Goiás recebe duas novas Universidades
Diário da Manhã
Publicado em 3 de março de 2018 às 23:44 | Atualizado há 7 anos
No dia 20 do mês passado tive o prazer, como presidente da Comissão de Educação do Senado, de submeter aos meus pares os projetos criam as Universidades Federais de Catalão e de Jataí. No dia seguinte (21), o plenário do Senado confirmou a decisão da Comissão de Educação e, agora, temos mais duas Universidades Federais. Foram contempladas duas regiões-polo do nosso Estado, qual seja o Sul Goiano e o Sudoeste. Representadas por dois pujantes municípios, Catalão e Jataí.
Catalão, a 256 Km de Goiânia, tem uma população de 102 mil pessoas. A sua microrregião tem como municípios limítrofes Ouvidor, Três Ranchos, Goiandira, Nova Aurora, Cumari, Campo Alegre, Ipameri, Araguari, Cascalho Rico, Coramandel, Guarda-Mor e Paracatu. Jataí, a 327 km de Goiânia, tem uma população de 98 mil habitantes. A sua microrregião tem como municípios limítrofes Caiapônia, Mineiros, Itarumã, Aparecida do Rio Doce, Caçu, Cachoeira Alta, Rio Verde, Serranópolis e Perolândia.
São duas pujantes regiões, que agora contarão com duas Universidades, a partir dos polos de interiorização criados pela UFG, ainda na década de 80 do século passado.
Fui relatora do projeto que cria a Universidade Federal de Catalão (UFCat) e concedi a relatoria do projeto de criação da Universidade Federal de Jataí (UFJ) ao senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), como forma de homenagear os esforços da bancada goiana no Congresso Nacional para a criação das instituições.
Uma vitória como essa não se cria do nada. Tem história e pessoas que se envolveram, enxergaram longe no tempo, sonharam e não desanimaram com a demora. Reitores, professores, pró-reitores, o Conselho Universitário da UFG, prefeitos, toda a bancada parlamentar do Estado, pessoas anônimas e, acima de tudo, a população das duas cidades, souberam sonhar, visionariamente, e lutar para que esta vitória fosse alcançada.
Na oportunidade da aprovação na Comissão de Educação, no dia 20 do mês passado, destaquei que a criação das duas universidades vai ampliar o processo de democratização do ensino superior e a merecida valorização do anterior goiano. Além disso, a UFG vai liberar energias para se concentrar nas suas unidades em Goiânia, e continuar na sua caminhada para ser uma Universidade de ponta no país.
Disse, também, que é um pleito antigo do Estado de Goiás, com mais de 30 anos de luta. 30 anos de espera. O desfecho tem que ser comemorado.
Com a criação das universidades, os cursos e os alunos serão transferidos automaticamente, assim como os cargos ocupados e todo o patrimônio das instituições. Os projetos aprovados também preveem a criação de novos cargos de docentes e técnico-administrativos. Os reitores serão nomeados pelo ministro da Educação até que as universidades sejam organizadas na forma de seus estatutos.
Toda a população de Goiás não pode esquecer que a história dos polos regionais de Catalão e Jataí nos remete à década de 80 do século passado, quando as comunidades solicitaram a presença da UFG nos seus municípios, pensando-se, na época, como uma forma de melhorar o ensino médio. Os primeiros cursos instalados foram de licenciatura, visando propiciar melhores condições de formação dos professores.
Como aluna do curso de Jornalismo da UFG na época, acompanhei a sensibilidade do Conselho Universitário, em atender os reclamos da população de Catalão e Jataí.
Professores, como o catalano Arédio Teixeira e Licínio Leal Barbosa, foram figuras que se destacaram na defesa do Plano de Interiorização da UFG. O professor Licínio, com sua atenção voltada, principalmente, para tornar possível a instalação do Curso de Direito na cidade de Goiás.
A dois reitores, principalmente, na década de 80, deve-se fazer justiça: José Cruciano de Araújo (reitor entre 1978 e 1981) e Maria do Rosário Cassemiro (reitora entre 1982 e 1985).
Cruciano liderou o Conselho Universitário da UFG em abraçar a plano de interiorização. Foi ele, com apoio do Conselho Universitário, que construiu a base para a instalação dos campi. Na época a sua pró-reitora de Extensão, a Professora Maria do Rosário Cassimiro, recebeu de Cruciano a tarefa de levar a cabo a interiorização.
Cassemiro começou a obra como pró-reitora e a terminou como reitora, que sucedeu a José Cruciano. Foi ela quem, com um cuidado maternal, levou a cabo a instalação dos campi que hoje, para alegria de todos nós, tornam possível a criação destas Universidades, que já nascem grandes. Nascem grandes, do tamanho da grandeza de um Estado de Goiás, que tem um desenvolvimento pujante no contexto do Brasil.
A bancada goiana trabalhou para que as ações políticas viabilizassem, no âmbito do Governo Federal, as duas Universidades. Não faltou uma presença real do reitor, que há pouco deixou a reitoria da UFG, Orlando Afonso Valle do Amaral (2014-2017). Igualmente presente o atual reitor da UFG, que acaba de assumir, Edward Madureira Brasil, que antecedeu o professor Orlando na reitoria e o sucedeu.
Feitos os registros históricos, cabe-me encerrar este artigo expressando toda a minha convicção de que o ensino superior é, em qualquer sociedade, um dos motores do desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, um dos pontos cruciais da formação educacional ao longo de toda a vida.
O ensino superior é, sabemos nós, o depositário e o criador do conhecimento. A importância do ensino superior na vida das pessoas se evidencia pela crescente importância do conhecimento e a valorização do chamado capital intelectual dos indivíduos, a revolução da informação e dos meios de comunicação, sedimentando a responsabilidade da solidariedade entre os povos.
A Conferência Mundial sobre Educação Superior realizada pelo UNESCO em Paris, ainda em 1998, já destacava essa importância. A Universidade constitui-se em um universo cultural, que abriga a universalidade e a multiplicidade de visões de mundo.
Na última semana, o Senado Federal também aprovou a criação da Universidade Federal de Rondonópolis, projeto relatado pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT). Como presidente da Comissão de Educação fico muito feliz em poder participar desse momento de expansão e interiorização das instituições de ensino superior no Centro-Oeste.
Meus cumprimentos às populações de Catalão e Jataí, seus gestores, seus políticos, desejando que, com as Universidades, reafirmem a vocação para o desenvolvimento econômico que venha ao encontro do bem-estar de todos.
(Lúcia Vânia é Senadora da República (PSB), Presidente da Comissão de Educação do Senado e jornalista)