O despertar da loucura: curiosidades desconhecidas sobre a história do carnaval
Diário da Manhã
Publicado em 13 de fevereiro de 2018 às 22:34 | Atualizado há 4 meses
A origem e o desenvolvimento do carnaval para que ele adquirisse o formato que conhecemos hoje tem vários caminhos para os pesquisadores. As famosas loucuras de carnaval, que se aproveitam do conhecido pensamento popular que diz que no carnaval tudo é permitido. Uma das explicações para toda a fama “pagã” desse feriado pode ser encontrada em estudos da Idade Média. Nesse período (que vai do ano 500 ao ano 1500 depois de Cristo), o carnaval era conhecido como “festa dos loucos”, como explica Rodrigo Passolargo em um artigo para o site Toca-CE. Segundo ele, a loucura era estratégia da própria Igreja Católica, que visava difundir o cristianismo entre povos não cristãos.
Passolargo explica que a mudança de comportamento que muitos fiéis adotavam durante o carnaval estava ligada com o retorno às origens não cristãs, permitidos apenas nesse período do ano. “existia a perda da identidade cristã nesse período, substituída pela pagã. Essa era uma forma da Igreja, em esforço, admitir certas práticas e costumes pagãos como forma de expandir o Cristianismo e ao mesmo tempo ser uma forma de evasão diante das premissas no período da Quaresma”. A retomada dos costumes também é frisada pelo autor. “Saindo para as ruas, bebendo, dançando e cantarolando, os cristãos não-convertidos, rendendo-se ao festival e seus costumes de raízes pagãs”.
É de se estranhar que práticas tradicionalmente proibidas pela Igreja tivessem espaço eu um período conhecido pelo rigor católico. Mas como explica Passolargo, tal “libertação pagã” estava ligada a uma estratégia de dominação da própria Igreja. “Era o momento que o sagrado que regia a vida das pessoas era profanado. Nesse período, vivia-se aos avessos, pois a vida religiosa e oficial era trocada pelo seu oposto: pagã e carnal. Mesmo não sendo oficial, a Igreja admitia essas práticas como forma de intensificar a cobrança com rigor religioso no período litúrgico quaresmal”. Tal festividade seria, segundo o autor, a origem do carnaval moderno.
MARCHINHAS
Mesmo que atualmente não seja muito difícil ouvir críticas aos hits que imperam no carnaval (observe o exemplo de canções como ‘Lepo Lepo’ e de artistas como Pissirico, Parangolé e Wesley Safadão, considerados aterrorizantes para os defensores da moral e da criatividade “culta”), as tradicionais marchinhas também já forma motivo de muita polêmica. Apesar de hoje soarem inocentes para a maioria dos ouvintes desavisados, tais músicas tocam em algumas feridas sociais que na primeira metade do século passado eram suficientes para arrancar olhares tortos e críticas daqueles que levam a vida com seriedade obrigatória.
Alguns exemplos, só para citar os mais conhecidos, são as marchinhas ‘Me da um dinheiro aí’ e “Mamãe eu quero”. A primeira traz como personagem central um bêbado pedinte que exige dinheiro daqueles que aproveitam a festa, caso não consiga o que quer (Não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão. Que eu vou fazer bebendo até cair. Me dá, me dá, me dá, oi! Me dá um dinheiro aí!”. ‘Mamãe eu quero’, por sua vez traz um personagem central que para ter acesso aos seios das moças se faz de bebê, ameaçando chorar. “Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero. Mamãe, eu quero mamar. Dá a chupeta, dá a chupeta. Dá a chupeta pro bebê não chorar”.
FANTASIAS
Uma das maiores atrações das farras de carnaval são as fantasias. Surgem então as máscaras e as personalidades diferentes. Depois de uma varredura através dos cantos obscuros da internet, trazemos ao leitor do DmRevista algumas imagens que materializam a criatividade sem limites do povo brasileiro. Os temas favoritos dos foliões vão do apelo sexual aos memes consagrados da internet. Nos exemplares estampados nessa página, podemos conferir a moça que foi pra rua fantasiada de página inicial do Orkut, os rapazes que decidiram transformar-se em uma caixa de palitos de dente da marca Gina e meninas que exibem o estilo ‘rolo de papel higiênico’