Rejeição e fidelidade aceleram afunilamento entre Lula e Bolsonaro
Diário da Manhã
Publicado em 20 de junho de 2022 às 14:12 | Atualizado há 3 anos
Os números da rejeição são um fator determinante no processo de afunilamento da corrida eleitoral entre Lula e Jair Bolsonaro. Na última pesquisa do Datafolha, 82% dos entrevistados disseram rejeitar um dos dois candidatos no primeiro turno. O índice poderia ser um sinal de que o eleitor está em busca de nomes alternativos, mas não é bem assim: só 5% afirmaram que não votam nem no petista nem no atual presidente.
Aos poucos, a eleição se configura como
um duelo de torcidas relativamente consolidado. Uma fatia de 76% dos eleitores
que rejeitam Bolsonaro declara voto em Lula. Entre os entrevistados que
descartam o petista, 69% pretendem ir com o atual presidente no primeiro turno.
Essa concentração de votos se
intensificou. Em março, 68% dos entrevistados que rejeitavam Bolsonaro
declaravam apoio a Lula. Entre aqueles que rejeitavam o petista, 60% votavam no
capitão.
Os percentuais reforçam um cenário que se
desenha desde as etapas iniciais da corrida. Parte considerável dos brasileiros
identifica Lula como a principal alternativa a Bolsonaro nesta eleição, mesmo
que alguns deles não considerem o petista um candidato ideal.
Só 9% dos antibolsonaristas dizem que não
votam em Lula de jeito nenhum. Algo parecido ocorre do outro lado: 15% dos que
rejeitam Lula se recusam a votar em Bolsonaro.
Ainda que alguns políticos acreditem que as altas rejeições possam beneficiar um nome da chamada terceira via, o que se vê é o contrário. O retrato é bem diferente, por exemplo, daquele de 2014, quando Aécio Neves e Marina Silva dividiam as preferências dos eleitores que rejeitavam Dilma Rousseff. Os dois disputaram até as últimas semanas uma vaga no segundo turno.
Neste ano, há menos espaço para esse tipo de concorrência porque o terreno foi ocupado cedo por dois nomes com altos índices de rejeição e fidelidade. O sentimento de oposição combinada a Lula e Bolsonaro, esperado por outros candidatos, ainda não apareceu.
A terceira via – Ciro Gomes (PDT), Simone
Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Pablo Marcal (Pros) – tenta ocupar espaço apostando nas rejeições
de Lula e Bolsonaro, mas as pesquisas mostram que a disputa está, efetivamente,
polarizada entre o ex-presidente e o presidente. É possível que, com o
desenrolar da pré-campanha e da campanha propriamente dita, o cenário se
altere. É preciso aguardar, portanto, os novos lances da sucessão presidencial.