As fraudes do Inmetro
Diário da Manhã
Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 00:24 | Atualizado há 4 meses
A Polícia Federal, na madrugada de ontem, terça-feira (6), deu início à execução de 17 mandados contra fiscais do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em Goiás e empresários. De acordo com a PF, os fiscais recebiam propina dos donos de postos para omitir adulterações na venda de combustíveis em Goiânia e no Estado. O superintendente do Inmetro foi afastado após investigações apontarem seu envolvimento com o esquema.
A operação, denominada Fiel da Balança, foi deflagrada na madrugada e ocorreu na capital, Inhumas, Caturaí, Pires do Rio, Caldas Novas, e Aparecida de Goiânia. Segundo a Polícia Federal, os postos investigados ofereciam quantidade de combustível inferior à paga pelo consumidor. A PF também conta com o apoio da Polícia Civil na execução dos mandados.
Para a realização da operação, foram expedidos 17 mandados em Goiânia e em cinco cidades do Estado. André Abrão, superintendente do Inmetro, foi afastado por obstruir as investigações e, em nota, o órgão informou que os demais funcionários investigados também serão afastados. “O órgão está sempre em consonância com o trabalho da Polícia Federal, respeita as decisões da Justiça e fiscaliza fora e dentro da instituição”, conclui a nota.
Segundo a corporação, cerca de 60 policiais das duas instituições cumprem quatro mandados de prisões temporárias expedidos pela Justiça Federal, contra fiscais do instituto, além de 13 expedidos pela Justiça Estadual contra donos de postos e mecânicos de bombas de combustíveis. Os presos na operação devem ser levados para a Superintendência da Polícia Federal em Goiás, que fica no Setor Bela Vista, na região sul de Goiânia.
OBSTRUÇÃO
“Em outubro do ano passado, deflagramos uma operação para apurar fraudes na fiscalização de postos de combustíveis. Depois disso, pedimos um relatório desses estabelecimentos ao Inmetro. É o superintendente impediu que esses relatórios que comprovam as irregularidades fossem encaminhados para a Polícia Federal”, disse o delegado da PF Antônio Santos.
Além disso, segundo o delegado, o superintendente informava sobre o andamento das apurações aos suspeitos. “Ele chegou a informar a um dos fiscais do Inmetro que ele estava sendo investigado pela polícia”, disse. O presidente do Inmetro, Carlos Augusto de Azevedo, informou que o afastamento ocorreu com base em decisão judicial. “Um novo superintendente já foi nomeado e o órgão segue funcionando normalmente. Estamos combatendo a corrupção fora e dentro do Inmetro”, afirmou.
APREENSÕES
Durante a operação, a Polícia Civil cumpriu dez mandados de condução coercitiva contra donos de postos e técnicos de manutenção de bombas de combustíveis. Equipamentos utilizados para adulteração das bombas foram apreendidos.
“Na casa de um dono de postos, em Inhumas, encontramos várias placas e controles que eram utilizados para fraudar a quantidade de combustível vendido. Com ele também encontramos uma arma e ele acabou preso em flagrante por posse de arma”, explicou o delegado Webert Leonardo.
Ainda segundo o delegado, a propina paga aos fiscais variava entre R$ 300 e R$ 500. “Os fiscais do Inmetro não só não fiscalizavam os postos como também entregavam lacres para os donos deles.” Os donos de postos vão responder por crime contra as relações de consumo. Eles vão ser investigados também por corrupção ativa e passiva.