Centrais sindicais anunciam greve geral no dia 19
Diário da Manhã
Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 23:47 | Atualizado há 7 anos
As principais centrais sindicais brasileiras, CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), programaram uma semana de luta contra a aprovação da Reforma da Previdência. A maioria das centrais vai concentrar as atividades num momento de greve geral no dia 19 deste mês, mas haverá manifestações de processo durante toda esta semana, em que está programada a votação no Congresso Nacional que pode afetar as aposentadorias de milhões de brasileiros.
De acordo com os sindicalistas, a nova proposta do governo, que prevê aumento da idade mínima de concessão da aposentadoria para 62 anos, no caso das mulheres, e 65 anos para os homens, deve ser votada no dia 19, 20 ou 21 de fevereiro na Câmara dos Deputados, se a base aliada garantir os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional.
A mudança nas regras da aposentadoria é rejeitada por mais de 85% dos brasileiros, segundo pesquisa CUT/Vox Populi. Especialistas desmentem o governo e seus técnicos. Segundo eles, o texto continua prejudicando trabalhadores e trabalhadoras. Presidente da CUT-GO, o ex-deputado estadual Mauro Rubem salienta que o problema da Previdência não são as aposentadorias dos trabalhadores, e sim a falta de combate à sonegação, que onde bancos e multinacionais sonegam bilhões aos cofres da Previdência. “Tirar a aposentadoria do trabalhador rural, e colocar professor, policial militar e demais categorias para trabalhar até os 70 anos ou mais não vai melhorar a Previdência, vai é piorar a vida do povo e a qualidade dos serviços públicos e privados”, opina.
A proposta apresentada pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), insiste em mudar apenas nos critérios de acesso, com cortes de direitos, quando deveria abordar também a cobrança aos grandes devedores, o combate à sonegação e aperfeiçoamento na gestão dos recursos, afirma o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Segundo ele, a forma mais eficaz para equilibrar as contas da Previdência é a criação de empregos formais. “Os dados recentes divulgados pela Receita Federal dão conta que grandes empresas no Brasil devem mais de R$ 450 bilhões”, diz Clemente. “Não há nenhuma medida nesse campo. Portanto o déficit é decorrente de problemas sérios de gestão, na cobrança, e é fortemente influenciado pela crise econômica. Temos mais de 13 milhões de pessoas desempregadas que não contribuem. Se estivessem ocupadas contribuindo sobre um salário mínimo, por exemplo, já gerariam mais de R$ 30 bilhões de arrecadação para à Previdência.”
Para a presidenta da Associação de Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUFABC), Maria Carlotto, independentemente da proposta, o governo Temer não tem legitimidade para aprovar mudanças em uma legislação tão fundamental. Ela avalia que o governo não tem os votos necessários. “Independentemente do conteúdo, o que é particularmente grave é que essa reforma vai ser proposta num contexto em que o governo não tem nenhuma legitimidade. O nível de confiança da população nas instituições está baixíssimo”, afirma Maria Carlotto. (Com informações dos portais da CUT, Força Sindical e CTB).