Vermelhinha substitui amarelinha na Copa da Rússia
Diário da Manhã
Publicado em 17 de junho de 2018 às 01:57 | Atualizado há 4 meses
As “jornadas de junho” de 2013, onde milhares foram às ruas vestidos com a camisa da seleção brasileira para apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e colocar o vice-Michel Temer (MDB) no poder, queimaram o filme da camisa oficial do selecionado brasileiro. A amarelinha pode ser vista em vários pontos da cidade, exibida em varais improvisados em praças, mas não há interesse de compra, frustrando estes camelôs eventuais, que esperavam ganhar algum trocado vendendo a o símbolo da seleção pentacampeã.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, 53% dos brasileiros demonstram pouco ou nenhum interesse nos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia. O desemprego, a frustração com a política, a desconfiança com as instituições e com a própria seleção após o fatídico 7X1 para Alemanha no Mineirão afastaram os torcedores. Mas há um grupo de brasileiros que pretende torcer exibindo uma camisa diferente. Seja como provocação aos chamados “coxinhas” que se apropriaram da camisa canarinho nas suas manifestações, seja para protestar contra o governo Temer e a prisão do ex-presidente Lula, cresce na internet a venda de camisas vermelhas com o símbolo do Brasil.
Em Goiânia as vermelhinhas são vendidas a R$ 40,00 através do Facebook ou do Instagram. Um dos que a produzem é Milton Gonçalves Jr. Ele teve o cuidado de não colocar o escudo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), evitando assim processos por uso indevido da marca. A camisa vermelha tem na frente as cinco estrelinhas do penta, um escudo com uma cruz e abaixo escrito Brasil e nas costas o número 13, que é o preferido do ex-técnico Zagallo, mas também simboliza o número do PT e da candidatura de Lula à presidência.
Não foi o caso de Milton Gonçalves, que preferiu não utilizar o escudo da CBF por este e outro motivo: “é uma entidade que está envolvida num dos maiores escândalos de corrupção da história, envergonhando o Brasil no mundo, e, principalmente, manchando a bonita história da nossa seleção que construiu o pentacampeonato com craques memoráveis como Mané Garrincha, Pelé, Jairzinho, Gérson, Tostão, Rivelino, Ronaldo, Rivaldo e Taffarel”, comenta.
Em São Paulo, a jornalista Cynara Menezes conta através de seu site–Socialista Morena–que as camisas vermelhas para quem quer torcer para o Brasil na Copa do mundo “sem ser confundido com um manifestante”, como prometem seus criadores, fizeram tanto sucesso que tem até falsificações à venda. “Os modelos se multiplicaram na internet e há até quem burle uma liminar judicial para estampar o símbolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), só que no layout antigo, quando o nome era Confederação Brasileira de Desportos (CBD)”, ressalta.
Em Minas Gerais, a designer mineira Luísa dos Anjos Cardoso, dona da primeira camisa vermelha da seleção a ganhar fama nas redes sociais denuncia que sofre plágio de outros fabricantes. “Copiaram exatamente o meu produto. Usaram minhas fotos e até a minha descrição, colocando o meu nome, instragram e tudo mais, e com um valor abaixo do meu”, informou aos clientes em post no Facebook.
Luísa, que vende as camisas por R$ 45 na internet, pediu que perfil das camisas vendidas a R$ 39 seja denunciado. “É golpe”, definiu. Ela precisou mudar o modelo da blusa porque a CBF conseguiu uma liminar na Justiça proibindo o uso de sua marca. No lugar, foi escrito Brasil. Há um outro modelo de camisa vermelha da seleção vendido pelo Facebook no perfil “Camisa vermelha da seleção”, que também disponibiliza uma blusa preta. No espaço também há denúncia de plágio.
Ao contrário do modelo da mineira, as camisas vermelhas para a Copa com o símbolo da CBD não são anunciadas. Um militante de esquerda que vende o material e prefere não se identificar diz que já está no terceiro lote das vendas. Só nas últimas duas semanas foram vendidas 300 blusas.
“Os coxinhas foram para a rua bater panela com camisa da seleção e hoje estão com vergonha, ela virou símbolo junto com o pato da Fiesp”, afirmou. O militante acredita que o fato de a Copa ser na Rússia, que adota o vermelho na camisa, também tenha contribuído. As camisas são vermelhas com a foice e martelo e o símbolo da CBD. Atrás o comprador pode optar por não vir nada escrito ou ter o número 13 e o nome do Brasil gravado.
O vendedor disse, mesmo sem propaganda por conta da proibição do uso do símbolo da CDB, as vendas estão crescendo. “Comecei no Rio e só essa semana já recebi mais de 30 ligações de Minas Gerais e vários pedidos de Curitiba”, conta. Com ou sem amarelinha ou com vermelhinha o torcedor vai fazer da Copa o seu momento de descontração. (Com informações do site Socialista Morena).