Feminicídio? Intolerância? – Eis a questão
Redação DM
Publicado em 18 de março de 2018 às 00:21 | Atualizado há 7 anosNosso país está vivenciando momentos de tensão e medo. Mas o que mais tem chamado a atenção neste início de ano são os casos de violência contra a mulher. Em cada estado são noticiados absurdos de crimes, a maioria feminicídios. O Feminicídio é o crime de ódio que mata oito mulheres por dia no Brasil. Histórias de assassinatos, violência e relatos de quem sobreviveu e vive com medo são noticiadas todos os dias
A Lei do Feminicídio foi criada em 2015 com base nos estudos da advogada criminalista Luiza Eluf: “A conduta é matar alguém, porém, se este alguém for mulher e, se essa mulher morrer devido às condições do sexo feminino no Brasil, ou seja, devido à subalternidade ou ao entendimento por parte do assassino, de que aquela mulher tem menos direito que ele e que aquela mulher lhe deve obediência total e ele tem o direito de vida ou morte sobre ela. Então, ele mata por esse motivo, ele estará cometendo um feminicídio”. Segundo a advogada, a punição do feminicídio é maior do que a do homicídio porque o motivo do assassinato é torpe e a vítima é pega de surpresa, de emboscada, à traição: “ Tudo isso a nossa lei considera que torna o assassinato mais grave do que um homicídio que tenha sido praticado de outra forma e por um por outro motivo”.Infelizmente o assassino quase nunca é encontrado. No lugar da busca fica a dor e o caso entra para o número das estatísticas.
No dia 15 de março, nosso país amanheceu chorando por mais um caso, de uma vítima brutalmente assassinada, que repercutiu no mundo todo. Seria caso de feminicídio? Vingança? Intolerância? Não se sabe. E mais uma mulher da luta, do trabalho, foi embora, sem saber o porquê. Neste mesmo dia quantas outras perdemos? A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, levantou a bandeira da dor de tantas outras Marielles., para que o Brasil possa acordar com a voz do basta.
“Três mulheres foram torturadas, mortas e decapitadas no sábado, 3 de março de 2018, no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Os criminosos filmaram a tortura e o assassinato e postaram o vídeo em redes sociais. O crime aconteceu em uma área de mangue próximo ao Bairro Parque Leblon. As vítimas foram torturadas, mortas e esquartejadas após implorarem pela vida.
“Entre 1º de janeiro e 8 de março deste ano, 20 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso. A maioria delas por maridos, namorados, ex-maridos e ex-namorados, por motivos passionais.
“No dia Internacional da Mulher, 8 de março, ‘O POVO Online’ reuniu histórias de mulheres que tiveram os sonhos interrompidos, vítimas de violência praticada pelos próprios companheiros, o feminicídio. Sthefani Brito, da enfermeira Cícera Carla e de Adriana Moura, mortas em diferentes circunstâncias pelos companheiros.”
“Em Goiânia, o corpo de Giselle Evangelista foi localizado na tarde de sexta-feira, dia 16 de março de 2018 em um prédio na Vila Alpes, em Goiânia, onde mora José Carlos. Familiares da vítima contaram à polícia que não conseguiram contato com o casal. Por isso, foram até o prédio em busca de informações e a acharam morta.”
Fatos tristes ficarão na história junto com memória de Marielle Franco e lá do Céu elas possam ouvir o clamor da justiça para que histórias como estas nunca mais se repita e possamos viver em um país sem dor. E assim todas as Sthefanis, as Cíceras Carlas, as Adrianas, Giselles…estejam “presentes” em nossos corações e em nossas orações, pedindo justiça e paz.
(Célia Valadão. Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres Bacharel em Direitos Cantora)