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Responsabilidade emocional: o medo de se relacionar

Redação DM

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 00:38 | Atualizado há 5 meses

Andando pela cidade, po­demos notar o quão ariscas as pessoas estão ficando. O clima agradável, sem intenções e, até mesmo, inocente se tornou cada vez mais raro. Conversas espontâneas surgem com me­nos frequência. O ser huma­no criou um certo medo de se relacionar uns com os outros. Mas já parou para pensar o quanto isso nos afeta?

Segundo a especialista em re­lacionamentos humanos e per­sonal friend, Renata Cruz – que já atendeu diversos casos de pesso­as que perderam a confiança nos outros – quanto mais agravan­te for o caso, maior a chance de levar ao isolamento social, cau­sando fobias, ansiedade e, até mesmo, podendo chegar a de­pressão. A maioria desses casos ocorrem devido a relacionamen­tos amorosos mal sucedidos. “Essas relações já são complica­das por si só, pois são duas pes­soas com suas diferenças, opi­niões, personalidade e – até que tudo isso se alinhe – muitas con­fusões acontecerão, causando trauma”, explica Renata.

O medo de perder a liberda­de é outro ponto a ser abordado. “O fato de ter que lidar com uma grande responsabilidade, já que relacionamentos envolvem emo­ções de ambos, afasta a possibi­lidade de compartilhar a vida a dois. No entanto, quando desisti­mos do amor e não damos uma chance, as oportunidades que podemos perder são gigantescas”, ressalta a personal friend.

Segundo uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, nos EUA, os nossos medos, trau­mas e inseguranças pode vir da barriga, quando a mãe passa qui­micamente tudo o que sente. Caso a gestação seja mais conturbada, pode alterar – até mesmo – a saú­de da criança, inclusive a persona­lidade e atitudes futuras. Mas cal­ma, isso não significa que todos estão fadados a viver esses trau­mas. “Por mais que algumas situ­ações não estejam ao nosso alcan­ce, pequenas atitudes podem fazer com que consigamos recuperar a segurança, para que possamos vi­ver em paz e sem medo de nos ma­chucar”, conta Renata Cruz.

Algumas das atitudes comen­tadas acima são: amar a si mes­mo, pois só desta forma você es­tará preparado psicologicamente para tudo; se aceite; jamais se compare a alguém do passa­do – seja do seu ou do seu (sua) parceiro (a); entenda que você é único (a). “Por mais que tenha passado por experiências negati­vas, saiba que você pode sempre se aprimorar, ficando mais es­perto para novos desafios, ao in­vés de se fechar. Permita-se a co­nhecer novas pessoas”, conclui a personal friend.

AFETO

Em artigo para a revista Tren­dr, a escritora Luana Pires fala da necessidade de se cuidar antes de querer cuidar das outras pessoas. Confira: Com tempo e terapia, fui entendendo meu papel em todas as relações cagadas que tive – que cultivei. Percebi que, por mais que tenha sofrido, nunca fui um anjo inocente nas mãos de um vilão sem escrúpulos. Atribuir ao outro total responsabilidade pelo que vivi de ruim é ignorar minha pos­sibilidade de agência, de escolha. É ignorar que, a qualquer momen­to, eu podia ter dado um basta, porque me respeitava demais pra aceitar passar por aquilo – só que não era o caso.

Não se trata de “culpar a víti­ma” em um relacionamento tal­vez abusivo, mas de questionar se existe mesmo uma vítima e um vi­lão. Acho que, na maioria das ve­zes, o que há são dois seres huma­nos tentando fazer o melhor e nem sempre conseguindo. Ok, existe a possibilidade de que eu esteja sen­do otimista ou inocente demais em acreditar que as pessoas estão mesmo majoritariamente interes­sadas em darem seu melhor. Ain­da assim, estou convicta de que é muito mais produtivo pensarmos em formas de empoderamento pessoal, de como podemos não nos meter ou não nos manter em relações que nos fazem mal, do que gastar nosso tempo cobrando uma admissão de responsabilida­de por parte do outro.


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