O trabalho e cultura do povo negro ajudaram a construir Goiás

Por Zander Fábio

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta. ” Nelson Mandela

A cultura goiana resulta de um mosaico de influência étnico-racial como a artista plástica Neusa Moraes retratou em 1968 no monumento que simboliza a miscigenação das três raças – negro, branco e índio que forma o povo goiano. O monumento às Três Raças demonstra que cada povo contribuiu e deixou sua marca em nossa cultura nos âmbitos da música, culinária, folclore, artesanato e festas populares. Goiânia é uma grande síntese colorida de gente e diversidade. Cada indivíduo tem seu matiz, costumes, memórias e saberes que se misturam e formam a cultura goiana. Assim, a capital torna-se uma população miscigenada e maravilhosa porque somos a mistura de todos os povos em uma só sociedade.

A contribuição do povo negro tem-se expressado na cultura da cidade desde a mão de obra de migrantes que saíram de sua terra natal carregando consigo seus valores culturais e identitários para a construção da cidade na década de 30 do século passado. A influência é nítida. Podemos observar na dança, na música, na culinária, no folclore e nos conhecimentos de origem africana etc. Esses valores culturais e muitos outros pelos quais devemos gratidão e respeito aos munícipes afrodescendentes.

O dia nacional da consciência negra comemorado no dia 20 de novembro serve para refletir as condições vividas pelo negro (a) e a sua batalha na procura de cuidar das memórias e valores culturais dos povos negros. É uma data de celebração, mas, também, de conscientização da sociedade em geral e da população negra sobre o sofrimento que o povo negro viveu no Brasil desde a colonização. Veja-se o caso de Goiás de acordo com a historiografia clássica do Estado.

A capitania de Goiás contava com uma população dividida entre brancos homens livres, escravos homens negros e índios. A população negra marcou Goiás desde o início da colonização com a exploração do ciclo do ouro contribuindo com seu trabalho, e saberes culturais, tais como: culinária, música, religião, congada, capoeira, dança e o samba que marca as noites de quarta-feira no Mercado da 74 e as edições do Chorinho em Goiânia. A manifestação cultural da identidade negra está presente na memória dos goianiense. O dia da consciência é para ir além de uma data comemorativa e relembra Zumbi no combate ao racismo e os prejuízos que ele causa ao país e à população. A postura contra o racismo deve pautar nossas vidas durante todos os dias do ano.

Zander Fábio é Secretário Municipal de Cultura de Goiânia.