônia, com meta de desmatamento zero.
Ele também falou em reconstruir o país em diferentes dimensões,
buscar a paz, o entendimento e a democracia real e concreta. “É essa
democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo.
Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é
assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a
vida de todos, e não para perpetuar desigualdades”, afirmou o presidente.