PF investiga pessoas ligadas a Eunício Oliveira em Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 11 de abril de 2018 às 03:00 | Atualizado há 7 anos
Polícia Federal deflagrou, ontem, a operação Tira-Teima, que investiga pagamentos de vantagens indevidas por um grupo empresarial a políticos. A operação mira pessoas ligadas ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), embora o senador não seja alvo direto dos mandados. As informações foram divulgadas em primeira mão pelo jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo a matéria do Estadão, a PF mobilizou cerca de 40 policiais federais para cumprir oito mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato na Corte.
Os mandados estão sendo cumpridos em São Paulo, Goiânia e Fortaleza e não há ordem de prisão. “A finalidade das medidas é o buscar documentos e outros elementos de aprofundamento da investigação, considerando a notícia de doações de campanha abalizadas através de contratos fictícios“, diz a PF em nota.
A operação foi deflagrada a partir da delação do ex-diretor da Hypermarcas Nelson Mello. Em depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República), em junho de 2016, ele afirmou ter pago R$ 30 milhões através de lobistas propinas milionárias para senadores do MDB, entre eles o ex-presidente do Congresso, Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).
Mello também disse que repassou R$ 5 milhões a Eunício, para a campanha ao governo do Ceará por meio de contratos fictícios, em 2014. Na época, todos os citados negaram as acusações.
Em nota, a assessoria de imprensa do senador Eunício Oliveira diz que ele não foi alvo da operação. Em sua defesa, a assessoria do senador diz: “O senador Eunício Oliveira, por meio de sua assessoria, informa: Ele não foi alvo da Operação Tira Teima. Tampouco pessoas ou empresas ligadas a ele foram alvo, ou sequer abordadas, na ação realizada na manhã de ontem .
FAZENDA
Eunício Oliveira é dono de um latifúndio de mais de 21 mil hectares, a Fazenda Santa Mônica, que ocupa terras nos municípios de Corumbá de Goiás, Abadiânia e Alexânia. A propriedade é alvo de vários conflitos com moradores locais e já foi ocupada duas vezes pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Em agosto de 2014, de 3 mil famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda.
O DM esteve no local á época. Num dos eventos realizados pelo MST, as famílias realizaram uma megapamonhada, com dez mil pamonhas feitas com o milho que foi plantado pelas três mil famílias da ocupação. Segundo os coordsenadores do MST, a fazenda é “improdutiva” e destinada à “especulação fundiária, em uma região onde o preço da terra tem se valorizado muito nos últimos anos”. O diretor-administrativo da Agropecuária Santa Mônica divulgou nota na qual informa que a invasão da fazenda “é um ato surpreendente por se tratar de uma área totalmente produtiva, implantada no Estado de Goiás há mais de 25 anos, localizada numa região sem conflitos agrários”.
RODOVIA
Recentemente o governo de Goiás inaugurou a pavimentação da estrada que dá acesso à Fazenda Santa Mônica. Curiosamente o trecho dá acesso à fazenda do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), ganhou uma placa com o nome dele. As obras – que contemplam, além da GO-225, a GO 139 – custaram R$ 29,9 milhões e foram pagas com recursos da privatização da Celg. A sinalização foi trocada após questionamento do site “Buzzfeed”.
AGETOP
De acordo com o portal G1, a Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop) disse desconhecer que a obra tenha nome e negou ser responsável por confeccionar, instalar ou autorizar a instalação da placa. Em nota, a assessoria da construtora EHL informou que não confeccionou, instalou ou retirou a placa na rodovia com o nome de Eunício Lopes de Oliveira.
Já a assessoria do senador informou que “tal placa não existe. A Fazenda Santa Mônica, propriedade da família do senador Eunício de Oliveira, desconhece a existência dessa placa. O assunto é estranho ao gabinete do senador”.
O trecho das obras tem 31 km de extensão e liga Corumbá de Goiás a Olhos D’Água, povoado de Alexânia. A Fazenda Santa Mônica, que pertence ao senador, fica nas proximidades. Antes, o acesso era somente por uma viela lateral de terra. Agora, a portaria dela está acerca de 500 metros da rodovia. O trecho deve ser pavimentado em breve pelo político, segundo um funcionário. (Com informações do Estadão e dos portais Poder 360, G1 e DM).