Baldy pode vir a ser o vice de Zé Eliton no Governo de Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 00:50 | Atualizado há 7 anos
Alexandre Baldy pode ser candidato a vice-governador em chapa com Zé Eliton? Pode. Nada impede. Mesmo porque o atual ministro das Cidades tem dito a muita gente que deixará o ministério, em abril, para, desincompatibilizado, disputar um mandato. Ele será, em princípio, candidato à reeleição, ou seja, a deputado federal. Por qual partido? Bem, pelas novas regras eleitorais, ele pode se filiar a uma legenda qualquer até seis meses antes das eleições. Tudo indica que estará se filiando ao PP.
Alem das qualidades pessoais de Baldy – jovem, talentoso, preparado, ficha limpíssima – seu nome joga importante papel estratégico. Baldy é de de Anápolis. Ronaldo Caiado, também. A presença de Baldy na chapa anularia em boa parte qualquer vantagem que o senador demista pudesse obter naquela cidade pelo fato de sua família ser de lá (os avós dele sim, eram de Goiás Velho, mas os pais de Ronaldo Caiado, não).
Baldy fecharia, em torno de Zé Eliton o apoio de todo o empresariado anapolino, grandes, médios e pequenos. E traria boa parte do povo, em geral, já que o eleitor anapolino tem uma velha tradição de rejeitar candidaturas abertamente direitistas. De resto, a indicação de Baldy seria uma forma de prestigiar Anápolis.
Com efeito, é quase obrigatório que candidato a vice-governador venha de Anápolis. Na velha república, quando da primeiro eleição para governador, vencida por Leopoldo Bulhões, a cidade de Anápolis se fez representr na chapa com o coronel Zeca Batista. Leopoldo, que também se elegeu senador, pois as regras eleitorais da época permitiam disputar mais de um cargo, optou pelo mandato senatorial. Mas Zeca cortinou sendo vice-governador.
VICES ANAPOLINOS
Vários outros anapolinos se elegeram vice-governador ao longo da República Velha. Depois do Estado Novo, Anápolis voltou à vice-governadoria com Jonas Duarte. Um morador de Anápolis, apesar de carioca da gema, também foi vice-governador: Bernardo Sayão. Nos tempos da Ditadura, Anápolis se fez representar pelo escritor Ursulino Leão.
Com a redemocratização, em 1982 outro anapolino se elegeu vice-governador: Onofre Quinan. Na sequência, um político de Anápolis, Henrique Santillo, elegeu-se governador do Estado. Encerrado o período irista, Anápolis figurou na chapa majoritária de Marconi Perillo na pessoa de Fernando Cunha, porém candidato ao Senado.
Em 1998, a chapa de Íris desconsiderou Anápolis. Ninguém daquela cidade ocupou a chapa liderada pelo PMDB. Isto, é claro, foi desastroso para Íris. Marconi obteve, em Anápolis, mais de 78% dos votos.
Em 2002 Anápolis esteve fora das chapas das duas principais forças eleitorais de Goiás, Mesmo assim, Marconi venceu fácil naquela cidade, com quase 79% dos votos. Em 2006, o PMDB tentou corrigiu o erro, trazendo a deputada Onaide Santillo para a vice de Maguito Villela. Foi, contudo, um erro estratégico. Onaide, mulher de Adhemar Santillo, é uma pessoa corretíssima, não havendo o que deponha contra ela. Mas Ademar, à época, era prefeito de Anápolis e chegava ao fim do mandato muito desgastado. O PMDB tinha outra opção, Frederico Jayme, que havia deixado o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Mas Frederico foi preterido e, por conta disso, deixaria o PMDB.
Em 2010, o marconismo foi à luta com Alcides Rodrigues, que era vice-governador do Estado. O médico de Santa Helena fora nomeado interventor em Anápolis. Sua gestão foi marcada pela eficiência administrativa e, na política, pelo diálogo conciliador com todos os partidos anapolinos. O resultado é que Alcides teve, em Anápolis, 80% dos votos, quebrando o recorde do próprio Marconi.
Em 2010 e em 2014, não houve políticos de Anápolis nas duas chapas hegemônicas. Marconi, porém, sempre prestigiou a cidade, seja levando para lá obras importantes ( Centro de Convenção, Aeroporto de Cargas, expansão do Daia etc), seja buscando alguém da cidade para ocupar a estratégia secretaria da Indústria e Comércio. E um desses anapolinos foi justamente Baldy.
Alexandre Baldy saiu-se muito bem como secretário de Indústria e Comércio. Deixou a pasta para candidatar-se a deputado federal, pelo PSDB, tendo recebido expressiva votação. Deputado atuante, acabou ministro de Estado. E tem se valido do cargo para facilitar a Goiás o acesso a verbas federais para obras de saneamento e congêneres.
A própria dinâmica interna do campo marconista conduz a esta solução. De resto, seria esta uma forma de prestigiar o PP – supondo que Baldy venha se filiar ao PP -, já que esta sigla sempre esteve solidamente ligada aos tucanos goianos. O próprio Zé Eliton passou pelo PP antes de desembarcar no PSDB goiano. Alcides Rodrigues foi duas vezes governador de Goiás pelo PP, e governador pelo PP com apoio do PSDB de Marconi, quando ocorreu, então, o desengate do grupo alcidista, rompido com Marconi.
Mas a indicação de Baldy pode criar um problema. O Senador Wilder de Morais, atualmente gerenciando o PP, quer ser candidato a senador. Sua capacidade eleitoral ainda está por ser testada, já que ele chegou ao Senado por força da cassação do mandato de Demóstenes Torres, de quejm Wilder era suplente.
Na chapa marconista, uma das vagas para o Senado é de Marconi. Ele tem cadeira cativa. A outra deverá ficar com Lúcia Vânia. A senadora do PSB, ex-tucana fundadora, andou se atritando com o governador Marconi Perillo e chegou a considera a hipótese de não mais disputar. Mas as arestas vêm sendo aparadas. A presença de Lúcia Vânia agrega não só a sua própria força eleitoral, que é formidável, como também a de Marcos Abrão de Vanderlan Cardoso.
Entrando Lúcia Vânia na chapa, Wilder sobra. Terá que se contentar com uma candidatura de deputado federal. E não terá nem como desengatar seu vagão da composição mar conista, já que dificilmente no campo caiadista ou peemedebista haveria, para ele, uma vaga de senador.
Mas tudo isso, claro, é especulação. São tendências indicadas pela atual correlação de forças, pela atual disposição das peças no xadrez político. Muita coisa pode acontecer. Uma delas, por exemplo, é o ex-senador Demóstenes Torres recuperar sua elegibilidade a tempo de inscrever sua candidatura