1968 – O ano que não terminou. 50 anos! Insurreição em Paris
Redação DM
Publicado em 18 de maio de 2018 às 00:36 | Atualizado há 7 anos
Um dos berços culturais da Europa, cujo hino proclama:
“Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Que um sangue impuro.
Ague o nosso arado.”
Fez do lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” o símbolo de sua república. Os anos que antecederam o maio de 1968 demonstram uma mudança profunda no estrato social francês.
Após a ocupação da França, pelas forças nazistas e a assinatura do Armisticio de Rethondes com os alemães, dividiu a França em duas: a zona ocupada pelos nazistas e a zona não ocupada. A formação do governo Vichy, que se subordinou aos interesses alemães, envergonhou e feriu profundamente a alma francesa.
A resistência promovida por Charles de Gaulle foi fundamental à França. Seu ímpeto, sua pregação sobre a grandeza daquele país, juntamente com o discurso de uma nação livre, o tornou o líder que, em 1944, dirigiu o governo no exílio. Com a libertação francesa tornou-se Primeiro-Ministro do governo provisório, renunciando em 1946, devido aos conflitos políticos.
Entretanto, Charles de Gaulle jamais havia perdido o prestigio; razão pela qual, em 1950, – em meio a grandes subversões políticas – é escolhido pela Assembléia Nacional Francesa a voltar ao poder, onde liderou a redação de uma nova Constituição, fundando assim a Quinta República.
Eleito presidente com maiores poderes, desenvolveu as armas nucleares, ampliou a política externa pan-europeia com objetivo de se livrar da influência norte-americana, retirou a França do comando militar da OTAN, entre outros feitos.
Esta era a França de Charles de Gaulle.
Paralelamente, a França de 1968 tinha uma correlação de forças de classes, onde o rentismo parasitário era baseado no capital financeiro. Mas a Segunda Guerra Mundial desenvolveu a industrialização, provocando o fortalecimento do operariado e o esvaziamento do campo.
Em 1968, o Partido Comunista Francês obtinha grande força, mas abandonou o marxismo e aderiu ao reformismo e ao pragmatismo. Razão pela qual se verifica a ambigüidade da gênese das grandes manifestações na França; porquanto, não havia uma crise real, nem grande desemprego. A economia andava no curso planejado e no cerne do espírito francês não havia um sentimento revolucionário, mas uma predisposição de mutação social.
(Henrique Matthiesen, bacharel em Direito)