Raquel Dodge em Goiânia
Diário da Manhã
Publicado em 28 de março de 2018 às 23:03 | Atualizado há 7 anosA Procuradora Geral da República Raquel Elias Ferreira Dodge esteve em Goiânia no último dia 24 de março, ocasião em que proferiu palestra sobre os temas “Corrupção e Relações Sociais”. A explanação foi realizada para uma plateia de aproximadamente 1.200 pessoas, na sede da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, atendendo ao convite do Grão-Mestre Adolfo Ribeiro Valadares. Raquel Dodge, que é goiana, de Morrinhos, disse que não tem atendido a convites dessa natureza, mas que dessa vez resolver aceitar por causa dos temas sugeridos e também pela seriedade da Maçonaria. Veio acompanhada do marido, o americano Bradley Lay Dodge, da assessora, também goiana, Ivana Farina e de outros assessores.
Ao discorrer sobre a corrupção a Procuradora enfatizou que a corrupção torna privado o que é público, corrói a confiança entre as pessoas, fragiliza as relações sociais, não respeita as leis, abusa das liberdades, esconde o crime, promove a desagregação e a desigualdade social, dissemina a ideia de que o crime compensa. Ocorre uma ineficiência do serviço público, os políticos não cumprem o que prometem, promovem uma deterioração na prestação dos serviços essenciais, como moradia, saúde, saneamento, educação, elevando impostos, alegando falta de verbas para justificar a corrupção.
É imprescindível haver a separação entre o público e o privado, disse. Todos tem uma missão difícil: combater a corrupção não é fácil, mas não podemos desanimar, se perdemos hoje continuamos a luta amanhã. É importante salientar que ninguém está acima da lei. O Ministério Público é intolerante. Citou várias vezes a Operação Lava Jato, fez referências aos valores já devolvidos aos cofres públicos pelos corruptos, como resultado da atuação do MP. É necessário cobrar para que devolvam os valores apropriados indevidamente; nossas crianças e jovens devem ser cuidados com carinho, educando-os no caminho correto, evitando que pratiquem atos ilícitos, por pequenos que sejam, porque é aí que está o início de toda a corrupção.
Mas segundo ela, existe uma boa notícia: um novo sentimento tem crescido no Brasil, uma união em prol do regime democrático; a Constituição deve ser cumprida, pois a lei é para todos, a corrupção tem que cessar, destacando a importância da integridade no manuseio da coisa pública.
Indagada sobre outros temas, respondeu de forma educada e competente, a todas as questões preparadas com antecedência. Quanto ao uso de armas pela população em geral, disse que já emitiu parecer dizendo ser totalmente contrária a essa liberação, pois defende a “Cultura da Paz”. Quanto ao voto impresso, também manifestou-se contra, por não inspirar confiança e pelo risco de não haver sigilo absoluto do voto.
Finalizando, disse que se sentiu honrada pelo convite e citou o texto atribuído a Cora Coralina:
“Desistir… eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.”
(José Willian de Oliveira, médico do SUS – jopa[email protected])