“Deus ajuda a quem madruga”
Redação DM
Publicado em 23 de março de 2018 às 21:27 | Atualizado há 7 anos
Pra muitos brasileiros o ano começa após o Carnaval; para os mais folgados e avessos à disciplina é após a dita Semana Santa mesmo. Está aí um tema que deve interessar a todos: a disciplina. Isso porque a ausência dessa virtude – ou seja, a indisciplina – prejudica o ordenamento da vida, bem como a concretização de projetos e propósitos, malogrando esforços e reduzindo o entusiasmo.
Os que padecem dessa deficiência psicológica sabem disso; e sabem, também, o quão difícil é combatê-la na fase adulta, quando ela se transforma num hábito.
O melhor é cultivar a disciplina desde a infância, persuadindo a criança das vantagens de submeter-se a uma forma organizada de viver e induzindo-a aos bons hábitos; influindo na formação de um indivíduo socialmente apto e moralmente sadio. Com isso esse ser humano crescerá protegido contra os desvios que ameaçam a juventude e que fomentam a desordem e a negligência na fase adulta.
A disciplina possibilita o ser a ganhar tempo; a cumprir melhor os seus propósitos e deveres, visto que gera a regularidade das ações, a continuidade dos afazeres diários, reduz as sobrecargas do trabalho e resulta na culminação feliz de uma incumbência ou de um projeto. Talvez seja por isso que a sabedoria popular diz que “Deus ajuda a quem madruga”.
Por sua vez, a indisciplina dissocia as ideias, causando entre elas um prejudicial antagonismo. É como se a mente do indisciplinado fosse uma fortaleza cuja guarnição se encontra numa constante rebeldia; sem defesas mentais.
É fácil observar como os que padecem dessa deficiência confundem indisciplina com liberdade e, com a desculpa de defendê-la, descumprem as leis que regem a vida civil e as normas da convivência em comunidade, como se fossem donos absolutos de sua vontade.
Deve-se considerar, também, que raramente a indisciplina atua sozinha. Via de regra, ela anda de mãos dadas com a desobediência, a inadaptabilidade, a negligência, a indiferença, a distração, e por aí vai. No melhor dos casos, o indisciplinado se desculpa com a falta de domínio ou de capacidade para bem cumprir com seus deveres.
No combate a esse defeito da psicologia humana, os mais radicais optam por uma disciplina rígida; enquanto os mais comedidos escolhem uma disciplina flexível.
Disciplina rígida é aquela que se cumpre ao pé da letra, submetendo-se às normas, afazeres ou condutas impostas. Disciplina elástica é a que cada qual aplica com suavidade e firmeza a seu modo de ser, até adaptar-se a um ritmo regular e duradouro. Prefiro esta última.
Os estudos, as observações e as vivências pessoais me levam a concluir que a indisciplina começa na mente, nos próprios pensamentos. Conclusão: é aí que se deve estabelecer a disciplina; é aí onde se há de pôr ordem. O esforço em tal sentido não fatiga, se for levado em conta o bem que se persegue.
(Dalmy Gama, escritor, professor, docente de Logosofia)