Investigação de assassinato continua
Diário da Manhã
Publicado em 15 de março de 2018 às 01:06 | Atualizado há 4 meses
O possível suspeito de estar envolvido no caso de homicídio de Yone Glória, 21 anos, Deyvid Rodrigues Gomes Chaves foi preso ontem, (14) pela Polícia Civil. Segundo a polícia, ele é o principal suspeito de matar o amigo, Alexandre Assis, que assassinou a ex-namorada na terça-feira, (13) em Trindade enquanto saía do trabalho. Alexandre foi morto uma hora depois que matou Yone, Deyvid teria ajudado o suspeito na fuga e, posteriormente, tirou a vida do amigo. O corpo foi encontrado em Abadia de Goiás, no local do crime, não foi encontrada a cápsula e que a arma de ambos os crimes ainda não foi encontrada.
Segundo o delegado Vicente Gravina, Deyvison nega ter participado do crime, disse que só deu uma carona, em um Celta prata, até o trabalho de Yone e relatou que não a conhecia. Disse ainda que não tinha conhecimento que Alexandre ia cometer um crime. Segundo ele, o amigo pediu uma carona para pegar um dinheiro. Após cometer o crime, Alexandre entrou no carro do amigo em direção à Vila Socorro, saída para Abadia de Goiás. “Deyvison alega que deixou Alexandre no local quando ouviu os disparos e constatou que ele tinha sido morto”, diz o delegado.
A polícia revelou ainda que nenhuma possibilidade será descartada e já foi apurado que Deyvid estava no momento em que Alexandre executou Yone. A perícia já adiantou que o caso não foi suicídio e que o tiro partiu de uma pessoa que estava de pé, a curta distância. A investigação de Homicídios de Trindade aguarda a liberação do laudo pericial, que está previsto para sair daqui uma semana. O suspeito permanecerá preso e à disposição do poder Judiciário.
Caso é um de muitos
Caroline Mendonça
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), os casos de feminicídio em Goiás, aumentaram 82%. Em 2016, aconteceram 17 casos, enquanto no ano passado foram registrados 31 casos em todo o Estado. Os dados são alarmantes e constituem uma amostra da violência contra a mulher que precisa ser debatida como um todo. Dessas 31 ocorrências, sete foram registradas em Goiânia e 6 em Aparecida de Goiânia. As cidades de Anápolis, Luziânia e Rio Verde tiveram três ocorrências cada. As demais ocorrências de 2017 foram registradas em Formosa, Catalão, Cidade de Goiás e Águas Lindas. Já em 2018, foram três casos de feminicídio registrados, dois em Goiânia e um em Iporá.
O feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo fato de ser mulher. É diferente dos outros tipos de homicídio, pois, geralmente, resulta de uma história de vida marcada por diversos episódios de violência verbal, física, psicológica, privações, etc. Na maioria dos casos, o agressor é o parceiro da vítima. O feminicídio pode ocorrer por um desses motivos: violência doméstica e familiar; violência sexual; mutilação ou desfiguração; emprego de tortura ou qualquer outro meio cruel ou degradante.
A Lei Maria da Penha é um instrumento muito importante para combater e prevenir a violência no âmbito doméstico e familiar, como as humilhações, xingamentos, ameaças e agressões. Contudo, a Lei Maria da Penha não trata especificamente do assassinato de mulheres. Milhares de mulheres foram mortas nas mãos de seus parceiros, índice que vem crescendo a cada ano. Por isso, é muito importante incluir o feminicídio no Código Penal.
Entre os casos de feminicídio registrados este ano em Goiás, um dos com maior repercussão foi o de Giselle Evangelista, de 39 anos. A funcionária do Tribunal de Justiça de Goiás que foi encontrada morta com uma toalha no rosto, no apartamento do namorado, na Vila Alpes, em Goiânia. O empresário José Carlos de Oliveira Júnior, 37, foi denunciado à justiça pelo Ministério Público. Oliveira é acusado de matar a namorada Giselle Evangelista Gonçalves. O homem assumiu o feminicídio, após ser preso pela Polícia Civil em Pirenópolis. A morte aconteceu em 16 de fevereiro, após os dois discutirem no apartamento de José Carlos.
PROJETO DE LEI
O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (13) um projeto de lei que acrescenta novas hipóteses para o aumento da pena do crime de feminicídio. O feminicídio é crime previsto no Código Penal com pena de reclusão de 12 a 30 anos. O projeto já havia sido aprovado pela Câmara, mas, como os senadores fizeram alterações, o texto terá de ser novamente analisado pelos deputados.
O projeto aprovado na última terça-feira inclui novas situações em que a punição para o crime será elevada de um terço até a metade se o feminicídio for praticado contra pessoa com doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental ou se for cometido na presença virtual de descendente ou de ascendente da vítima.
Segundo o relator, Eduardo Lopes (PRB-RJ), no caso de presença virtual, os pais ou os filhos da vítima não precisam estar fisicamente presentes no local do crime. “É para os casos em que o agressor filma e transmite o crime para os filhos ou pais da vítima. Uma espécie de tortura”, disse Lopes. Atualmente a pena do feminicídio é aumentada quando o crime for praticado durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto, contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência, na presença de descendente ou de ascendente da vítima. Nesses casos (já previstos na legislação), a pena do feminicídio é aumentada de um terço até a metade.
Os senadores retiraram do texto um trecho que também previa o aumento da pena do crime em caso de descumprimento de algumas das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha (como, por exemplo, afastamento do agressor do lar ou do local de convivência com a vítima e proibição ao agressor de se aproximar ou ter contato com a vítima, seus familiares e testemunhas).
Os senadores também aprovaram outro projeto relacionado ao combate à violência: uma proposta que cria o Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens. O projeto é resultado de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tratou do assassinato de jovens no país. A comissão funcionou no Senado entre 2015 e 2016.
Entre os objetivos do plano está, além da redução do número de homicídios de adolescentes, a diminuição da letalidade policial. O projeto segue para análise da Câmara dos Deputados.