A CNV e o fascínio da violência
Redação DM
Publicado em 6 de março de 2018 às 21:52 | Atualizado há 7 anos
“A violência é tão fascinante, e nossas vidas são tão normais” cantava Renato Russo em uma de suas composições (Baader-Meinhof Blues) para a Legião Urbana – e uma de minhas favoritas. Após 30 anos a afirmativa é ainda mais verdadeira! Vivemos, em nossa normose, a cultura da violência que se manifesta em todos os lugares e em todas as situações.
Na educação de nossos filhos, se eles estão tristes ou irritados, não somos capazes de escutá-los em uma entrega verdadeira para ajudá-los a se conhecerem, entenderem seus sentimentos e necessidades. Nosso foco é geralmente no que vamos dizer à eles (enquanto falam já estamos pensando na bronca, na ordem ou na lição de moral) e o mais logo possível pois temos que checar o que está “rolando” no whatsapp ou na TV.
No trabalho nos agredimos implícita ou explicitamente por palavras, olhares, fofocas, etc.
Em família não suportamos quem pense de forma diferente, ainda mais em ano eleitoral. Brigamos, ofendemos ou nos sentimos ofendidos. Nos isolamos.
São muitos os exemplos…
Há quem diga que não é violento, mas o ódio está por toda a parte e dificilmente não fazemos conexão de dentro para fora com esta energia.
Gandhi ensinou que devemos reconhecer que somos todos violentos e se não reconhecemos a violência em nós é porque somos ignorantes a seu respeito (e não que ela não exista). Pensamos que a violência é somente aquela que se manifesta ao bater, brigar, espancar ou matar. Esta é a violência “física”, mas a maior causa desta violência é a violência “passiva” – aquela de natureza mais emocional. A violência “passiva” causa a raiva e o ódio na vítima que posteriormente, em um momento de inundação, pode resultar em violência “física”. Por isso a importância da “não-violência” ensinada por Gandhi (ahimsa, em sânscrito), uma forma de afastar a violência de nossos corações e em seu lugar existir compaixão.
A Comunicação não-violenta (CNV), criada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, não é como alguns poderiam apressadamente supor, um código de boas maneiras para falarmos docilmente uns com os outros, mas uma forma de autodescobrimento, de identificar a raiva, o ódio, o que sentimos e o que os causam (nossas necessidades) e, por conseguinte, geram nossas atitudes de violência. O foco não é mais no outro, mas em mim mesmo, naquilo que me afasta da minha natureza compassiva e naquilo que me nutre de Vida. Assim seguimos a orientação do Mahatma: mude-se e o Mundo mudará.
A CNV nos dá a clareza de que nós somos os responsáveis pelos nossos sentimentos e nos dá um modelo de comunicação, pensamento e ação, para iniciarmos em nós uma cultura de paz. Se quer ver um novo mundo, comece por você, venha participar conosco da “Vivência em CNV” dias 10 e 11 de março no Espaço Cor (R. 105 D, 24 – St. Sul, Goiânia – GO). Facilitador: Fábio Santos. Informações e inscrição: (62) 9-9249-0464 (Myrella Brasil).
(Fábio Santos, facilitador de CNV e ativista da paz – fabiosan[email protected])