Aconselhar! O excesso pode confundir
Redação DM
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 22:22 | Atualizado há 7 anos
“Ninguém ouse aconselhar os outros antes de seguir seus próprios conselhos”.
Sêneca.
Olá, queridos leitores. Primeiro quero agradecer a todos que compartilharam meu último artigo sobre “Empregabilidade”; como, também, aqueles que me enviaram e-mail’s, me participando dos fatos pessoais com relação ao tema exposto. Fico feliz e gratificado em saber da experiência de cada um.
Hoje, vamos discorrer sobre um assunto que talvez passe despercebido para alguns ou até irrelevante, mas, para outras pessoas, tem um significado muito importante na hora de decidir dentro de sua organização. Falo do “aconselhamento”.
Diz o ditado que se conselho fosse bom vendia! É ou não é! Para alguns, conselhos são como leis, para outros, segue uma regra ou lógica.
Na ótica da lei, o aconselhamento determina que, antes de tomar uma decisão importante, você deve ouvir um conselheiro diferente, preferencialmente, com uma formação e visão de mundo diferentes.
É a famosa segunda opinião, e, caso o assunto seja de extrema gravidade; porque não uma terceira! Mas, a decisão final será exclusivamente sua!!
Há pessoas que se aconselham somente com uma pessoa; um livro, ou analisam as circunstâncias sobre outros ângulos. Isso não é bom! Os japoneses são mestres em dizer que, por menor que seja uma pedra, ninguém consegue ver todos os seus lados ao mesmo tempo. Gandhi falava que toda a verdade tem sete lados, ninguém consegue ver todos.
Essa é velha: errar é humano! Diante disso, é bom termos várias pessoas para nos aconselharmos, pois, ouvir somente uma pessoa, pode levá-la à posição de divindade exacerbada; e os Dez Mandamentos , nos alerta sobre o perigo de atribuir essa função a um ser humano.
Já na ótica da lógica ou regra, o bom conselheiro é aquele que não se mete! Assim, se você que ser consultado e tornar-se um bom conselheiro, regra número um: não dê conselhos! Espere ser consultado.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Se você sabe de pessoas que se alto denominam conselheiros (as), dê-lhes um toque.
Regra número dois: se você não pode ajudar, por favor, não atrapalhe! E isso sempre acontece, na ânsia de impor nosso ponto de vista como sendo o mais sensato para aquela situação, projetamos nossa falta de experiência não somente nos sentimentos e nas vivências daquela situação ou até da pessoa.
Temos sentimentos, medos, anseios envolvidos, e neste jogo de dominó, cujas peças ainda não foram apresentadas; ao caírem, podem desencadear uma série de problemas que não prevíamos, e nem as pessoas envolvidas conseguem suportar. São: relatos, fatos, problemas que não foram contados em sua totalidade. São histórias diferentes, conhecemos a nossa.
Regra número três: antes de aconselhar, conheça bem os fatos, pergunte o que a pessoa precisa. Muito das vezes, as pessoas precisam somente ser ouvidas, compreendidas. Nada de discursos, do tipo: ah se fosse comigo, isso não teria acontecido!
Regra número quatro: se você foi escolhido para dar um conselho, faça uma devolutiva instantânea para esta pessoa. Ou seja, faça ela refletir sobre o assunto, sobre o pedido. Deixe-a falar sobre o que pensa até que perceba que ela mesma já apresentou ou tem uma solução para o fato que procura aconselhamento. São aquelas pessoas que no fundo não querem seu conselho, querem apenas validar uma decisão já tomada, mas que não tiverem a devida coragem de implementá-las.
É por isso que os experts – consultores, coaches e técnicos – vendem conselhos. Eles sabem analisar as situações e criam estratégias. O advogado dá um parecer, o médico prescreve, os engenheiros calculam e apresentam resultados, os administradores analisam. São profissionais e, se você não tem esta expertise, somente escute.
Foi Salomão quem disse: “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro” Provérbios 27:17.
Ao falar em “afiar”, Salomão está se referindo ao ensino e ao feedback, que não deixa de ser uma forma de aconselhamento. É isso mesmo; um diferencial de excelência, uma boa forma de aprimorarmos nossas competências. “O feedaback é o café da manhã dos campeões” – Rick Tate.
Portanto, deixo bem claro: só dê conselhos se realmente for preciso e se você foi consultado. Salomão disse: “Não repreendas o escarnecedor para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará”. Evite confusões.
E vamos à luta!
(Cezar Tadeu S. Veiga, administrador de empresas, especialista andragógico em Gestão de Pessoas, pós-graduado em Docência Universitária. E-mail: cezartadeuta[email protected].)