De quem é a responsabilidade do calor em Goiás?
Diário da Manhã
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 11:51 | Atualizado há 5 anos
Por Alexandre Nascimento Pinheiro
Costumeiramente, os meses de agosto e setembro são os mais quentes e sofremos só de pensar na chegada dessa época do ano. No entanto, pode-se dizer que o mês de outubro veio para romper com os paradigmas do calor que atormenta os Goianos, impacta no Meio Ambiente e o nosso bioma Cerrado.
Outubro, bateu em nossa porta e já demonstrou que não está de brincadeira. Logo na primeira semana vimos os recordes de temperatura sendo alcançados. Mas também não era para menos, bastaria o questionamento: de quem é a responsabilidade pelo calor infernal em Goiás?
Primeiramente, é necessário o indagamento sobre o nosso comportamento consumista e de poluição. Consumismo é o hábito de comprar produtos sem a necessidade de fato. É aquela compra pelo impulso ou pela ansiedade e isso acarreta consequências devastas na cadeia de produção de mercadorias. Vale salientar, que para a mercadoria que consumimos chegue às prateleiras é necessário que a matéria prima seja extraída do Meio Ambiente e esses processos nem sempre se concretizam de forma ecologicamente equilibrada.
Sobre os hábitos de poluição, precisamos analisar se somos conscientes para descartar adequadamente cada mercadoria que consumimos pelo impulso. Desde uma embalagem de balinha até produtos que precisam ser descartados de maneira diferenciada, como as que causam risco de contaminação e/ou difícil absolvição ficando expostas para decomposição.
Em um segundo plano, devemos analisar o impacto das agroindústrias e com relação ao processo de queimadas que ocorrem durante esses períodos do ano. É sabido que muito destas queimadas são realizadas criminosamente visando intensões escusas. Atualmente, estão sendo relatadas pelos meios de comunicação várias situações como essas.
Outro fato muito importante é a análise sobre o comportamento de nossos representantes estatais ao tratar o Meio Ambiente como sujeito de direitos. Nos dias atuais, percebe-se que a necessidade de retomada econômica e de desenvolvimento desenfreado está tomando conta de pastas ministeriais do governo federal, que em meio a fragilidade social no período de pandemia pretende passar a ‘boiada’ na intenção de desmonte do Ministério do Meio Ambiente.
É importante termos memória! Os primeiros atos do governo federal foi a tentativa de unir as pastas do Meio Ambiente e do Agronegócio, onde a meu ver iniciou a tentativa descabida de agregar o útil ao agradável, ou melhor, desmatar para desenvolver.
No ultimo final de semana vimos a presença do então Ministro do Meio Ambiente em nossa Chapada dos Veadeiros, um fato que me deixou muito orgulhoso foi a manifestação popular clamando por “Fora Salles” e outro fato que me deixou bastante pensativo é como um representante do governo federal se porta em meio a um movimento popular e simplesmente resolve ofender a comunidade que ali habita. Mas, seria novidade se fosse o contrário né?
Trocando em miúdos, para analisar as questões climáticas de Goiás (Brasil), é necessário primeiramente compreender sobre educação ambiental, analisar comportamentos de consumo e poluição, para ao final chegarmos a conclusão que a responsabilidade desse calor infernal são das ações humanas em busca de lucro “acima de todos” e o Meio Ambiente que aguente as consequências.