Cotidiano

Aumenta desabastecimento em Goiás

Diário da Manhã

Publicado em 29 de maio de 2018 às 01:24 | Atualizado há 7 anos

Mesmo com o governo fe­deral, em um segundo acordo, ampliando as medidas para tentar conter a greve, os caminhoneiros continuaram blo­queando rodovias por todo o país provocando o desabastecimento de vários itens em muitos estados brasileiros nesta segunda-feira. A alegação da base da categoria é que as medidas são paliativas e não re­solvem o problema, apesar do presi­dente Michel Temer ter dito, em en­trevista coletiva no último domingo, com a volta do panelaço em todo o Brasil, que atendeu todas as reivin­dicações dos caminhoneiros.

Entre as medidas divulgadas no final da noite de domingo, após encontro entre o governo federal e entidades representativas de ca­minhoneiros, está a redução de 46 centavos do preço do litro do die­sel por dois meses, com os reajustes passando a ser mensais após este período; outra que garante aos ca­minhoneiros autônomos, sem lici­tação, até 30 por cento do frete da Conab–A Companhia Nacional de Abastecimento; a criação de uma taxa mínima para o frete rodoviá­rio e a eliminação de cobrança de pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país.

O acordo foi assinado por en­tidades representativas dos cami­nhoneiros, mas a base, que se or­ganiza em grupos pelo WhatsApp, continua resistindo afirmando que só a redução de impostos de forma definitiva resolverá o problema. O resultado deste descompasso en­tre as lideranças e a base da catego­ria é a continuidade de caminhões parados e de bloqueios das rodovias por todo o país, resultando em de­sabastecimento de vários ítens que podem levar o Brasil a um colapso. Pelo menos foi isto que ocorreu até o final da tarde desta segunda-feira.

Ontem, a gasolina e o álcool aca­baram em muitas capitais brasi­leiras. Sem combustível e com os caminhões parados, em um país extremamente dependente da ma­lha rodoviária precária, outros esta­belecimentos como hospitais, su­permercados, indústrias,escolas e comércios em geral, também sofre­ram com o desabastecimento. Hos­pitais,em todo o país, suspende­ram cirurgias eletivas devido a falta de matéria-prima. Supermercados restringiram a compra de produtos. Animais morrendo na Agroindús­trias e uma infinidade de situações de desabastecimento inimaginá­veis pela população brasileira an­tes da greve dos caminhoneiros.

Diante da continuidade dos blo­queios nesta segunda-feira, até o fechamento desta matéria, 74 tre­chos estavam bloqueados e a si­tuação no estado de Goiás se agra­vando após oito dias de greve dos caminhoneiros. Ontem faltou com­bustível em muitos postos da capi­tal e do interior do Estado. Onde tinha combustível, filas de carros se formaram para abastecer. Fal­taram produtos na Ceasa e muitos supermercados aumentaram o va­lor de diversos ítens expostos nas prateleiras. Segundo a Associação Goiana de Municípios, cerca de 80 cidades em todo o estado já suspen­deram as aulas por falta de combus­tíveis para abastecer as vans que pe­gam os alunos na zona rural. Outro problema é a falta de gás para fazer a merenda dos alunos. Se a greve continuar outros municípios de­vem tomar o mesmo caminho e fechar suas escolas até que a situa­ção volte ao normal. Mesmo que a greve termine a situação só será re­gularizada a partir da segunda-feira da semana que vem, já que a partir de quinta teremos o feriado prolon­gado de Corpus Christi.

A Prefeitura de Goiânia, assim como o governo de Goiás, também criou um grupo de gerenciamento de crise enquanto durar o movi­mento dos caminhoneiros em gre­ve. É que já começam a faltar itens essenciais em hospitais e em outros estabelecimentos para o funciona­mento da prefeitura. Pecuaristas do setor leiteiro se reuniram em Goiâ­nia ontem para protestar alegan­do que vem tendo muitos prejuí­zos porque não conseguem fazer a distribuição do produto devido a greve dos caminhoneiros. Após a reunião, em protesto doaram e derramaram cerca de 10 mil litros de leite pela cidade.

OUTROS ESTADOS

O segundo acordo feito no do­mingo entre o governo federal e os diversos sindicatos que represen­tam os caminhoneiros não chegou na base e nesta segunda-feira ro­dovias em todo o país continuaram bloqueadas. Além dos caminhonei­ros, outros grupos também se mani­festaram em apoio a greve.

Em vários estados os postos fi­caram sem combustível. Empresas de várias áreas reduziram a pro­dução devido a falta de combustí­vel e de matéria prima. Muitas fá­bricas podem parar nos próximos dias se a situação não se normali­zar. Algumas já estão parando por não ter matéria prima e nem com­bustível para funcionar.

De acordo com o Instituto Bra­sileiro de Planejamento e Divulga­ção, desde o início da greve, cerca de 26 bilhões de reais deixaram de circular na economia brasileira e mais de 3 bilhões e meio de reais deixaram de ser arrecadados. O se­tor de Transportes e do agronegó­cio são os que mais sofrem com a greve dos caminhoneiros.

Os produtores de aves e outros animais também estão sofrendo com a greve. A estimativa da Asso­ciação Brasileira de Proteína ani­mal é de um prejuízo, até agora, de mais de 3 bilhões de reais com a greve dos caminhoneiros já que muitos animais estão morrendo por falta de ração. Em nota, a Asso­ciação afirma que já morreram em todo o Brasil cerca de 74 milhões de aves desde o início da greve.

 

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