“Se tocar algum xote eu tou, se tocar um xaxado eu xaxo”
Diário da Manhã
Publicado em 25 de maio de 2018 às 00:19 | Atualizado há 5 meses
Jards Macalé não é um rosto muito conhecido do público, masno mundo mais íntimo da música ele paira, é presença. Podem dizer que ele é esquisito, hermético, elétrico, guiado por um anjo solto, torto e barroco, mas quem fala dele tem paixão, como Macalé diz em sua canção “Olho de lince”. Para homenagear o trabalho deste músico, Nação Zumbi e Criolo, regravam duas de suas músicas que integram uma série do canal “Curta!” que integra um projeto que passeia pela música experimental brasileira das décadas de 60 e 70.
Esta regravação é parte da série musical Os Ímpares, este é o episódio “Jards: Criolo e Nação”. Os Ímpares é uma série documental que tem comotemaálbunsexperimentaisdas décadas de 60 e 70 que não tiveram o devido reconhecimento na época do seu lançamento. Se você acha que não conhece o som de Jards Macalé saiba que a música “Vapor barato” que virou sucesso através do grupo “O Rappa” e também regravada por Gal Costa é do próprio.
O programa convidou artistas contemporâneos como Emicida, Criolo, Nação Zumbi, Teresa Cristina e Alice Caymmi para reler canções dos álbuns de Jards Macalé, Jorge Mautner, Pedro dos Santos, Sérgio Sampaio dentre outros. O programa acompanha todo o processo criativo das releituras e convida os compositores para contar um pouco da história dos discos.
Ao longo de 10 episódios, figuras de peso da música brasileira contemporânea como Criolo, BayanaSystem e Tulipa Ruiz irão realizar releituras inéditas de álbuns de Jards Macalé, Di Melo, Itamar Assumpção, Walter Franco, Jorge Mautner, Pedro Santos, Ronnie Von, Verocai, Marku Ribas e Sérgio Sampaio. Com direção de Henrique Alqualo e Isis Mello, direção musical de Berna Ceppas e realização da Lunar Multimídia e da Moa Filmes, Os Ímpares foi produzida através de financiamento pelo Fundo Setorial do Audiovisual da Ancine.
Criolo e Nação Zumbi resgatam duas canções do disco “Jards Macalé” de 1972 e propõem versões inéditas com exclusividade para a série musical “Os Ímpares”. O resultado pode ser conferido no segundo episódio inédito da série, na Segunda da Música, 28, às 20h. Enquanto a banda Nação Zumbi é convidada para reler a canção “Revendo Amigos”, Criolo faz uma releitura de “78 Rotações”. Jards vai ao estúdio, acompanha a gravação de Criolo e conta um pouco da história do disco.
MACALÉ, EXPERIMENTAL SOTERRADO
Macalé começou sua trajetória na música nos anos 60. Ao lado do músico Chiquinho, que tocava bateria, Jards ia com o violão, formando o “Dois no balanço”. Mas o balanço era muito e cabia mais gente, novos integrantes foram se achegando até que virou “Sete no balanço”. Mas o som que deu visibilidade a Jards foi “Gotham City” com o qual participou do 4.º Festival Internacional da Canção. Esta música o levou a gravação de seu primeiro disco “Só morto” em 1970.
Em 1972, o cantor e compositor Jards Macalé lançou o seu segundo disco, o que receberá a homenagem dos músicos do Nação Zumbi e do cantor Criolo. O álbum, que levou o nome do artista, trazia 11 canções. Apesar do repertório original do artista então em ascensão, a efervescência musical da época fez com que o trabalho não ganhasse tanto destaque.
Jards também fez umas pontas no cinema nacional, ele participou como ator e compositor da trilha sonora dos filmes Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos. Também compôs para as trilhas sonoras de Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade, O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha, A Rainha Diaba, de Antônio Carlos Fontoura, Se segura, malandro!,” de Hugo Carvana, Getúlio Vargas, documentário de Ana Carolina, e “Se segura malandro”, de Hugo Carvana. Compôs também trilhas sonoras para teatro.