A mulher com seus encantos superiores
Diário da Manhã
Publicado em 6 de março de 2018 às 21:30 | Atualizado há 7 anos
O dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher pela ONU, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas. A homenagem é mais que justa, mas entendo que a maior conquista de uma mulher transcende o contexto socioeconômico para contemplá-la como ser humano.
A mulher luta para se mostrar independente, bonita, atraente, com porte elegante e gestos cultos, graciosos. E não há dúvida de que muitas o conseguem, e com facilidade. O conjunto de sua pessoa se mostra, assim, atraente, vistoso e, seguramente, exerce uma influência considerável.
Entretanto, em seu afã de embelezar-se fisicamente, muitas mulheres têm-se descuidado da beleza de sua fisionomia moral e psicológica. Muitas, sem perceberem a grande importância de que se revestem as características superiores, afligem-se com seus insucessos sociais e econômicos, se entristecem e não conseguem compreender a que obedece sua infelicidade.
De forma poética, o pensador e escritor González Pecotche ensina que “uma flor pode ser muito vistosa e até admirada num ramalhete de flores, mas, se não tem perfume, ao contemplá-la sozinha veremos que a ilusão de sua beleza se esfumará tão logo se manifeste como uma coisa inerte, incapaz de nos comunicar as delícias de sua intimidade, a fragrância de seu espírito, que tão grato se revela à alma que o aspira”.
Acrescenta que a mulher cujo espírito carece de cultivo, de ilustração, pode se tornar tão sem graça quanto a flor meramente vistosa. “Se, porém, ela se esmera em polir seus modos, se percebe que a bondade e a alegria devem ser parte inerente de sua natureza feminina, aplicando-se à tarefa de fazer desaparecer os defeitos de seu caráter ao mesmo tempo em que faz desaparecer as impurezas de seu rosto, verá que sua vida florescerá cheia de esperanças e se converterá, por seus encantos, na flor predileta do espírito”.
Portanto, o cultivo mental deve constituir para a mulher contemporânea uma necessidade tão ou maior do que a que sente ao embelezar seu corpo. A ciência logosófica, criada por Pecotche, encara o problema da mulher em sua essência, começando por interessar vivamente seu pensamento e fazendo com que a natureza feminina experimente os benefícios de um encanto superior, qual seja o da graça do espírito pelo cultivo das faculdades mentais.
Diz ele que “uma mulher discreta, gentil e culta é sempre agradável, esteja onde estiver. Os atrativos da alma costumam ser muito mais poderosos do que os do físico. Ela deve ser fina em seus modos e em sua linguagem. Todo gesto ou atitude que atente contra sua feminilidade a enfeia”.
E acrescenta que “para adquirir as belas qualidades que tanto adornam seu caráter, é necessário que a mulher se disponha a isso com especial dedicação. Aprendendo a conhecer de que modo os pensamentos atuam e influenciam a vida, buscará a companhia daqueles que elevem seu espírito e contribuam, por um lado, para dar brilho a sua figura de mulher superior no meio ambiente em que atue e, por outro, para fazer com que sua alma desfrute as inumeráveis prerrogativas que o conhecimento abre às possibilidades de viver uma vida mais ampla”.
Portanto, o cultivo mental deve constituir para a mulher uma necessidade tão intensa quanto a que sente ao embelezar sua aparência física. As mulheres assim, quando se tornam mães, são as que forjam o ideal das gerações.
(Dalmy Gama, escritor, professor, docente de Logosofia)