Economia

Guerra já provoca reajuste no pão francês

Redação DM

Publicado em 23 de março de 2022 às 04:09 | Atualizado há 3 anos

O conflito travado pela Rússia contra a Ucrânia, além de provocar milhares de vítimas no país, está gerando alterações de preços de alguns produtos básicos em todo o mundo. Entre eles, o pão costumeiro nas mesas de milhões de pessoas, inclusive no Brasil. O trigo, embora exportado, sobretudo, pelos produtores gaúchos, é também importado pelos brasileiros. A tendência, caso a guerra prossiga, é que os custos de produção onerem ainda mais os triticultores. Tanto os russos quanto os ucranianos são grandes exportadores de trigo e, também, de fertilizantes, utilizados como adubos pelos agricultores brasileiros.

Dados divulgados nesta semana pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) previram que o Brasil poderá exportar 501, 730 mil toneladas de trigo ao longo deste mês. Em março do ano passado, o Brasil não realizou embarques. Em fevereiro de 2022, os embarques do cereal somaram 925, 264 mil toneladas. No acumulado de 2022, os embarques atingem 2, 123 milhões de toneladas. De acordo com a ANEC, na semana entre 6 e 12 de março, o Brasil exportou 206,896 mil toneladas de trigo. Entre os dias 13 e 19 são esperados embarques de 33, 473 mil toneladas do cereal.

Os consumidores não vão pagar mais caro somente do pão francês. Mas também nas massas e outros produtos que têm como item básico, o trigo. O preço das commodities, produto de origem agropecuária em estado bruto, disparou no mercado internacional e, em breve, será repassado aos seus derivados, de acordo com economistas.

Ucrânia e Rússia respondem por 30% de todo o cereal consumido no planeta e, com essa guerra, o valor do produto na Bolsa de Valores de Chicago, Estados Unidos, teve aumento de quase 40% nas últimas semanas, segundo Élcio Bento, especialista no assunto ao falar ontem numa entrevista online estabelecida por Safras & Mercado, em Porto Alegre (RS).

Mercado Internacional
Essa alta no mercado internacional altera os valores em todos os países, como a Argentina, de onde procede 85% do trigo consumido pelos brasileiros. Outra parte do grão, importado no Brasil, é oriunda de outros países. O País detém uma área plantada de 2.728 mil toneladas e a intenção é de plantar mais 33%, segundo Bento, observando que a produção chega a 7.695 mil toneladas. Em Santa Catarina, o governo estadual dá incentivos à produção de trigo. Afinal, aquele estado do sudeste é líder na produção de suínos e aves, animais que têm no trigo triturado parte de sua ração.

Ainda segundo o especialista, os estoques do trigo mais em conta devem acabar até o próximo mês, sendo assim, o aumento dos preços de produtos, que usam o trigo e seus derivados, deve começar a ser sentido no bolso do brasileiro.

A farinha de trigo já teve o acúmulo de quase 15% de inflação em 12 meses, até fevereiro. Já o pão francês subiu menos que 7%, o macarrão subiu em média 12% e as massas semi – preparadas teve reajuste de 10%.

“O trigo representa menos de 50% do custo da farinha e, quando esta vai para o atacado e varejo, novos custos são incorporados, como transporte e tributação“, disse o especialista.

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