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POLÍTICA

A guerra da oposição: PMDB e Caiado travam duelo nos bastidores

As eleições de 2018 iniciam em 2017. A disputa pelo Governo de Goiás [cerca de R$ 40 bilhões em recursos anuais] está zerada e começa a ser travada em terras medievais e inóspitas - com poucos recursos e muitos espaços vazios. De um lado, existe o exército montado por Marconi Perillo, fundador da dinastia do Tempo Novo, que terá o leal cavaleiro José Eliton como candidato ao governo.

Do outro lado, existe uma disputa intestina: senador Ronaldo Caiado (DEM) enfrenta o deputado federal Daniel Vilela (PMDB). Enquanto a base marconista fortalece seu castelo e já escala o deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB) para coordenar a campanha, os opositores, herdeiros dos reinos irista e maguitista, brigam para que um ou outro (Daniel ou Caiado) seja ungido e use o espólio eleitoral do PMDB, legenda que criou capilaridade e diques suficientes para seguir em campanha. Nenhum outro partido de oposição tem chances reais de vitória.

Por isso os opositores só têm uma jogada em mente: a união. Se Caiado abandonar o grupo será devorado pelos lobos adversários – a não ser que refunde a terceira via e arregimente mais insatisfeitos da dinastia marconista, caso de Lúcia Vânia (PSB). É detentor do maior capital político pessoal e o postulante com maior experiência eleitoral, popularidade acumulada e número de votos na bagagem. Se o PMDB já estivesse com ele, seria o favorito.

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Mas o DEM solitário está longe das campanhas heroicas das oligarquias do passado. Por isso precisa conquistar apoios estratégicos. Nas eleições, ele não sobreviverá sem diques do PMDB espalhados no Nordeste e Sudoeste goiano, região metropolitana e Entorno.

Sem horário eleitoral gratuito e exército para encarar partidos da base aliada (PSDB e PP comandam a metade das prefeituras goianas) só resta ao grupo de Caiado (que está hoje sem grupo) acreditar que seu nome perdurará à frente nas pesquisas - ainda que Daniel Vilela não desça do cavalo e faça ampla movimentação nos próximos meses.

Pelas últimas movimentações de Daniel, o PMDB parece que aprendeu a lição: tem articulado a militância no interior do Estado um ano antes da disputa. Sempre esquecido devido às imposições de cima para baixo, o baxo clero peemedebista foi chamado a participar mais ativamente do projeto de poder do partido. No mês passado, por exemplo, a sigla foi para o Norte goiano e reuniu várias cidades em torno de Daniel Vilela. O deputado federal fortalece independentemente o partido para 2018 – ainda que não seja ele o candidato no futuro, mas Ronaldo Caiado. É um sacrifício.

ERROS

Nas eleições passadas, a sigla fez um revezamento que só comunicou amadorismo: deu asas para Vanderlan Cardoso ser o candidato, depois convalidou o bárbaro Júnior Friboi e, por fim, optou em lançar Iris Rezende. Essa desorganização peemedebista acabou por garantir mais uma vitória da base aliada capitaneada por Marconi. É consenso que Iris não fez campanha em 2014, deixando campos verdes para a colonização marconista.

Agora o PMDB precisa se certificar de que a história não estaria se repetindo. José Nelto, que se reuniu na terça-feira com Iris Rezende, ao lado de outros deputados, garante que Iris tem  intenções de ver o PMDB como cabeça de chapa majoritária. Mas o jeito de Iris não mudará: ele costuma decidir de rompante, nos meses finais. Ele não faz objeções ao grupo de Daniel, mas jamais disse um ‘não’ para Caiado – o político que resgatou Iris, acreditou nele e o colocou de novo na arena, tanto como puxador de votos como quanto

mentor.

Logo, o PMDB terá pelo menos três planos para 2018: A (Daniel Vilela), B (Ronaldo Caiado) e  C (Iris Rezende). A legenda começa agora a tentar o A. Nos próximos dez meses a legenda já saberá se este plano vingará em 2018 quando saírem as primeiras pesquisas eleitorais.

Jamais a oposição teve grupo tão forte. A grande dificuldade do partido é estabelecer relações de fidelidade, que mantenham seus cavaleiros coesos com uma única missão. Os peemedebistas ainda hoje fazem parte de um exército que se divide em iristas e não iristas – e dentre os não iristas se encontra o grupo que abriga Daniel Vilela.

Vilela tem feito movimentos para conquistar Iris. Participa de todos eventos possíveis, elogia o prefeito, faz o que vassalos devem fazer em busca de apoio do senhor.  É o que melhor tem feito seu papel ao atacar a base aliada, com uma ciranda de críticas na imprensa. Caiado é um guerreador de frases curtas e ainda permanece no reino de Brasília.

As derrotas sucessivas fizeram o grupo desaprender a guerrear e a perder recursos e mantimentos. O chefe guerreiro Iris está ocupado com uma cidade destruída – Goiânia é hoje o maior cartão de visitas do partido e sua gestão será crucial para 2018. O presente é, na verdade, um desafio.

Instalada em aristocracias detentoras de muitos votos, como Aparecida de Goiânia, Catalão e Formosa, a legenda teria que conquistar o apoio moral de Caiado para chegar ao Palácio das Esmeraldas. Se Caiado abrir mão de disputar as eleições em 2018 em um sinal de agradecimento pelo mandato de senador conquistado em territórios peemedebistas, a chapa chega na temporada eleitoral com um dos grupos mais competitivos na história oposicionista.

O inverso é também esperado e seria ainda mais explosivo: com a bênção antecipada de Iris, o PMDB poderia mudar radicalmente as estratégias da dinastia marconista e colocar nas ruas uma chapa liderada por Ronaldo Caiado e Daniel Vilela como vice. Esta seria, talvez, a chapa mais imponente para o confronto de 2018. E a mais temida pelos marconistas.

OUTROS

A aparição de outros opositores na disputa de 2018 é uma incógnita: os grupos de poder são os mesmos e sem renovação. Restaria ao PT, caso Ronaldo Caiado não participe do grupo peemedebista, tentar se submeter ao senhoril peemedebista e corrigir um erro estratégico que o marcou nas eleições de 2014 – quando o partido optou em lançar Antônio Gomide e não apoiou Iris Rezende desde o primeiro turno.

O PT não tem estrutura, discurso nem militância suficiente para competir no próximo ano. Os efeitos da Operação Lava Jato ameaçam retirar do partido cadeiras até mesmo na Assembleia Legislativa e a que resta na Câmara dos Deputados, hoje com Rubens Otoni. Ao partido existe apenas um cavaleiro para enfrentar a árdua batalha: lançar novamente Gomide.

Nas eleições de 2016, o partido perdeu o que restava de estrutura de poder – caso da prefeitura de Anápolis. Sem vínculos com a irrigação de campanhas, a legenda avança com uma única alternativa viável: apresentar um postulante na chapa majoritária de vice ou numa candidatura isolada ao Senado, supostamente apoiada pelo PMDB (em 2018, serão duas vagas).

Após as derrotas sucessivas em várias eleições, o ex-prefeito Vanderlan Cardoso (PSB) também seria uma alternativa aos opositores. Mas desde as eleições de 2016, em que perdeu a disputa da Prefeitura de Goiânia para Iris, que sua força se congelou. Com as relações de lealdade e honra, ele, que recebeu apoio da base aliada na ingrata disputa contra as forças iristas, deve seguir em silêncio e esperar uma nova oportunidade em Goiânia.

Cientista político diz que PMDB já começa perdendo tempo


O cientista político Lehninger Mota diz que a oposição de Goiás não construiu uma maturidade que se evidencia no governo e sua base. “Apesar de já ter tido tempo mais do que suficiente para desenvolver uma estratégia capaz de chegar com condições reais de vitória nas eleições, o ego inflado dos oposicionistas não lhes permitem uma união”, analisa o pesquisador.

Lehninger Mota diz que em 2018 não teremos novidades no confronto: “O cenário desenhado para às eleições de 2018, até o momento, se mostra alinhado com o que aconteceu em pleitos anteriores. Acreditando no desgaste do governador Marconi Perillo, os principais nomes da oposição (Ronaldo Caiado, do DEM, e Maguito e Daniel Vilela, do PMDB) querem se lançar candidatos, independente de conquistar uma ampla base de apoio”.

O cientista político afirma que o momento atual é determinante para a oposição. Ou seja: a tese da união já começa a se expirar. “Com o resultado das eleições municipais de 2016 acreditava-se que PMDB e DEM sairiam unidos para uma disputa estadual, mas a união foi entre pessoas e não instituições partidárias. A intenção do atual prefeito de Goiânia, Iris Resende em apoiar Ronaldo Caiado para governador, já foi contestada pelo atual presidente estadual do PMDB, Daniel Vilela, que garantiu candidatura própria do partido”.

Lehninger diz que o PMDB precisa reconhecer o que existe de mais forte na base e avançar com suas tropas: “O desgaste do atual governador é latente, no entanto disputar eleições contra um grupo coeso sem ter um nome consolidado e uma base estruturada é quase um suicídio eleitoral”.

Renascimento Irista é essencial para eleições de 2018


A oposição está de olho nos primeiros passos do prefeito iris Rezende (PMDB), que enfrenta o desafio de desarmar as bombas deixadas pelo PT em Goiânia. O chefe peemedebista é um dos líderes mais carismáticos da política goiana e tem vencido eleições complexas, como a disputa pelo Paço Municipal. Sem ele, o PMDB dificilmente terá êxito em 2018.

O peemedebista teria dito que percebe uma tentativa externa de colocá-lo contra o grupo de Vilela e que ele jamais faria este jogo. Nos bastidores, afirma-se que Iris convocou uma reunião a cada 15 dias com os vassalos. Pretende dar informações sobre o Renascimento Irista  e analisar o clima daqui até 2018.

[box title="Base aliada começa a fazer depuração"]


A senadora Lúcia Vânia (PSB) também pode ser uma candidata avulsa na disputa de 2018. Ela tem demonstrado insatisfação com a base aliada e a aproximação do vice-governador José Eliton com Marconi. A política já se colocou como candidata ao governo. O PSDB, por sua vez, já anunciou que Eliton é o nome da base aliada.

Ao lado de Vilmar Rocha (PSD), Lúcia Vânia tem realizado ações para neutralizar o lançamento do vice-governador José Eliton e ressalta que seu direito de trono no grupo é natural. Ela pleiteia uma das cadeiras ao Senado ou a cabeça de chapa para o governo. Como Iris, sabiamente, Marconi silencia e testa os laços de lealdade e honra.

Afastada da base, Lúcia não foi até o aniversário de Marconi Perillo, comemorado em Aparecida de Goiânia, na última terça-feira, 7.  Tem usado a imprensa para criticar políticos ligados ao governador e reitera que tem trabalhado muito, com a destinação de diversas emendas parlamentares para Goiás. É candidata, mas pode abrir mão. E da mesma forma que Maguito, ainda tem na manga a filha, Ana Carla Abrão, para colocar no jogo político.

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