Vereadores querem a criação do Código Ambiental de Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 26 de maio de 2018 às 23:43 | Atualizado há 4 meses
Chegou ao fim, na última quarta-feira, a CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investiga o mau cheiro existente na Região Norte de Goiânia. Os vereadores fizeram visitas a empresas e colheram oitivas de representantes do poder público e da iniciativa privada. Foram ouvidos o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gilberto Marques Neto, e o gerente responsável pela Cargill em Goiás, Renzo Rosa Reis.
O principal saldo da CEI foi a iniciativa do vereador Anselmo Pereira (PSDB), que determina que a Prefeitura aprove até o fim deste ano o Código Ambiental Municipal. “Goiânia chega aos 84 anos sem um Código Ambiental. A fiscalização era feita até esta CEI pela Secima(Secretaria Estadual de Meio Ambiente). O Código cria condições objetivas para atuação da Amma(Agência Municipal de Meio Ambiente), que atualmente é guiada por resoluções, e “destravaria” a operação das atividades econômicas, separando pequenas e grandes empresas, com a liberação mais rápida de licenças ambientais”, explica.
POLUIÇÃO
A falta de conclusão da ETE(Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia) e a poluição causada pela empresa Cargill Agrícola, localizada na Rua Iza Costa, Chácaras Retiro, foram consideradas as principais causas do mau cheiro durante a estiagem para os moradores da região Norte. O fedor atinge cerca de 40 bairros – incluindo os setores Goiânia 2, Urias Magalhães, Itatiaia, São Judas Tadeu, Criméia e Guanabara.
No relatório final, o vereador Lucas Kitão (PSL) defendeu o indiciamento do prefeito Iris Rezende (MDB) como responsável diretamente nos atos que contribuíram com o mau cheiro, não impondo ou cobrando a execução do contrato com a Saneago no tratamento de água e esgoto.
O vereador Anselmo Pereira discordou e a maioria dos membros da CEI acompanhou seu entendimento de que o prefeito não poderia ser culpado se cabia a Secima e não a Amma a fiscalização ambiental. O voto foi acompanhado por Gustavo Cruvinel (PV), Jair Diamantino (PSDC), Leia Klébia (PSC) e Welignton Peixoto (MDB). Apenas o presidente da comissão, Cabo Senna (PRP), e Kitão votaram por indiciar o prefeito.
Também foi pedido o indiciamento do presidente da Saneago, Jalles Fontoura, e o superintendente da Cargill, Renzo Rosa Reis, devido às evidências de as duas empresas serem as principais causadoras do mau cheiro. Anselmo Pereira, Gustavo Cruvinel, Leia Klébia e Lucas Kitão votaram contra o requerimento, enquanto que os vereadores Cabo Senna, Jair Diamantino e Weligton Peixoto votaram a favor.
CÂMARA COBRA PROVIDÊNCIAS ÀS EMPRESAS PARA COMBATER A POLUIÇÃO
O relator Lucas Kitão informou, no documento final, que o presidente e o superintendente da Saneago e Cargill, respectivamente, “foram aconselhados a formar um grupo por técnicos com o objetivo de promover ações em parceria e buscar solução mais eficiente para a contenção da poluição e do mau cheiro”. Uma cópia do relatório foi enviado também ao Ministério Público Estadual.
RECOMENDAÇÕES
- Estabelecimento do regime de compensação ambiental no município com o direcionamento do dinheiro arrecadado com as multas aplicadas contra empresas que causarem mau cheiro na Região Norte sejam convertidas em investimentos para conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente naquele local, além de custear a aquisição de aparelhos de medição de odores para a Amma, que atualmente não os possui para realizar as fiscalizações.
- Seja remetido pela Amma, em até 15 dias úteis, um anteprojeto visando a conversão em projeto de lei dispondo sobre os parâmetros de medição e controle de odores em Goiânia.
- Determinar que a Cargill implante o tratamento terciário dos resíduos sólidos e líquidos resultante dos processos de fabricação no prazo de até seis meses, sob pena de abertura de ações judiciárias e administrativas.
- Implantar o sistema de tratamento secundário na ETE no prazo máximo de dois anos e o sistema de tratamento terciário em até cinco anos.
- Requalificar o aterro sanitário, com a implantação do sistema secundário e terciário do chorume produzido pelo lixo e evitar que o chorume seja tratado na ETE, como atualmente tem sido feito.
- Privatizar o aterro sanitário, para que uma empresa privada consiga dar soluções mais rapidamente, sem a burocracia da Prefeitura.
- Readequar e investir na aquisição de equipamentos novos e moderno para os fiscais da Amma e criar uma base da agência no Goiânia 2 para monitoramento do mau cheiro.
- Criar um disque denúncia, pois os moradores da Região Norte não conseguem fazer uma denúncia na Prefeitura e precisam se dirigir à Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema).
- Implantar o sistema de tratamento terciário na Cargill.