Opinião: A rotatividade é essencial na política
Diário da Manhã
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 00:14 | Atualizado há 7 anos
Para o cientista político Aldo Fornazieri, a existência de mandatos contínuos dos parlamentares, ou melhor, carreiras duradouras e perpetuação no poder, propiciam um ambiente de corrupção e uma geração de políticos comprometidos com práticas delitivas e criminosas.
Embora ainda seja um tema controverso, para alguns a democracia é mais estável quando há baixa renovação. Acredito que a renovação dos mandatos legislativos seja uma aposta de melhoria frente ao quadro atual com constantes casos de corrupção, clientelismo e profissionalização da classe política. Uma comparação, embora extrema e conotativa corrobora essa defesa, pois, segundo José Maria de Eça de Queiroz, um dos mais importantes escritores portugueses da história: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.
As eleições diretas, vontade popular, são garantidoras dos denominados direitos políticos do cidadão, contidos na Constituição Federal de 1988, ou seja, a capacidade eleitoral ativa de que todos os cidadãos que atendam as condições indicadas no texto constitucional têm o direito/dever de votar e o direito de ser votado; porém, existem exemplos de mandatários que permanecem no poder apesar de exercerem mandatos sem planejamento, programas, metas, bem como administrações medíocres e sem relevantes realizações.
Diante desse cenário e de fatos que nos deixam desarmados e sem poder de reação resta-nos uma possível saída : a possibilidade de alternância no poder que é imprescindível para que novos métodos políticos e administrativos sejam utilizados, sem contar novas estratégias e métodos modernos de administração que modifiquem o status quo atual e inibem a possibilidade de reeleição ad infinitum de políticos, frequentadores de palanques com discursos eleitoreiros vazios e promessas esvaziadas de comprometimento com a nação. O voto é a melhor forma de manter ou propiciar a alternância no poder.
Mudanças não serão instantâneas, pois, é possível que sejam necessários anos, ou até décadas para que se tornem reais e notórias.
Por que então, governos bem avaliados, no Brasil, não fazem sucessores nas mesmas linhas de ação sem o risco de continuidade no poder? Ou, pelo menos propiciam um meio termo no quantitativo de políticos com reeleições sempre a vista?
Compete a sociedade brasileira, em todos os seus setores, dotados de consciência política prezar por um país sempre transparente a fim de que transformações sejam concretizadas e o bem comum e interesse público sejam sempre alcançados.
As eleições estão por vir, sendo muito importante para a democracia de nossa nação o pleno funcionamento de todos os poderes e esferas de governo. Cabe ao Congresso Nacional, representado pelos senadores e deputados federais, a supervisão dos atos do Poder Executivo Federal, bem como às Assembleias Legislativas e Distrital as atribuições de fiscalização dos atos do Poder Executivo Estadual e Distrital respectivamente; também, a escolha do Chefe do Estado Brasileiro, principal autoridade do Poder Executivo, representação máxima do povo, chefe de Estado e de Governo.
Vamos sair da letargia e partir para a ação. A sociedade brasileira é capaz de escolher melhor, precisamos ter voz, oferecer a nossa sociedade pessoas com novas ideias, novas perspectivas e comprometidas com a nação brasileira e não com suas próprias carreiras infindáveis, legislando em causa própria e blindando os interesses privados; pois, o desejo real de cada brasileiro é acertar.
Quando a sociedade entender que o desejo desenfreado pelo poder é um dos motivadores da prática de corrupção , compreenderá o que o jurista, advogado, político, diplomata, filósofo, jornalista , tradutor e orador Ruy Barbosa escreveu : “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
(Welton de Oliveira Lemos, pastor e empresário)