Cotidiano

Segredos para um bom relacionamento com o enteado

Redação DM

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 04:04 | Atualizado há 7 anos

Dos mais de 1 milhão de uniões registradas no Brasil, 23,6% foram de recasamentos. Esses são os últi­mos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre Registro Civil. Esses recasa­mentos são as uniões em que pelo menos um dos membros do casal já foi casado. Desta forma há uma grande chance de filhos das rela­ções anteriores fazerem parte do convívio do novo par.

Cada vez mais homens e mu­lheres assumem novos papéis den­tro dos relacionamentos afetivos: o de madrasta ou padrasto. Além de precisar aprender a lidar com este novo papel, em muitos casos os fi­lhos do outro casamento acabam indo morar junto com o novo casal, o que representa uma nova etapa na vida familiar, segundo a psicó­loga Marina Simas de Lima.

“Essas transformações surgem dos novos papéis, regras e combi­nados que essa nova família terá. Porém, quando envolve filhos de relações anteriores, homens e mu­lheres são obrigados a exercer po­sições parentais com os enteados, antes ou ao mesmo tempo em que estão construindo sua identidade conjugal. Esse processo pode ser bem desafiador”, explica Marina.

Já a psicóloga Denise Miranda acredita que alguns casais têm di­ficuldade para separar a relação com o ex parceiro da função pa­rental. Além disso, ela diz que não são todos que estão preparados para compartilhar a parentalidade, ou seja, cuidar ou educar crianças que não são seus filhos, nos papéis de madrasta ou padrasto. E quan­do a pessoa não tem filhos, isso pode ser ainda mais difícil.

O conselho das profissionais é que no início desta nova família, o mais importante é que sejam fei­tos combinados e definidos limites. “Pais e mães devem sempre manter o papel de cuidadores e responsá­veis principais pelos filhos. Porém, no dia a dia, é importante que ma­drastas e padrastos ofereçam apoio a esses cuidados, respeitando sem­pre os limites e regras impostos pe­los pais”, explica a psicóloga Marina.

MADRASTA

Para as especialistas, a socieda­de criou um preconceito em rela­ção ao papel da madrasta, o que é presente até mesmo em histórias e contos infantis. Porém, cada si­tuação é única e deve ser avaliada sob diferentes perspectivas. “Em alguns casos, a mulher pode sen­tir ciúmes da criança, pode se sen­tir incomodada com o contato do marido com a ex mulher ou ainda se sentir sobrecarregada em rela­ção a assumir um papel de cuida­dora dessa criança”, analisa Marina.

Mas, ela deixa claro que essa mesma situação pode acontecer com o homem no seu papel de pa­drasto. Entretanto, as dificuldades da madrasta podem ser maiores por conta da expectativa da socie­dade em relação à mulher quanto ao instinto maternal. Além disso, a psicóloga analisa que em geral, as tarefas domésticas e os cuida­dos com os filhos tendem a ser as­sumidos mais pela mulher do que pelo homem. Para ela, os casais que conseguem equilibrar essas atividades ainda são exceção.

Porém, conforme Marina, nem todas as mulheres nascem para ser mães ou têm essa vo­cação ou instinto. “Assim, quan­do esta mulher está em um casa­mento em que precisa assumir o papel de madrasta, será um pro­cesso bastante complexo e vai precisar de ajustes e combinados bem delimitados para dar certo. Ela também vai precisar do apoio do parceiro. O contrário também se aplica. Quando é o homem que não tem filhos, pode passar pelo mesmo desafio”, avalia.

PARA O BEM DE TODOS

Para que a nova configuração familiar funcione de uma forma saudável, o ideal é que a transição seja feita de forma gradual e que se construam vínculos afetivos ba­seados no amor e no respeito. “Ma­drastas e padrastos podem ser uma importante fonte de apoio e suporte na criação e na educação das crian­ças e quanto mais os ex parceiros tiverem uma boa relação entre si, melhor será para o novo casal e para os filhos”, afirma Denise.

Outro ponto importante que ela destaca é que não existe di­vórcio dos filhos, ou seja, o casa­mento termina, mas os papéis de pai e mãe são para sempre e não devem ser delegados para os no­vos cônjuges. Ela explica que em primeiro lugar deve estar o bem­-estar da criança ou adolescente.

“Por fim, se você decidiu se ca­sar com alguém que já tem filhos de um relacionamento anterior, é pre­ciso estar consciente de todos es­ses desafios e abrir-se para ajudar o parceiro dentro das suas possi­bilidades”, concluem as psicólogas.

 


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