Cotidiano

Setembro Amarelo: a vida, o bem mais precioso

Redação DM

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 16:54 | Atualizado há 5 anos

Setembro é o mês escolhido para tratar de um assunto que necessita ser divulgado, esclarecido e tratado com seriedade, o suicídio. A campanha brasileira anual acompanha o calendário mundial, pois desde 2003, o dia 10 de setembro é lembrado como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

O suicídio pode afetar cidadãos de diferentes classes sociais, origens, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. É um fenômeno de múltiplas determinações, complexo.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio foi considerado a segunda principal causa de morte entre jovens, de 15 a 29 anos. A taxa de suicídio a cada 100 mil habitantes, aumentou 7% no Brasil, ao contrário do índice mundial, que caiu 9,8%. Essa porcentagem demonstra o quanto necessitam dar ênfase ao tema.

Para a Associação Brasileira de Psiquiatria, a depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas, são os principais indicadores de potenciais suicidas. Problemas que deveriam ser tratados e evitados em 90% dos casos. Mas muitas vezes passam desapercebidos entre familiares e pessoas próximas das vítimas, que poderiam ajudar.

Para o psicólogo e psicoterapeuta, especializado em Terapia Cognitivo- Comportamental e Hipnose Clínica, Sherman Calixto do Prado, outros fatores também podem desencadear o suicídio, como efeitos colaterais de remédios, baixa tolerância a frustração, descontrole dos impulsos, outras doenças psiquiátricas associadas ou não a depressão, motivações religiosas e até mesmo culturais.

Ao ceifar a própria vida, em um momento de descontrole emocional, o suicida propícia reações de indignação aos familiares e amigos, pois a sociedade ainda considera o tema um tabu, algo que deve ser silenciado.

Segundo Sherman “tirar a própria vida é um ato de extrema violência contra si mesmo e isso soa estranho para quem não admite o suicídio como opção. Do ponto de vista do suicida, só ele sabe a dor que está sentindo, ninguém está apto a sentir a dor do outro, no máximo podemos tentar interpretá-la, fazendo um grande esforço para fugirmos dos julgamentos”

A dor emocional é singular, o desabafo precisa ser compartilhado

Conforme o especialista, a afirmativa que falar do suicídio seria uma forma de incentivo ao ato é um engano grave, pois “se o suicida tivesse opção de acabar com a dor ou insistir no suicídio, ele escolheria acabar com a dor. Assim, o que falta realmente é acesso a recursos que são eficazes para acabar com essa dor”, enfatizou Sherman.

Algumas situações de vida, que, se a pessoa não dispor de recursos médicos e terapêuticos e tiver uma predisposição suicida, pode levá-la ao ato.

A dor da perda, foi o que significou para D.M.M, de 21 anos, o dia 30 de outubro de 2013. Deveria ser um dia especial, o seu aniversário de 15 anos. Seu pai, há época também jovem, 39 anos, depressivo e sob efeito de drogas e álcool, motivado ainda por brigas conjugais, resolveu atentar contra a própria vida, por enforcamento.

“Foi triste, pois os últimos suspiros foi em meus braços, foi o pior dia da minha vida. Até hoje não gosto do meu aniversário, pois é muito dolorido. Vem todas aquelas lembranças, daquele dia horrível”, lamentou a filha.

Ainda segundo Sherman, “normalmente prestamos muita atenção nas pessoas que já tiveram tentativas anteriores de suicídio. Neste caso muita coisa pode ser sinal de alerta e, essas pessoas precisam ser acompanhadas de perto, observadas em seus comportamentos nos mínimos detalhes e não podem ser deixadas sozinhas.

“Quem pode ajudar essas pessoas são os profissionais de saúde mental, que irão atuar não só com o propenso suicida, mas com toda à família. O que ajuda é levar informações de qualidade por todos os meios, para que essa pessoa seja alcançada de alguma forma e seja salva”, ressaltou Sherman.

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