Opinião

A educação e a corrupção

Redação DM

Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 21:48 | Atualizado há 7 anos

Nu­ma so­ci­e­da­de cas­ti­ga­da pe­la cor­rup­ção, a es­pe­ran­ça re­si­de nos efei­tos be­né­fi­cos do em­pre­go ma­ci­ço da edu­ca­ção no pro­ces­so en­si­no-apren­di­za­gem. O pro­fes­sor, mui­to além de le­tras e nú­me­ros, trans­mi­te va­lo­res. Na es­co­la o alu­no apren­de a pen­sar. Es­sa é a sua fun­ção es­sen­cial: de­sen­vol­ver a in­te­li­gên­cia re­fle­xi­va. Ao fo­car a éti­ca é im­pos­sí­vel dis­so­ciá-la da edu­ca­ção e da qua­li­da­de das es­co­las.

A es­co­la, en­quan­to es­pa­ço fí­si­co, pre­ci­sa re­u­nir as con­di­ções ma­te­ri­ais pa­ra a im­plan­ta­ção de equi­pa­men­tos e pro­gra­mas. As no­vas tec­no­lo­gi­as, ali­a­das à prá­xis do en­si­no, apri­mo­ram e di­na­mi­zam o pro­ces­so edu­ca­cio­nal. As ino­va­ções tec­no­ló­gi­cas po­ten­ci­a­li­zam o en­si­no-apren­di­za­gem; as ins­ti­tu­i­ções de en­si­no não po­dem pres­cin­dir de­las; o do­cen­te pre­ci­sa ser es­ti­mu­la­do ao uso dos no­vos re­cur­sos.

Ao lon­go da his­tó­ria a es­co­la foi adap­tan­do-se às no­vas tec­no­lo­gi­as. Num pri­mei­ro mo­men­to a edu­ca­ção for­mal era ba­se­a­da em au­las ex­po­si­ti­vas, com o en­fo­que no dis­cur­so do pro­fes­sor. De­pois, deu-se a in­ven­ção do qua­dro-ne­gro. No iní­cio, hou­ve re­sis­tên­cia, e, ape­nas com o pas­sar dos anos foi pos­sí­vel que­brar as re­sis­tên­cias. Atu­al­men­te, te­mos di­ver­sas mí­di­as edu­ca­cio­nais. O gran­de de­sa­fio é sa­ber uti­li­zá-las de mo­do efi­ci­en­te e per­mi­tir que elas con­tri­buam com as prá­ti­cas pe­da­gó­gi­cas.

A es­co­la tem si­do pres­sio­na­da a in­te­grar a edu­ca­ção com tec­no­lo­gi­as ele­trô­ni­cas, mas nem to­dos os es­pa­ços fí­si­cos es­tão adap­ta­dos pa­ra re­ce­ber os equi­pa­men­tos e mui­tos do­cen­tes ain­da não dis­põ­em de co­nhe­ci­men­tos te­ó­ri­cos e prá­ti­cos pa­ra o uso dos no­vos re­cur­sos di­dá­ti­cos. Os am­bi­en­tes que con­se­gui­ram re­u­nir as con­di­ções ma­te­ri­ais e os re­cur­sos hu­ma­nos qua­li­fi­ca­dos têm ob­ti­do bons re­sul­ta­dos no pro­ces­so en­si­no-apren­di­za­gem.

Na Ale­ma­nha, mais de 50% dos jo­vens cur­sam es­co­las que uti­li­zam o sis­te­ma du­al: os es­tu­dan­tes fi­cam par­te do tem­po nos ban­cos es­co­la­res e, ou­tra, nos es­cri­tó­rios das em­pre­sas, com­bi­nan­do co­nhe­ci­men­to te­ó­ri­co com a prá­ti­ca em 300 pro­fis­sões. No Bra­sil, te­mos uma se­men­te do sis­te­ma du­al em fa­se ex­pe­ri­men­tal no Se­nai que, des­de 2016, mi­nis­tra cur­sos em par­ce­ria com em­pre­sas ins­ta­la­das em São Pau­lo, Mi­nas Ge­ra­is e Rio Gran­de do Sul. Os pri­mei­ros re­sul­ta­dos mos­tram avan­ços no­tá­veis na ver­sa­ti­li­da­de dos alu­nos.

A boa edu­ca­ção pre­pa­ra as pes­so­as pa­ra en­fren­tar o des­co­nhe­ci­do no dia a dia. É pre­ci­so re­co­nhe­cer o ele­va­do pa­pel so­ci­al das no­vas tec­no­lo­gi­as e ti­rar o má­xi­mo de pro­vei­to de­las. É cer­to que a Ba­se Na­ci­o­nal Co­mum Cur­ri­cu­lar (BNCC) abre uma no­va fa­se na edu­ca­ção bra­si­lei­ra. Tra­ta-se de um es­for­ço do Es­ta­do bra­si­lei­ro, pre­vis­ta na Cons­ti­tu­i­ção, na Lei de Di­re­tri­zes e Ba­ses da Edu­ca­ção Na­ci­o­nal e no Pla­no Na­ci­o­nal de Edu­ca­ção. Po­rém, pa­ra que trans­for­me a vi­da de mi­lhões de cri­an­ças e ado­les­cen­tes, é ne­ces­sá­ria a es­trei­ta co­la­bo­ra­ção de to­das as es­fe­ras de go­ver­no.

 

(Ar­nal­do Niski­er, da Aca­de­mia Bra­si­lei­ra de Le­tras, pre­si­den­te do Ciee/RJ e Dou­tor Ho­no­ris Cau­sa da Una­ma)


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