Opinião

Deus é homem

Redação DM

Publicado em 16 de março de 2018 às 23:31 | Atualizado há 7 anos

Va­mos fa­lar ago­ra de um te­ma mui­to im­por­tan­te e pou­co abor­da­do aqui. Eu que­ria com­par­ti­lhar com vo­cês um pou­co mais so­bre as ques­tões da vi­da e nos­sa re­la­ção com Deus. En­tão ire­mos pa­ra o li­vro de Jó que es­ta no ve­lho tes­ta­men­to. De acor­do com o li­vro, Jó era um ho­mem ín­te­gro, re­to, te­men­te a Deus e que se des­vi­a­va do mal. En­tre­tan­to sa­ta­nás pro­põe a Deus, ten­tar a vi­da de Jó, pa­ra que ele blas­fe­mas­se con­tra o cri­a­dor. E as­sim fei­to, Jó per­deu tu­do o que ti­nha, to­do os bois, ove­lhas, ca­me­los, ser­vos e fi­lhos. E de­pois dis­so, sa­ta­nás en­cheu Jó de úl­ce­ras ma­lig­nas em to­do o cor­po. E Jó se afli­ge com to­da aque­la si­tu­a­ção, e co­me­ça a con­ver­sar com 3 ami­gos. E ele diz a seus ami­gos, eu sou jus­to e sir­vo de zom­ba­ria, mas os ím­pi­os e os que pro­vo­cam a Deus tem des­can­so e es­tão se­gu­ros. E Jó per­gun­ta a Deus, por­que me tens por ini­mi­go? Qual pe­ca­do co­me­ti con­tra ti? E Jó se tran­stor­nou com Deus, pois Deus na­da lhe res­pon­dia. E en­quan­to con­ver­sa­va com seus ami­gos pon­de­ra­va, on­de es­ta a va­ra de Deus so­bre os ím­pi­os? Por­que eles pros­pe­ram e eu tu­do per­di? E Jó sem­pre se ques­ti­o­na­va, so­bre to­da aque­la si­tu­a­ção e re­pre­en­dia seus ami­gos que ten­ta­vam lhe con­ven­cer de al­gu­ma fal­ta. En­tre­tan­to após to­da dis­cus­são de Jó com seus ami­gos, apa­re­ce um jo­vem cha­ma­do Eliú, que tam­bém ou­via a con­ver­sa, mas na­da fa­la­va. E Eliú se irou con­tra Jó, pois Jó se jus­ti­fi­ca­va mais que a Deus. E Eliú diz a Jó, vo­cê se jus­ti­fi­ca pe­la sua obra, mas nis­so não tens ra­zão, pois Deus é mai­or que o ho­mem. Lon­ge de Deus é fa­zer o mal ou a ini­qui­da­de. En­tre­tan­to Deus é o do­no da vi­da e da mor­te. Deus de­têm to­da sa­be­do­ria. O que vo­cê faz, não al­can­ça Deus, só al­can­ça ou­tro ho­mem co­mo vo­cê. A jus­ti­ça que vo­cê pra­ti­ca não al­can­ça a Deus, ape­nas a ou­tro ho­mem co­mo vo­cê. E lo­go após Eliú fa­lar, en­tão Deus fa­lou com Jó de um re­de­mo­i­nho: Tu tens bra­ço co­mo o bra­ço de Deus? Ou po­des tro­ve­jar com voz co­mo ele o faz? Der­ru­be to­do o so­ber­bo e aba­te-o. Olhe pa­ra to­do so­ber­bo e hu­mi­lhe-o. Atro­pe­le os ím­pi­os on­de es­ti­ve­rem. On­de es­ta­va vo­cê quan­do fun­dei a ter­ra? Quan­do cri­ei to­das as coi­sas? Aca­so é sa­be­do­ria en­trar em con­ten­da com Deus? E Jó se ar­re­pen­de de su­as pa­la­vras. E Deus per­do­an­do a blas­fê­mia de Jó, lhe res­ti­tui tu­do o que ti­nha per­di­do e lhe acres­cen­ta ain­da mais coi­sas.

A his­tó­ria de Jó é in­te­res­san­te sob vá­rios as­pec­tos, pois mos­tra um pou­co da nos­sa re­la­ção com Deus. Nos­sa vi­da as ve­zes é co­mo a vi­da de Jó, mar­ca­da por so­fri­men­tos, per­das e do­res das qua­is não com­pre­en­de­mos mui­to bem. E por ve­zes, as­sim co­mo Jó, nos per­gun­ta­mos se é jus­to o que fa­zem co­nos­co. Se­rá que eu me­re­ço o que es­tão fa­zen­do co­mi­go? On­de es­tá Deus que não vem em meu au­xí­lio? Nos per­gun­ta­mos.

Ok, até aqui fi­ze­mos uma boa in­tro­du­ção. Ago­ra pre­ci­sa­mos ob­ser­var al­guns pon­tos. O pri­mei­ro pon­to é que Deus nos deu o li­bre ar­bí­trio pa­ra fa­zer o bem ou o mal e res­pon­der­mos pe­las nos­sas fal­tas. Es­se pon­to já foi bem fa­la­do nos de­mais tex­tos. O se­gun­do pon­to é o que diz o li­vro de Jó. No li­vro Jó ques­ti­o­na as ra­zões de Deus. Ten­ta se jus­ti­fi­car pe­ran­te Deus e quer en­trar em em­ba­te com ele. Mas Eliú avi­sa a Jó. Deus é in­fi­ni­ta­men­te mai­or que o ho­mem. Não é Deus que vi­ve pa­ra o ho­mem, mas o ho­mem que vi­ve pa­ra Deus. O ho­mem tem fra­que­zas e li­mi­ta­ções, o ho­mem se­quer exis­ti­ria se não fos­se pe­la von­ta­de de Deus. Lem­bro aqui a pas­sa­gem de Da­ni­el, ca­pí­tu­lo 4, quan­do Na­bu­co­do­no­sor per­de o Rei­no, per­de a ra­zão e vai pas­tar com o ga­do no cam­po du­ran­te se­te tem­pos. Pois Deus dá as coi­sas a quem ele quer.

Abro aqui ain­da uma ob­ser­va­ção que es­ta es­cri­ta no evan­ge­lho, quan­do Cris­to fa­la da pa­rá­bo­la do ser­vo que de­via 10 mil ta­len­tos (Ma­teus 18:23): O Rei­no do Céu é co­mo a his­tó­ria de um Rei que per­do­ou a dí­vi­da de um ser­vo que lhe de­via 10 mil ta­len­tos e o dei­xou par­tir, en­tão quan­do es­te ser­vo en­con­trou ou­tro con­ser­vo que lhe de­via, su­fo­cou-o e lhe dis­se: pa­gue o que me de­ves. E o con­ser­vo lhe su­pli­cou o per­dão da dí­vi­da, ele po­rém o en­cer­rou na pri­são até que pa­gas­se tu­do o que de­via. En­tão o Rei fi­cou sa­ben­do da his­tó­ria e dis­se ao pri­mei­ro ser­vo: ser­vo mal, eu per­do­ei a sua dí­vi­da e tu não per­do­ou a dí­vi­da de seu co­le­ga, en­cer­rem es­se ser­vo mal na pri­são até que pa­gue tu­do o que me de­ve.

Ao fi­nal, a con­clu­são que se che­ga do li­vro de Jó é a se­guin­te. Quem sou eu pa­ra exi­gir al­gu­ma coi­sa de Deus? Sem Deus não so­mos na­da.

É cla­ro que Deus fa­rá jus­ti­ça a seus es­co­lhi­dos. Po­rém Deus é um ju­iz que de­mo­ra pa­ra agir (Lu­cas 18:1-8).

E ve­ja, não foi só a Jó, sa­ta­nás agiu até con­tra os após­to­los (Lu­cas 22:31-32) e agiu con­tra Cris­to.

As­sim co­le­gas, é pre­ci­so sa­be­do­ria e pa­ci­ên­cia.

 

(Da­ni­el de Me­lo Cos­ta, 39 anos, ser­vi­dor pú­bli­co)

 


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