Páscoa: justiça social e paz
Diário da Manhã
Publicado em 31 de março de 2018 às 23:23 | Atualizado há 7 anosA Igreja católica, por ocasião da quaresma, lançou o tema da Campanha da Fraternidade, pedindo socorro pelo combate à violência, cujo objetivo foi o de construir a fraternidade, na perspectiva da paz, da reconciliação e da justiça, para a superação de tantas atrocidades . Durante 40 dias o tema foi muito debatido, tendo em vista que o parâmetro para combater a violência é o amor Jesus Cristo, deixado a todos nós. E chegando ao final da quaresma, almejamos uma páscoa feliz!
A violência é o não reconhecimento do outro, é coisificar o ser humano. A superação da violência, condição para uma sociedade e cultura da paz, exige comprometimento e ações envolvendo trabalho, dedicação, organização e preparo. Condições necessárias à construção de políticas públicas emancipatórias que assegurem o direito das pessoas na sociedade. O direito o qual nos referimos é o direito à vida. A vida é dom divino, portanto precisa ser respeitada do seu início ao seu fim natural. Além disso, precisamos recordar que somos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai do céu. O grande sonho do Pai é que seus filhos vivam em paz e em harmonia. Não nos basta ter a vida, é preciso que lutemos por ela, para a preservação e garantia dos direitos elementares de seres humanos.
A não consolidação dessas necessidades básicas é uma das principais causas da violência física, psicológica e social na sociedade brasileira. Portanto, superar a violência em vista de uma cultura da paz, exige o enfrentamento dessa realidade, pois sem a justiça social não haverá superação da violência. A reflexão da Campanha da Fraternidade ultrapassa o tempo da quaresma. É uma semente lançada que deve seguir florescendo e dando frutos de acordo com cada realidade. E para que a páscoa se consolide em cada um de nós é imprescindível que seguremos, uns nas mãos dos outros, numa corrente firme e constante. Assim, seremos aliados ao combate de um mal que assombra o mundo – A violência. Esse combate começa no seio da família, cujo preparo dos filhos para os desafios em sociedade, são resultantes da convivência permeada pelos ensinamentos de Jesus, que está vivo e presente em todo lugar. A cada dia temos a certeza da superação: Isso é páscoa! É a mudança que se renova como PASSAGEM para um novo dia, novas perspectivas de vida e de amor. São premissas doutrinárias que recebemos com a Páscoa de Jesus, que se transformou para declarar o seu amor pela humanidade.
A páscoa é tempo de dar vazão ao amor de Jesus ressuscitado na representação do Corpo e Sangue de Cristo. A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. Assim, como o fogo destrói as trevas, a luz, que é Jesus Cristo, afugenta toda a treva do erro, da morte, da corrupção, da falta de fé e de esperança. Estamos vivendo momentos de desesperanças, de conflitos! A Páscoa revela que ainda existe luz, existe vida, para que acreditemos em transformações, tendo em vista que somos todos filhos de Deus. Tenho esperanças de que os povos do mundo inteiro possam enxergar essa luz e entender que a Páscoa não se limite às simbologias as quais adornam o acontecimento: Que o ovo de chocolate seja recheado de significados de amor! Que o coelhinho da Páscoa traga serenidade às nossas crianças! Que as mesas fartas possam ser decoradas com as imagens daquelas crianças que estão nos semáforos tarde da noite, implorando por migalhas! Que naquela mesa possa ter espaço para orações aos refugiados das guerras; Que os nossos corações caibam tanto amor, quanto o desperdício de um só domingo de Páscoa! Enfim, que as nossas comemorações não pereçam no mundo surreal, pois a vida plena, mediada pela Páscoa tem significado único na trajetória da morte de Jesus, que ressuscitou para a Vida.
Feliz Pascoa!
(Célia Valadão Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Cantora e Bacharel em Direito)