Opinião

Padre Jean Biraud: exemplo de dedicação

Redação DM

Publicado em 30 de agosto de 2022 às 14:05 | Atualizado há 3 anos

O evangelho de São Matheus (28, 19-20) narra a missão que Jesus atribuiu a seus apóstolos, a de ensinar e batizar todas as nações, ao dizer-lhes: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. Essa é a missão dada por Jesus para todos nós, cristãos, e de modo especial para quem se sente chamado para a consagração à vida religiosa, seja como padre ou como freira. Tratarei aqui especificamente da vida de padre.

A dedicação à vida religiosa é um grande desafio na vida de quem resolve atender a esse chamado de Deus. O Catecismo da Igreja Católica (CIC), publicação do Vaticano, no parágrafo 926 diz:  “A vida religiosa faz parte do mistério da Igreja. É um dom que a Igreja recebe do seu Senhor”. O parágrafo 1.548 registra: “No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja, como […] Pastor do seu rebanho”. O padre é o discípulo de Jesus, aquele que é testemunho da fé, da caridade, da acolhida, da força da graça do Espírito Santo. É aquele que tem a missão de evangelizar, ser a voz de Deus para esclarecer, para guiar e para acolher espiritualmente as pessoas.

Padre Jean Auguste Louis Biraud, de 95 anos completados recentemente, com uma brilhante memória, da Capela Nossa Senhora da Paz, em Goiânia, é um exemplo de vida consagrada à fé, ao evangelho e à missão que Deus lhe confiou: evangelizar. Ele é filho de Joseph Biraud e Berthe Marie Biraud, nasceu em 8 de julho de 1927, em Saint-Mesmin, Vendée, França, dois anos antes da Segunda Guerra Mundial. Vivenciou na infância, na adolescência e na juventude as consequências da guerra. Estudou no Séminaire Diocésain de Luçon, França. Recebeu a ordenação sacerdotal em 22 de dezembro de 1951, em Luçon, França, onde exerceu inicialmente o sacerdócio. Com espírito evangelizador, como quer Jesus para todos que abraçam a vida religiosa, padre Jean pediu ao bispo de sua diocese, Dom Charles Auguste Marie Paty, para transferi-lo para a África. Mas misteriosamente havia, na sua diocese, um pedido do Arcebispo de Goiânia, Dom Fernando Gomes dos Santos, para dois padres missionários se transferirem para Goiânia. Então o Bispo Dom Charles, superior do padre Jean, perguntou-lhe se ele trocaria a África pelo Brasil, ao que ele aceitou. Sair da França para um país mais pobre e necessitado de evangelizadores foi uma decisão dele, acatando a missão que Jesus atribuiu aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos, 16:15).

 Transferiu-se para o Brasil em 2 de fevereiro de 1969.  Ficou seis meses em Petrópolis, Rio de Janeiro, para estudar a língua portuguesa.  Mudou-se para Goiânia em agosto do mesmo ano. Em Goiânia seu primeiro trabalho como evangelizador foi como Capelão do Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás (CEPAIGO), depois Vila Redenção, Parque das Laranjeiras, novamente Vila Redenção, Vila Brasília e atualmente Capela Nossa Senhora da Paz, na Vila Maria José.  Neste bairro ele começou celebrando as missas nas casas dos fiéis, depois construiu o salão paroquial e em seguida a Capela. Esta foi inaugurada nos primeiros meses de 2001. O nome da capela Nossa Senhora da Paz foi escolhido após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, em Nova York, por causa da indignação do padre Jean com o terrorismo e sua preocupação com a paz no mundo. Além do sacerdócio foi professor de Latim e Francês na Aliança Francesa e na Universidade Católica de Goiás. Padre Jean adotou o Brasil como sua pátria e Goiânia como sua cidade.

A vida do padre Jean tem sido a tradução do que o filósofo francês Emmanuel Mounier disse sobre a vocação humana, ao afirmar que “a vocação suprema da pessoa é divinizar-se divinizando o mundo”. Em virtude de sua dedicação ao sacerdócio, de sua fé, de sua indignação com a guerra, a barbárie, a fome e de sua esperança de um mundo melhor, mais humanizado, podemos dizer que seu testemunho é o testemunho de uma autêntica evangelização, a da missão de anunciar o evangelho, de ajudar os irmãos a crescerem na fé e na esperança.

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