Prefeituras decretam “emergência” e suspendem serviços públicos
Redação DM
Publicado em 30 de maio de 2018 às 04:06 | Atualizado há 7 anos
Mais de 170 cidades do interior assinaram, na última segunda-feira, decreto de situação de emergência e suspenderam por uma semana parte dos serviços públicos por causa da greve de caminhoneiros, de acordo com a Associação Goiana de Municípios (AGM) e Federação Goiana de Municípios (FGM). Dessas, 80 mantiveram apenas os considerados essenciais, como atendimento em emergências e coleta de lixo. Os atos, que ocorrem contra a alta do diesel, completaram nove dias.
Em nota, a entidade informou que a falta de combustível está afetando o transporte escolar e a locomoção de ambulâncias. Além disso, em muitas regiões já não chegam mais alimentos para a composição da merenda. O número de cidades que decidiu paralisar serviços corresponde a cerca de 70% dos 246 municípios de Goiás. Os prefeitos foram orientados a comunicar o Ministério Público.
Os prefeitos decidiram adotar a medida após discutirem, em um grupo que mantêm em uma rede social, os problemas decorrentes da paralisação.
A AGM divulgou, em parceria com a FGM, uma nota em apoio à iniciativa, pedindo para “a população para que compreenda o delicado período porque passam os municípios, neste período de escassez de bens, alimentos, combustíveis, os quais impedem a regular prestação dos serviços públicos”.
Presidente da associação e prefeito de Hidrolândia, Paulo Sérgio de Rezende (Paulinho) disse que a maioria dos municípios com suspensão de serviços têm entre pequeno e médio porte, com população variando em entre 3 mil e 15 mil habitantes. Alguns casos, porém, são de cidades com mais de 50 mil moradores.
“A maior dificuldade é que estão começando a faltar todos os suplementos, como transporte escolar. Não tem mais como abastecer, gás de cozinha já não tem mais na maioria das cidades pequenas, padarias não têm mais farinha de trigo para fazer a merenda escolar”, disse.
Paulo Sérgio de Rezende informou que, em Hidrolândia, a suspensão começou ontem, já que a população não havia sido comunicada com antecedência. O prefeito decidiu transportar todos os botijões de gás das escolas para os hospitais e, assim, estender o tempo de serviço das emergências. A cidade tem cerca de 20 mil habitantes.
“São situações que estão fugindo do nosso poder, estamos ficando de mãos atadas. Está beirando o colapso. Mesmo que regularize, estamos de mãos atadas”, disse.
Prefeito de Mundo Novo, Helcio Alves (PR) disse que a situação do município, no noroeste goiano, é preocupante. A cidade tem 6,8 mil habitantes, e 60% deles moram na zona rural.
Em Iporá, cidade com cerca de 41 mil habitantes no centro do Estado, o prefeito publicou decreto proibindo a circulação de veículos oficiais e suspendendo aulas.
O presidente da AGM, Paulo Sérgio Rezende (DEM), disse que a preocupação vai além do desabastecimento. “Nossa preocupação não é só com a regularização, mas com as receitas, que podem cair muito. É um efeito cascata, que vai criando grande dificuldade.”
A estimativa do presidente da AGM é que, após o fim dos bloqueios, ainda seja necessária uma semana para que as cidades sejam reabastecidas com todos os insumos. “Prefeitos agora têm que ter muita cautela, priorizar as áreas mais importantes, a saúde e o transporte de pacientes, o lixo das cidades. Lá em Hidrolândia vamos priorizar a saúde e a limpeza da cidade, para a gente não ficar no caos na cidade. As outras áreas a gente vai esperar para ver”, completou. (Com informações do G1GO)
Municípios lutam pela regularização das atividades
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) atua historicamente pelo fortalecimento das diversas localidades, visando ao alcance do verdadeiro compromisso com o Brasil. A entidade destaca que centenas de Municípios brasileiros, especialmente os do interior do País, ainda enfrentam sérias dificuldades para ofertar serviços essenciais à população em decorrência da greve dos caminhoneiros.
A entidade acompanha de perto a situação vivenciada pelos Entes locais e – ao tempo em que considera legítima a reivindicação levantada pela categoria – se solidariza com os problemas enfrentados pelos Municípios brasileiros, com impacto direto nas populações.
IMPOSTOS
A Confederação compreende que o diálogo entre governo federal e categoria, com o atendimento das reivindicações, permite que o país caminhe rumo à normalidade no abastecimento nas diversas regiões. Além dos problemas que já vêm sendo enfrentados, impactos futuros se refletirão na diminuição da arrecadação das administrações municipais, em especial no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), na Contribuição da Intervenção do Domínio Econômico (Cide), no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e no Imposto sobre Serviços (ISS).
Por isso, é importante esforço conjunto em todas localidades para que estes efeitos sejam minimizados. A entidade reforça, nesse sentido, que o diálogo exercido diariamente pelos agentes públicos dos Municípios tem atenuado a escassez de combustíveis, alimentos, medicamentos e outros produtos que não estavam chegando às comunidades em razão da paralisação. As lideranças locais clamam por esta normalização a fim de que os Municípios possam seguir exercendo seu compromisso com a população.
OBSERVATÓRIO DA CRISE
Para facilitar o monitoramento da situação e buscar medidas para apoiar os gestores municipais, a Confederação lançou o Observatório da Crise de Abastecimento nos Municípios. A ferramenta está sendo atualizada com informações encaminhadas diretamente pelos prefeitos e vai permitir o monitoramento e o mapeamento dos Municípios impactados pela crise.
O mapa foi construído com base em cinco perguntas, que vão mostrar, por exemplo, quais serviços estão sendo afetados, como postos de saúde, merenda escolar, coleta de lixo, segurança, ambulâncias, transporte escolar, entre outros. Além disso, é possível verificar quais Municípios brasileiros decretaram Situação de Emergência em função da crise.