Prudente de Morais
Diário da Manhã
Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 21:26 | Atualizado há 7 anos
Neste momento em que o país vive uma forte escassez de grandes homens públicos, cabe aqui destacar o nome de um ex-presidente da república, nascido na cidade paulista de Itu: Prudente de Morais. Falemos um pouco dele.
Graduado pela prestigiada Faculdade de Direito de São Paulo (atual largo do São Francisco), Prudente de Morais elegeu-se o mais votado vereador na também paulista Piracicaba. Posteriormente, alçou inúmeros postos políticos, sempre, representando São Paulo: deputado Provincial, deputado na Assembleia Geral do Império, governador e senador. No governo do estado, implementou uma gestão competente e modernizadora.
Candidatou-se à presidência da república em eleições indiretas, mas foi derrotado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Sem se abalar com a derrota, esse paulista de Itu tornou-se presidente do Senado Federal. Anos mais tarde, sua consagração política aconteceu no momento em que Prudente de Morais se tornou o primeiro presidente da república eleito pelo voto direto.
O governo dele foi, antes de tudo, pacificador. Um de seus grandes feitos foi a mediação do conflito que pacificou a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul. No âmbito da política externa, Prudente de Morais enfrentou várias questões de grande complexidade.
Com a Inglaterra, o governo do ex-vereador de Piracicaba teve a habilidade diplomática de equacionar o conflito em torno de uma ilha distante 1200 quilômetros do litoral brasileiro ?Trindade. Nos tempos prudentinos, foram equacionadas, favoravelmente ao Brasil, questões de limites de fronteira com a Argentina. Vale ressaltar a atuação nesse episódio do maior nome da diplomacia brasileira ? o Barão do Rio Branco.
No âmbito da economia, o governo de Prudente de Morais negociou com os banqueiros ingleses a consolidação da nossa dívida externa.
De todos os acontecimentos ocorridos na gestão do ex-vereador de Piracicaba, o de maior significância foi, sem dúvida, o conflito ocorrido no interior da Bahia, no qual morreram milhares de brasileiros (sertanejos de um lado e militares de outro): Canudos.
O próprio Prudente de Morais quase faleceu, quando esperava junto com seu Ministro da Guerra, a chegada ao Rio de Janeiro de parte dos soldados vindos da região do conflito. Naquele momento, apareceu um fanático tentando assassinar o presidente. Quem acabou morrendo foi o Ministro da Guerra, que se colocou na frente do assassino salvando, assim, a vida do governante máximo do país.
Prudente de Morais foi um presidente que teve grande apoio da população. Diminuiu seus próprios poderes seguindo seu instinto de governar para maioria. Quanto a isso, revela-nos, em seus escritos, o professor Jorge Caldeira, em “História Da Riqueza No Brasil”, que: “suspendeu [Prudente de Morais] o estado de sítio, a censura, as intervenções nos estados, a intromissão em disputas locais — e as restrições que tolhiam os cidadãos ”.
Prudente de Morais foi um grande homem público da Velha República. Encerrou seu mandato com grande popularidade e voltou para seu berço político, Piracicaba, onde exerceu a advocacia até morrer.
Creio que quem melhor definiu o governo desse notável estadista foi o diretor do jornal Estado de São Paulo, jornalista Júlio de Mesquita: “Prudente de Morais transformou uma república de ódios numa república de progresso e justiça. Eis aí seu serviço.”.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outros livros, de A Construção de Goiás)