J. Hawilla: A delação de chuteiras
Redação DM
Publicado em 27 de maio de 2018 às 02:31 | Atualizado há 7 anos
O futebol é sujo. Seria apenas uma frase qualquer, não fosse dita pelo pioneiro do marketing esportivo no Brasil. O empreendedor que ficou bilionário à custa de corrupção desenfreada e de conchavos com mídia, políticos e empresários. O jornalista esportivo que se tornou um dos mais bem-sucedidos empresários do país. O corruptor que virou delator: J. Hawilla.
Fruto de dois anos de pesquisa, O delator é mais que uma biografia; é o raio-x do homem que implodiu a máfia da cartolagem nas três Américas. Traz informações exclusivas, detalhes até então desconhecidos, contratos explosivos jamais revelados e propinas de todos os tipos. Disseca, ainda, a parceria com Ricardo Teixeira e a CBF, que viria a sequestrar dos brasileiros a gestão de seu bem mais amado: o futebol.
Os premiados jornalistas Allan de Abreu e Carlos Petrocilo mapeiam, aqui, as metamorfoses de Hawilla. De radialista do interior até senhor de um patrimônio que inclui afiliadas da TV Globo no interior, fazendas, holdings, jatinhos, fazendas de criação de gado; passando pela compra e venda de placas de publicidade na beira do gramado em estádios. Mais tarde, os direitos de transmissão televisiva dos mais importantes eventos de futebol do planeta.
Os autores revelam, ainda, detalhes de seu depoimento ao FBI, após ser acusado de formação de quadrilha, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, fraude bancária… sem nunca ter sido nem ao menos indiciado em seu país natal. Protagonista de um megaesquema de corrupção que lhe garantiu fortuna e impunidade, Hawilla optaria por se tornar um homem-bomba. E implodir o sistema.
Hawilla está para o futebol como Marcelo Odebrecht para a construção civil. Ambos prosperaram em um ambiente de privilégios e pouquíssima transparência. Escrutinar sua trajetória é entender as raízes do subdesenvolvimento de nosso futebol. Pródigo em talentos, mas indigente em gestão e profissionalismo, atrelado a interesses ilegítimos. O delator é um gol de placa do jornalismo investigativo.
TRECHO:
“Principal corruptor da cartolagem nas três Américas, espião a serviço do FBI, ancião arrependido, J. Hawilla personifica o tortuoso processo de modernização do futebol latino-americano, com suas virtudes, mas também seus graves vícios. O radialista caipira, que ganhou o mundo vendendo a imagem do futebol às margens da lei e da ética, chega ao fim da vida refém de seus próprios pecados.”