Detentos na manutenção dos parques
Diário da Manhã
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 00:39 | Atualizado há 4 meses
Um projeto elaborado pelo promotor de Justiça Marcelo Celestino, que busca a utilização de presos do regime semiaberto para trabalhar na manutenção de parques e jardins públicos de Goiânia, vem sendo discutido com o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gilberto Marques, com o intuito de iniciar a proposta até o próximo mês. O programa visa dar uma oportunidade de ressocialização ao preso e também a possibilidade ter uma profissão ao término do cumprimento de sua pena.
Na última quinta-feira, 15, o presidente da Amma e o promotor de Justiça estiveram no sistema industrial da Penitenciária Odenir Guimarães, localizada em Aparecida de Goiânia, com os superintendentes Willian Paulo Costa e Jonathan Marques da Silva, respectivamente das superintendências de Reintegração Social e Cidadania e de Segurança Pública para apresentar o projeto.
Segundo o presidente da Amma o projeto está sendo elogiado e será benéfico para todos os lados, tanto para a sociedade quanto para os detentos. Referente as críticas de algumas pessoas que são contra o projeto, o presidente explica que os selecionados pela penitenciária serão monitorados por equipes de segurança, caso um detento cometer algum delito voltará a cumprir pena em regime fechado e será imediatamente substituído.”Estamos buscando uma reintegração social e uma colocação profissional para os presos, preparando eles para a sociedade, a população não precisa temer”, explica.
SELEÇÃO
Segundo o promotor Marcelo Celestino, serão selecionados, inicialmente, 100 presos para atuar nos parques e jardins públicos do município. Estes que serão escolhidos pela direção do presídio com a avaliação de psicólogos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sspap), no regime semiaberto em Goiás existem 3.157 presos.
Além do trabalho dos presos nos parques, o presidente da Amma está planejando uma parceria com o setor industrial da Penitenciária Odenir Guimarães para que, na própria penitenciária, sejam produzidos uniformes para funcionários municipais, produção de mudas de árvores do Cerrado, pisos drenantes para permitir retorno da água da chuva ao lençol freático, como também blocos de concreto produzidos com resíduos de construção civil e demolição, resolvendo assim um problema ambiental grave da cidade, que equivale a 60% do chega ao aterro sanitário e muitas vezes até descartados em locais impróprios da cidade.
Um novo encontro entre o autor do projeto e o presidente da Amma ainda não tem data marcada. Mas enquanto isso, algumas ações serão realizadas como a apresentação do projeto ao prefeito de Goiânia, Iris Rezende, além de um ofício que será encaminhado à Superintendência de Reintegração Social e Cidadania e ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
ENQUETE
“É uma forma eficaz e benéfico para a população. Porém só seria eficaz mesmo se tiver infraestrutura necessária, sem estruturas, a sociedade estaria sim correndo riscos, porque os mesmos poderiam fugir, mas é uma das melhores formas de lidar com a população carcerária”
Andressa Coelho, estudante, 18 anos
“Em minha opinião a população corre risco. Estamos presenciando quadro de violência nos presídio brasileiros, e um com maior número de mortes por ano, por isso não concordo com esse projeto”.
Tertuliano Vilarindo, estudante, 20 anos
É válido, pois esses presidiários geram custo para toda a população. Nada mais justo do que eles mesmos trabalharem em contrapartida, mas para que isso ocorra, deve haver fiscalização expressiva desses detentos nos dias de trabalho, pois a primeira falha, podem escapar, fugir, e ao invés de ser positivo, vai ser mais prejuízo para a população”
Higino Ormonde, advogado, 28 anos
“No meu ponto de vista a sociedade estará correndo um sério risco, pois sabemos que não é uma segurança que assegura a sociedade”
Leydslaine Gomes, estudante, 25 anos