Da Origem de Deus
Redação DM
Publicado em 4 de abril de 2018 às 23:57 | Atualizado há 7 anos
Sobre a origem de Deus, no dizer do autor, J. Herculano Pires, que mais uma vez deixa-nos sua valiosa contribuição, em “Concepção Existencial de Deus” , os filósofos e cientistas, desde as civilizações orientais mais afastadas, têm se perdido em cogitações, as mais dispares e variadas, sem chegarem à unanimidade de uma conclusão convincente. As teorias variam, até hoje, quase ao infinito, à exceção, no campo da Filosofia, de Sócrates e Platão, na Grécia, de Brahama e Buda, na Ìndia.
Modernamente, podem ser citados, dentre outros: René Descartes e Emmanuel Kant. Na Ciência, Einstein e muitos outros físicos quânticos contemporâneos, podendo ser mencionados, como exemplos, Fritjof Capra, Michio Kaku e Amit Goswami.
É preciso que o homem da Terra entenda que o conhecimento de Deus vincula-se, naturalmente, à evolução mental e sentimental do ser humano, que, para a humanidade da Terra, ainda mundo de provas expiações, está à mega distância do ponto de partida .
Vejamos o que o autor dessa excepcional obra tem a nos dizer sobre tão grandioso tema, depois de historiá-lo nas primeiras páginas do capítulo XII – Auttogênese de Deus – salientado a conceituação histórica e cultural sobre a origem de Deus ao longo das eras, desde os indianos, egípcios, chineses, hebreus, gregos e romanos:
“…Tentaremos expô-la de maneira simples. O Deus-Intelecto de Anaxágoras, o Bem de Platão, O Primeiro Motor Imóvel de Aristóteles, por mais que se sustente sozinho no Inefável de Pitágoras, não tem o direito de aturdir a sua própria Criação com a recusa a qualquer origem. A razão humana, para aceitar a Divindade, tem de enquadrá-la nos seus limites. Esse enquadramento se faz com o auxílio da concepção budista do eterno existente. Há algo que sempre existiu, que não foi criado. Esse Universo pré-existente, para Buda, é a realidade concreta. Nunca houve o Fiat, esse truque judaico. Em termos da razão ocidental podemos eliminar a contradição oriental e supor a existência da matéria incriada, espécie de névoa na boca irreal do abismo inexistente. O abismo seria o vazio sem nome, o nada inimaginável mas necessário. Essa névoa de matéria primária amadureceria no vazio produzindo lentamente massas de matéria secundária, da qual nasceriam os primeiros reflexos de futuras energias. Através dos milênios essas energias, em concentrações ocasionais, produziriam um sistema de ações e reações que acabaria gerando uma estrutura inteligente, mais tarde uma consciência: Deus. Com se vê, fica em suspenso um grave dilema: aceitamos o acaso inteligente ou admitimos a existência anterior a Deus, que na verdade é o Deus Criador. Caímos no solipsismo platônicos do Demiurgo, que ora aparece como o Criador Absoluto, ora como simples construtor da realidade, servindo-se da matéria prima posta à sua disposição pelo Demiurgo anterior. Mas não nos assustemos com isso, nem consideremos perdido o nosso tempo. Nada melhor que um exemplo para verificarmos ao vivo a impossibilidade de sondarmos, ao menos no atual estágio de nossa evolução cultural, o mistério da origem de Deus. Outros dilemas podem ser observados nesse silogismo complexo que simplificamos ao máximo para torná-lo mais acessível ao leitor. A suposta teoria do autogênese de Deus, do Deus que se autogerou, que nasceu de si mesmo e não tinha o que fazer na solidão absoluta, dá-nos a possibilidade de avaliar a impossibilidade do nosso entendimento e com isso nos lembra a conveniência da humildade. A negação científica de Deus não é menos incongruente, implicando contradições insolúveis. No plano teológico a afirmação da revolta dos Anjos e da existência do Diabo (Lúcifer, o mais sábio) estabelecendo-se em forma antropológica a dialética do bem e do mal, é um verdadeiro redemoinho de contradições que só a crença ingênua das massas pode aceitar. O mesmo se dá com o problema das penas eternas na Justiça Divina e assim por diante. Vemos assim que a razão humana é impotente para enfrentar os problemas inerentes à Causa, pois o seu plano de aplicação é o dos efeitos…”
3 – Em sequência, o autor refere-se aos exemplos de sábios de expressão, das áreas da Física, da Metafísica e da Psicologia.
Informe-se, por oportuno, que a expressão metafísica é termo usado, em Filosofia, na tentativa de equacionar os fenômenos ainda inexplicáveis à luz do empirismo científico, ou seja, os fenômenos que são, em realidade, de natureza psicológica, ou psíquica, assaz conhecidos e divulgados pela Literatura Espírita, sendo de ser dito que a maioria desses fenômenos não foram ainda totalmente assimilados por essas dignas ciências, conforme sobressai espontaneamente da pesquisa e análise de nossa Tese, e que o autor não só endossaria o que acabamos de afirmar, como o demonstra, aliás, com outras palavras, no contexto de suas assertivas.
Rubi Germano Rodrigues, em seu livro “Filosofia, a Arte de Pensar” , diz, a certa altura, no que concerne ao conceito da Metafísica:
“O modelo recepciona também, com toda elegância, a Metafísica, sancionando a percepção heideggeriana segundo a qual a Metafísica comporta em seu âmbito tanto a Ontologia quanto a Teologia…”
E complementa:
“…A Metafísica, por seu turno, tem seu interesse centrado na passagem transcendental que apenas subsidiariamente constitui interesse da Teologia e da Ontologia…”
Encerrando sua prédica, exorta:
“…Nem por isso devemos descrer do valor da nossa razão, pois já vimos que ela pode remontar dos efeitos às causas, e até mesmo provar a existência da Causa Suprema. Além disso, como Frederich Myers demonstrou sobejamente em A Personalidade Humana (The Human Personality), dispomos da razão imediata, na consciência supraliminar, quer se aplica à vida terrena, mas também da razão futura, na consciência subliminar, destinada a sondar as situações vindouras em nosso processo evolutivo. Só compreenderemos plenamente a Causa quando houvermos atingido os estágios superiores do desenvolvimento espiritual, realizando a síntese consciencial estética a que se refere René Hubert em seus estudos sobre a Moral.
O problema da gênese da consciência, estudado por Gustave Geley , em seu livro Do Inconsciente ao Consciente, é por ele colocado em termos de um dinamismo-psiquico-inconsciente que se desenvolve na evolução geral, mostrando a intencionalidade da Causa na sequência dos efeitos, na mesma linha da evolução criadora de Bergson. O homem, como sustentou Oliver Lodge, é um processo em desenvolvimento. Nossas potencialidades internas são muito maiores do que podemos pensar. A impotência atual da razão humana será suprida gradativamente pelo acréscimo de potência que a atualização progressiva da consciência subliminar proporciona à consciência supraliminar. O conceito existencial do homem nos leva a uma visão mais ampla e mais segura da realidade de nós mesmos e do mundo. Sua aplicação ao problema de Deus descortina aos nossos olhos um panorama coerente e grandioso do futuro humano. Deus existe como uma realidade existencial inegável que se comprova na cogitação filosófica, nas deduções lógicas e nas induções científicas, bem como na experiência vital e psicológica da existência humana.”
4 – Emmanuel, em “Fonte Viva” , psicografia de Francisco Cândido Xavier, dá-nos o conceito que mais se aproxima da realidade de Deus, nosso Pai e Senhor Supremo do Universo , como se constata em seguida:
Diante de Deus
“Pai nosso…” – Jesus.
(Mateus, 6:9).
“Para Jesus, a existência de Deus não oferece motivo para contendas e altercações.
Não indaga em torno da natureza do Eterno.
Não pergunta onde mora.
NEle não vê a causa obscura e impessoal do Universo.
Chama-Lhe simplesmente “nosso Pai”.
Nos instantes de trabalho e de prece, de alegria e de sofrimento, dirige-se ao Supremo Senhor, na posição de filho amoroso e confiante.
O Mestre patroniza para nós a atitude que nos cabe, perante Deus.
Nem pesquisa indébita.
Nem inquirição precipitada.
Nem exigência descabida.
Nem definição desrespeitosa.
Quando orares, procura a câmara secreta da consciência e confia-te a Deus, como nosso Pai Celestial.
Sê sincero e fiel.
Na condição de filhos necessitados, a Ele nos rendamos lealmente.
Não perguntes se Deus é um foco gerador de mundos ou se é uma força irradiando vidas.
Não possuímos ainda a inteligência suscetível de refletir-Lhe a grandeza, mas trazemos o coração capaz de sentir-Lhe o amor.
Procuremos, assim, nosso Pai, acima de tudo, e Deus, nosso Pai, nos escutará”.
Nota: De meu livro, inédito: “Deduções Filosóficas e Induções Científicas das Existência de Deus”.
(Weimar Muniz de Oliveira, escritor)