Mundo corporativo: você está preparado para tomar boas decisões?
Redação DM
Publicado em 22 de setembro de 2018 às 04:36 | Atualizado há 7 anos
Decidir faz parte da vida. E, quando se trata do mundo corporativo, essa atitude assume uma ampla proporção. Espera-se que, por exemplo, executivos seniores adotem como principal responsabilidade tomar decisões que usualmente serão difíceis e necessitam que ocorram de forma rápida, precisa e inteligente em um cenário completamente marcado pela incerteza, sendo duramente julgados por sua taxa de sucesso geral. Afinal de contas, muito do futuro das organizações, seus negócios e pessoas, dependem dessas escolhas.
Os exemplos estão no mercado e um clássico é o da Blockbuster. No ano 2000, os dois fundadores da Netflix, Reed Hastings e Marc Randolph, se reuniram com John Antioco, diretor da Blockbuster, com o intuito de negociar a venda da Netflix para a rede de locadoras por 50 milhões de dólares. A proposta foi sumariamente rejeitada. Hoje a Netflix vale perto de US$ 150 bilhões e tem mais de 125 milhões de assinantes. A Blockbuster quebrou.
Obviamente, é impossível eliminar todos os riscos de decisões estratégicas. Mas é possível minimizá-lo. Inicialmente, a organização precisa compreender que a decisão não é fruto de inspiração, mas de um ambiente preparado no foco, análise de dados para saber prevenir e de ações, que no momento exige uma atitude de inovação, onde se cria situações de experimentação e se desponta no mercado, estando preparada para aproveitar ao máximo todas as oportunidades.
Fácil? Muito provavelmente não. Os fatores mudança, inovação e tempo de resposta, precisam ser precisos, o erro geralmente é duramente criticado, pouco aceito no mundo dos negócios, até por quem executa, principalmente quando a tomada de decisão envolve pessoas, o sentimento de fracasso pode ser devastador.
Para que a tomada de decisão seja eficaz, espera-se ainda que o líder (ou executivo) adote uma postura racional, objetiva e lógica, a fim de que sejam feitas escolhas com um alto grau de consistência para que os resultados sejam otimizados. Logo, torna-se fundamental definir o problema e estabelecer uma meta específica. Outro aprendizado significativo é saber lidar com decisões que não foram harmônicas com a conjuntura. Trata-se de uma escolha. Equilíbrio emocional é uma habilidade a ser cultivada.
Especialista em liderança e estratégia, o fundador e CEO da THIS, Inc., uma agência de design de liderança e estratégia situada no Vale do Silício, Greg Mckeown, fundamenta, em seu livro “Essencialismo: a disciplinada busca por menos”, algumas etapas para compreender a situação em um processo de tomada de decisão. Trata-se de um método para identificar o que é vital e eliminar todo o resto, para que se possa dar a maior contribuição possível àquilo que realmente importa. Exige uma enorme clareza de propósito e um hábito de muita disciplina.
A primeira fase diz respeito à essência, a qual está diretamente relacionada à escolha (aprender a escolher e tomar para si as responsabilidades das escolhas) e à avaliação (análise profunda para agir de maneira mais precisa). Isso mostra que devemos assumir o protagonismo das escolhas, ao invés de optar pelo que nos é imposto ou de seguir o fluxo ou intuitivo. Geralmente, fazemos o que dizem para fazermos porque tudo parece importante, porém não focamos no que é essencial.
Neste aspecto, entra em cena a etapa de exploração, quando se avalia, no conjunto de fatos e informações, o ponto mais importante. Ao voltar o foco e analisar para o que realmente é relevante, a decisão pode ser tomada de modo mais satisfatório. A partir daí, parte-se para a eliminação: Esclareça o objetivo principal, ouse dizer “não”, descomprometa-se de projetos falhos ou malsucedidos, edite para abandonar os excessos e estabeleça limites. Mas lembre-se: Decisões envolvem também pessoas, considere-as, no que pensam e sentem.
Só então chega o momento de partir para a ação e executar. Mas, para tanto, é necessário prevenir falhas, criando margens de segurança para possíveis eventualidades. Isso inclui ainda a identificação de obstáculos às ações planejadas. Até porque, mesmo que tudo seja aprimorado, sem atacar as restrições e gargalos, as melhoras não serão concretas, precisarão de constância. Por fim, avance, valorizando sempre as pequenas vitórias. Ao começar menor e ampliar o projeto à medida que vai se provando eficiente, o líder não só motiva a si e seus aliados, mas mantém a certeza do curso a percorrer.
Aprendemos muito com os acertos, mas também com os erros. Pouco se fala, discute ou se analisa sobre as falhas nos processos de tomada de decisão, estes se assumidos, considerados e expostos na medida certa podem gerar aprendizados inacreditáveis. É isto que nos torna humanos. Errar, aprender com eles, retomar, corrigir e utilizar de todo o aprendizado gerado pelo insucesso de forma sistemática e madura nos trará uma condição de evoluir como profissionais e pessoas.
Em suma, nos processos de tomada de decisão o gestor (ou líder, ou executivo) deve aprender a manter o foco no propósito, saber analisar para reduzir, simplificar e alinhar as ações de forma segura e eficaz. Se não decidimos onde devemos concentrar nosso propósito, tempo e nossa energia, outras pessoas podem decidir por nós, e logo perdemos de vista tudo o que é significativo. A satisfação de fazer o que precisa ser feito, decidir o que precisa ser decidido, cuidar de quem precisa ser cuidado estará na estrada da busca pela felicidade plena e suas paradas, ter consciência de nossas escolhas e responsabilidade para assumi-las, esta é a maior decisão que podemos tomar.
(Alessandra Luzine, psicóloga, especialista em Gestão de Pessoas e Negócios e CEO da A3 Consultoria)