FAB leva apoio social à Amazônia
Diário da Manhã
Publicado em 26 de agosto de 2018 às 02:24 | Atualizado há 4 meses
A integração nacional, com ênfase para a Amazônia Ocidental, tem na FAB (Força Aérea Brasileira) a sua contribuição principal. Seus aviões com suas tripulações aproximam os brasileiros das fronteiras. Com suas ações humanitárias assistem às populações ribeirinhas. Basta lembrar que naquela região existe a maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios e ribeirões se cruzam sem barreiras até o Atlântico. A FAB, o Exército e a Marinha são guardiões da segurança nacional naquele mundo verde diferente de tudo que se vê na atual civilização. Se os satélites vigiam áreas estratégicas nacionais, a FAB faz-se presente em solo no apoio ao Exército de fronteira. E na integração presta ação de natureza cívico e social às populações carentes.
Atendendo a convite do capitão Frazão, então comandante da guarnição da Força Aérea Brasileira em Goiânia, percorri mais de três mil quilômetros num Douglas DC 3 de Goiânia, Base Aérea de Cachimbo, no sul do Pará, e Manaus, capital do Amazonas, e até Belém (PA). Nesse meio tempo, mais de 70 horas foram feitas num Catalina, avião usado na 2ª Grande Guerra pelas tropas brasileiras. Os americanos usavam esse hidroavião nas caças aos submarinos alemães. Depois do conflito mundial, esses aparelhos tiveram notável presença na integração amazônica brasileira. Nos rios Negro, Madeira, Mamoré, Solimões, entre outros, o avião descia nas águas. A tripulação levava aos ribeirinhos, com o apoio dos padres e freiras. Como compensação, recebia em troca as refeições quentinhas do dia.
ATENDIMENTO MÉDICO A INDÍGENAS
Mas, os trabalhos prosseguem. Desde o dia 4 de maio, a FAB está apoiando a ação da Organização Não Governamental Expedicionários da Saúde. A EDS leva atendimento médico a indígenas que vivem em locais de difícil acesso na região. A equipe de médicos, enfermeiros e logísticos foi transportada em aeronaves da FAB, de Campinas (SP) até a região de Lábrea (AM), onde – a cerca de 60 quilômetros– está localizada a Aldeia Crispim. No local, foi montado um complexo hospitalar, com apoio do Exército Brasileiro e governo local.
A pedagoga e coordenadora geral do Programa Operando na Amazônia da EDS, Marcia Abdala, explica que a região foi escolhida devido à demanda reprimida e pela ONG nunca ter atuado na área sob responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Médio Rio Purus.
“Foram realizadas 256 cirurgias até agora. Serão aproximadamente 300 cirurgias e 3000 atendimentos nas seguintes especialidades médicas: oftalmologia, clínica geral, pediatria, dermatologia, ginecologia, odontologia e ortopedia. As principais cirurgias são cataratas e hérnias”, contabiliza a coordenadora. Até o fim da expedição foram realizados cerca de 4000 exames e procedimentos.
ADVERSIDADES
O tenente Hilbert Harrison Pessoa de Lima é um dos pilotos que participam da missão e destaca algumas das peculiaridades do trabalho, como as condições geográficas e culturais. “A dificuldade é a própria floresta e a meteorologia instável. A mata é bem fechada e os locais são restritos para pouso. Além disso, cada tribo tem seu próprio idioma, sua própria cultura e nem sempre podemos colocar pessoas de tribos diferentes juntas porque pode haver conflito”, explica. “Está sendo um aprendizado muito grande, cada dia uma emoção diferente”, diz o aviador.
Algumas aldeias da região só tem acesso por via fluvial e o trajeto pode levar até 10 dias e depois mais algumas horas de caminhada. “Por isso o transporte por helicóptero é o mais adequado, ainda mais se tratando de pacientes que passam por cirurgia”, completa o tenente Hilbert. Para a coordenadora Marcia, essa é a principal razão da necessidade do apoio aéreo. “O apoio da FAB no transporte das equipes e pacientes é fundamental para o sucesso da Expedição”, ressalta ela.
A equipe dos Expedicionários reúne 70 voluntários. São 35 médicos, três coordenadores e 12 enfermeiros especializados em atendimento em centro cirúrgico e cuidados com pré e pós-operatório, além de farmacêuticos, engenheiros clínicos – para manutenção de equipamentos médicos, técnicos, logísticos e apoiadores.
MÚLTIPLAS MISSÕES
Para quem controla o espaço aéreo e defende a soberania nacional, a missão de integrar o território brasileiro vai muito além de encurtar distâncias num país de dimensões continentais. Os esquadrões de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) realizam, todos os dias, missões e treinamentos essenciais para uma força armada, como transporte de cargas, lançamento de pára-quedistas ou reabastecimento em vôo.
Outras missões influenciam diretamente na vida de brasileiros e brasileiras em todas as regiões do país e envolvem também ações de luta contra o tempo para salvar vidas. Do transporte de tropas para realizar segurança onde for necessário, passando por traslado de órgãos para transplantes e remoção de feridos para atendimento médico, entre tantas outras possibilidades, a Aviação de Transporte cumpre seu papel diante da sociedade.
Com a mobilização de militares e a disponibilização de aeronaves em tempo integral, a FAB realiza, constantemente, operações de transporte de órgãos. “O tempo é o bem mais precioso que a equipe tem ao sermos acionados. Quanto mais rápido agimos, maior a chance de salvarmos uma vida”, explica o tenente aviador Hudson Negreiros dos Santos, do Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo (5°ETA).
Os acionamentos–realizados a qualquer hora do dia e da noite– ocorrem de acordo com a demanda repassada pelo Ministério da Saúde, que coordena o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Goiânia na rota
Em fevereiro, aeronaves da FAB foram acionadas três dias seguidos. Na primeira missão, um C-95 Bandeirante partiu de Brasília (DF) para buscar um fígado e um coração em Goiânia (GO). Depois, um C-99 decolou com a equipe médica do aeroporto do Galeão (RJ), coletou um rim, um fígado e um coração em Boa Vista (RR), e levou os órgãos até a capital federal. Dois dias depois, outro C-95 retornou para Canoas (RS) com um pulmão coletado em Navegantes (SC). Os seis órgãos coletados, em apenas um fim de semana, foram transportados por três esquadrões diferentes.
No mesmo mês, um garoto de 12 anos recebeu o transplante de um coração transportado de Curitiba (PR) até o Rio de Janeiro pelo 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA). A tripulação decolou de Santa Cruz (RJ), com destino ao sul do país, para buscar o órgão.
Noutra operação, o Esquadrão Onça transportou 397 kg de medicamentos para Campo Grande (MS). Os medicamentos foram levados do Rio Grande do Sul e de Goiás para serem distribuídos no Mato Grosso do Sul. Quando foi iniciada a missão de interiorização articulada entre Governo Federal, Organização das Nações Unidas (ONU), municípios e entidades da sociedade civil, a aeronave Boeing 767, do Esquadrão Corsário (2º/2º GT), transportou 527 venezuelanos. Eles foram movimentados em três etapas para as cidades de São Paulo, Manaus e Cuiabá.
Em breve, a Aviação de Transporte da FAB vai contar com uma nova aeronave: o cargueiro multimissão KC-390. As duas primeiras unidades estão confirmadas para serem entregues à Ala 2, em Anápolis (GO). Ao todo, 28 aeronaves adquiridas pelo governo brasileiro irão compor a frota da FAB. Robusto, moderno e de alta capacidade operacional, o KC-390 se materializou a partir do conceito e ideias de pilotos e engenheiros da FAB que ansiavam por demandas acima das cumpridas pelo C-130 Hércules.