Um país sem ética e sem educação está fadado à desgraça
Diário da Manhã
Publicado em 5 de março de 2018 às 22:58 | Atualizado há 7 anosTinha absoluta razão aquele pai ao estrilar contra todas as autoridades no comando desta nação. Seu filho assim que se assentou na maioridade foi preso por crime de tráfico de drogas. O mais estrambólico da história é que tudo ocorreu de forma dolosa, por displicência de pai e filho, por uma atitude também fraudulenta de ambos. O pai tinha registrado o filho com 6 anos de atraso. E no cartório fora consignado com um ano mais velho. Mas, no último aniversário todos tinham certeza: o filho tinha vivido apenas 17 anos. Esqueceram que o que contava era a certidão de nascimento e RG. Dezoito anos de idade já tinham sido excedidos em meses, conforme assentado nos documentos. Não teve choro, nem argumento adiantava, o delinquente estava em cana mesmo, por comércio de 700 g de cocaína em pasta base.
Seja como for, o desassossego agora daquele pai com o filho no cárcere se revestia de sentido e fundamento. Um erro doloso de 17 anos (idade do filho) que foi o registro com um ano a mais não poderia atenuar outro ainda mais grave, tráfico de entorpecentes. Falsidade ideológica (registro errado e intencional) é menos grave do que comércio de drogas. E agora pai e filho, o que fazer ?
Por outro lado, tinha razão também o pai em culpar os governos no tocantes a falta de Educação reinante neste país. A precarização do ensino público, a falta de uma educação de qualidade, a omissão do Estado nesse quesito constitucional e de direito têm estado presentes em todo o ciclo fundamental das escolas.
Analfabetismo absoluto e funcional, formação técnica e profissional insuficiente ou deficitária, desemprego crescente, entre outras mazelas sociais têm constituído um campo fértil e formador de violência, do tráfico de drogas, de pirataria e crimes de toda ordem.
Falta mesmo educação em toda a sua abrangência. Educação é um processo complexo, uma corrente de responsabilidades, na qual o governo tem ou deveria ter participação direta. Por natureza constitucional e jurídica o Estado é o acionista majoritário no concernente aos investimentos com instituições escolares bem equipadas; seja com bibliotecas, laboratórios, imóveis seguros, refeições de qualidade para os alunos e no quesito mais importante, o professor. É justamente no professor o investimento mais produtivo.
O professor e sua importância no contexto educacional . Não só na sua digna remuneração, mas em sua contínua formação e reciclagem. A responsabilidade dos governos do município, do Estado ou da União deve ser solidária e questão insusceptível de controversa. O que resulta em ponto pacificado. Entretanto outras responsabilidades e corrente de atuação se fazem necessárias, como se discorre a seguir.
A gênese, os pontos fulcrais e basilares de toda a teia e malha da educação das crianças, dos filhos e dos jovens se dão nos lares; é da família que se começa a educação mais duradoura, continua e eficaz.
A formação ética, social, moral; mais que isto, as normais de boas relações sociais e de cidadania quem as ministra e as plasma no caráter do educando sãos os familiares, cuidadores e tutores desse indivíduo em formação. Nesse processo, o pai e a mãe, quando presentes são protagonistas decisivos. Com exceções, o substituto(a) desses dois genitores e educadores pode ter o mesmo desempenho a mesma eficácia. Como exemplos, uma avó, avô, tia, tio ou outro parente nessa missão. Assim, se torna de dedução consensual que a tarefa educacional se faz de forma hereditária, ou quase atávica. É o princípio ou teoria da pessoa como resultado do meio onde ela recebeu a sua criação e formação.
Enfim, todos os predicados e qualificações (para o bem ou para o mal) constituem uma herança que esse primeiro meio social lhe transmitiu e modelou.
A escola como instituição de ensino terá um papel paralelo também significativo, no sentido da complementação ética e tecnocientífica da criança, do filho, do educando.
No concernente específico ao Brasil, temos que há um número crescente, ou se otimista, constante de analfabetos absolutos e funcionais. Bem assim uma legião de desempregados e de trabalho informal, sem qualificação profissional. São condições reflexas da falência dos governos do partido dos trabalhadores, com os gigantescos esquemas de corrupção, programas assistencialistas eleitoreiros e baixo investimento em educação e criação de empregos.
Assim caminha o Brasil, que parece em uma marcha irrefreável para a ruina , o desastre dantes nunca visto . O fenômeno se faz no efeito dominó.
Famílias e pais dominados por ignorância e analfabetismo, seja ele absoluto ou funcional. Falta de escolas e ensino de qualidade. O que esperar de filhos, de crianças e jovens desse meio familiar e social tão precário e tão bronco e ignorante
No complemento desse dantesco quadro social temos um outro cancro que dilacera, carcome e dissemina suas metástases em todos os setores da vida brasileira, a corrupção que com suas garras dilapida e corrói o erário e a riqueza dos órgãos de governo.
Assim, tem razão o pai do jovem traficante. Quem sabe esse, como tantos outros adolescentes e jovens não seriam arrebanhados pelos tentáculos do crime se tivesse outros projetos construtivos esses País, essa Nação chamada Brasil. Mas, não. falta mesmo educação, falta formação ética e social das famílias para salvar seus filhos de tanta desgraça, do império do mal, do descaso e abandono de nossos governantes.
(João Joaquim, médico, articulista – DM facebook/ joão joaquim de oliveira www.drjoaojoaquim.blogspot.com – WhatsApp (62 )98224-8810)