Opinião

Sou feminista e defendo essas mulheres

Diário da Manhã

Publicado em 24 de agosto de 2018 às 04:06 | Atualizado há 7 anos

Eu co­me­ço es­ta crô­ni­ca por um mi­le­nar pro­vér­bio de to­dos sa­bi­do que diz; do pau que nas­ce tor­to até as cin­zas são tor­tas. Po­de tam­bém ser di­to no sin­gu­lar:  pau que nas­ce tor­to até a cin­za é tor­ta. En­fim, ele en­cer­ra um ane­xim ou prin­cí­pio do quan­to de sa­be­do­ria e dou­tri­na têm o sen­so co­mum, a fi­lo­so­fia po­pu­lar ou o fol­clo­re. E nes­sa se­a­ra es­tão aí as obras de um Câ­ma­ra Cas­cu­do, de um Ba­rão de Ita­ra­ré ou de um Ba­ri­a­ni Or­tên­cio pa­ra re­for­çar tais ver­da­des e sen­ten­ças atem­po­ra­is.

Eu abro a ma­té­ria com o di­to -pau tor­to e cin­za tor­ta- pa­ra re­fe­rir-me a uma no­tí­cia pre­gres­sa que  dá con­ta de uma fes­ta pro­mo­vi­da nu­ma pe­ni­ten­ci­á­ria fe­mi­ni­na (pre­sí­dio Sant’Ana) em São Pau­lo ca­pi­tal. Os fes­te­jos se de­ram pa­ra co­me­mo­rar os 22 anos da fun­da­ção do PCC.

Pa­ra os não mui­to afei­tos a si­glas eu já ex­pli­co. Não se tra­ta do par­ti­do dos cor­rup­tos e cia; mas sim do pri­mei­ro co­man­do da ca­pi­tal-PCC (SP). Or­ga­ni­za­ção cri­mi­no­sa es­ta con­gê­ne­re do co­man­do ver­me­lho do Rio de Ja­nei­ro Ca­pi­tal.

Va­le lem­brar que o par­ti­do dos cor­rup­tos e cia tam­bém exis­te, com uma res­sal­va, que o par­ti­do  é de qua­se to­dos des­co­nhe­ci­do, uma vez que sen­do cri­mi­no­so não é re­gis­tra­do em car­tó­rio ou no TSE; daí fun­cio­nar na clan­des­ti­ni­da­de, nos bas­ti­do­res e po­rões das gran­des em­pre­sas ou em­prei­tei­ras, ca­sas le­gis­la­ti­vas ou pa­lá­cios de go­ver­nos. Al­gu­ma se­me­lhan­ça com o Bra­sil não é me­ra co­in­ci­dên­cia. Quem bem co­nhe­ce o PCC (dos  po­lí­ti­cos) é a ope­ra­ção La­va Ja­to, do Ju­iz Sér­gio Mo­ro, Cu­ri­ti­ba PR .

A co­me­mo­ra­ção pro­mo­vi­da pe­las pre­sas em São Pau­lo ti­nha uma par­ti­cu­la­ri­da­de. Em lu­gar de igua­ri­as ali­men­ta­res ha­via gas­tro­no­mia  psi­co­dé­li­ca. Bo­los e sal­ga­di­nhos fo­ram tro­ca­dos por dro­gas. Dro­gas com far­tu­ra. Em vez de con­fei­tos e con­fe­tes fo­ram ser­vi­dos ba­se­a­dos(re­chei­os) de co­ca­í­na, ma­co­nhas e su­ce­dâ­ne­os. Co­mo as hós­pe­des da pe­ni­ten­ci­á­ria pas­sa­vam de 2000, ne­ces­sá­rio se fez or­ga­ni­zar fi­las pa­ra que to­das as con­vi­vas fos­sem bem ser­vi­das.

Mos­tran­do um al­to sen­so or­ga­ni­za­cio­nal, tra­ta-se de ou­tro de­ta­lhe não me­nos im­por­tan­te, a so­le­ni­da­de de mui­ta pom­pa e re­go­zi­jo foi re­gis­tra­da em fo­tos e fil­ma­da. Fei­tos de fi­car pa­ra a pos­te­ri­da­de. Tu­do gra­va­do, do­cu­men­ta­do e di­vul­ga­do na in­ter­net e re­des an­tis­so­ci­ais (ou so­ci­ais pa­ra quem o quei­ra), por is­so que de­la pos­so des­cre­ver, por­que fi­cou pa­ra a his­tó­ria da­que­le pre­sí­dio fe­mi­ni­no.

As­sim pos­to e re­la­ta­do fa­lo eu ago­ra, sem que eu quei­ra ser rá­bu­la ou ad­vo­ga­do des­se ou da­que­le di­a­bo (ou di­a­bas no ca­so).

O pri­mei­ro la­do ou cau­sa que eu en­cam­po é o das cri­mi­no­sas. E as­sim pro­ce­do por­que vi­e­ram a im­pren­sa, OAB, a so­ci­e­da­de e di­re­to­res do pró­prio pre­sí­dio com o pro­pó­si­to, pri­mei­ro de cen­su­rar o con­su­mo de dro­gas por aque­le gru­po de mu­lhe­res; se­gun­do de apli­car àque­las con­de­na­das al­gu­mas me­di­das dis­ci­pli­na­res ou até mes­mo re­cru­des­cen­do su­as pe­nas já em cum­pri­men­to. Até on­de sei há até ope­ra­do­res da lei (de­le­ga­dos, ju­í­zes) dan­do pa­re­cer no sen­ti­do de pu­ni­ção às li­de­res da­que­le ex­pe­di­en­te fes­ti­vo.

Tais in­ten­tos e idei­as de re­ta­li­a­ção ( is­to me lem­bra as pe­nas de ta­li­ão) não pro­ce­dem. Di­re­to­res e che­fes da­que­la  hos­pe­da­ria pe­nal fo­ram su­ma­ri­a­men­te de­mi­ti­dos, sem di­rei­to à am­pla de­fe­sa e ao con­tra­di­tó­rio. Pos­tu­la­dos es­tes ti­dos e ha­vi­dos co­mo cláu­su­las pé­tre­as da nos­sa  Cons­ti­tu­i­ção.

To­mo eu en­tão a ques­tão cen­tral, a de­fe­sa das fes­tei­ras em co­me­mo­ra­ção aos 22 anos do PCC, que ali­ás é tam­bém cha­ma­do 15-3-3 (or­dem das le­tras no al­fa­be­to).

Ex­mos Srs. / De­sem­bar­ga­do­res e pre­si­den­te do TJSP:

Me­ri­tís­si­mo ju­iz de exe­cu­ções pe­nais do pre­sí­dio fe­mi­ni­no de Sant’Ana;

  1. Ex­cias, hão de con­vir pa­ra es­sa ir­re­pa­rá­vel in­jus­ti­ça pres­tes a ser co­me­ti­da con­tra es­se gru­po de mu­lhe­res. E as­sim pro­cla­mo e exal­to, da­ta ve­nia, por­que bas­ta re­al­çar e as­se­ve­rar o con­jun­to de vo­ca­ções, a ín­do­le, a ap­ti­dão des­sas cri­a­tu­ras: a con­tra­ven­ção, a de­so­be­diên­cia às leis e li­vre es­co­lha ao co­me­ti­men­to de  to­da for­ma de de­li­to.

Ou VV Ex­cias que­ri­am que elas es­ti­ves­sem me­di­tan­do, re­zan­do, fa­zen­do je­jum ou ou­tras prá­ti­cas que pu­ri­fi­cas­sem a al­ma? Nos­sas in­dig­nas pre­sas não são plan­tas, nem paus. Po­dem não ter nas­ci­do tor­tas. Mas tor­tu­o­sas são , cres­ce­ram, as­sim fo­ram edu­ca­das pe­lo meio de on­de vi­e­ram e as­sim o se­rão “ad in­fi­ni­tum”. AGOS­TO /2018

 

(Jo­ão Jo­a­quim, mé­di­co, ar­ti­cu­lis­ta DM fa­ce­bo­ok/ jo­ão jo­a­quim de oli­vei­ra  www.drjo­ao­jo­a­quim.blog­spot.com – What­sApp (62)98224-8810)

 

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